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PIRIPIRI DE ANTANHO: AS FESTAS RELIGIOSAS

Detalhes
Categoria: Almanaque de Piripiri
Publicado: Quarta, 23 Novembro 2016 22:02
Escrito por Evonaldo

Por Evonaldo Andrade

Postado pela primeira vez numa quinta-feira, 19 de junho de 2014, 02h14min.

            A História de Piripiri começa com a chegada de um padre e, com ele, o início da história da Igreja Católica em nossa cidade. A fé cristã sempre esteve presente em solo piripiriense, confundindo-se, pois, a história da igreja com a história da cidade.

            Em 1844, o Padre Domingos de Freitas e Silva, fundador de nossa cidade, levanta uma pequena capela, dedicada ao culto a Nossa Senhora do Rosário (em homenagem a seus escravos). O pequeno santuário daria origem a belas e tradicionais festas religiosas.

            Em 16 de outubro de 1853, o Padre Domingos de Freitas e Silva, para homenagear seu filho caçula, Antônio de Freitas e Silva Sampaio (mais tarde tenente), muda a denominação da Capela (de Nossa Senhora do Rosário), passando a ser chamada de Capela de Nossa Senhora dos Remédios. O motivo da mudança do nome da capelinha ocorreu em pagamento de uma promessa feita a Nossa Senhora dos Remédios e em homenagem ao pequeno Antônio de Freitas e Silva Sampaio.

            Em 1940, foi construído um novo prédio para a capela.

            O Padre Domingos de Freitas e Silva faleceu em 26 de dezembro de 1868. Mas enquanto viveu, exerceu as funções de sacerdote, mesmo no ano de seu falecimento, como se vê numa lápide em ardósia, que se encontra no Cemitério São Francisco. 

            Reprodução da inscrição tumular, conservando-se a grafia original:

            A criação da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios se deu através da Resolução n° 698, de 16 de agosto de 1870. Antes, éramos uma Freguesia pertencente à Paróquia de Nossa Senhora do Carmo, da Villa de Piracuruca.

            Obs.: Segundo o histórico da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, em 1864, vinte anos depois da criação de nossa primeira capela, Dom Frei Luís da Conceição Saraiva, Bispo de São Luís do Maranhão, cria a Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios.

            Além de sua responsabilidade social, a Igreja Católica nomeava, naquela época, os administradores de cemitérios. O Tenente-Coronel Estevam Rabello de Araújo e Silva foi um dos indicados.

            Diz o texto: “Fabriqueiro da Matriz e Administrador do Cemitério de N. S. dos Remédios. Por Provisão de D. Antonio Candido de Alvarenga, datada de 14 de outubro de 1882, foi nomeado para o cargo acima referido o Capm Estevam Rabello de Araújo e Silva. Esta provisão que se acha em poder do mesmo senhor, foi ratificada pelo Exmo. Senhor Bispo desta Diocese D. Joaquim Antonio de Alvarenga, digo d’Alvarenga. Freguesia de N. S. dos Remédios de Peripery, 30 de agosto de 1908.”

            Inicialmente, a área do Cemitério “Nossa Senhora dos Remédios” era maior que o terreno da Capela Mortuária (imóvel construído no lugar), alcançando o calçamento da Rua Olavo Bilac. Conta Maria Amélia de Sales Cruz (Dona Nena) que na pavimentação poliédrica da Rua Olavo Bilac, os trabalhadores a serviço da prefeitura, arrancavam apenas as lápides dos túmulos, calcetando os fragmentos das pedras em cima das sepulturas.

            Já o cemitério da Praça das Almas possuía uma extensão além de seu muro (lado sul), onde eram sepultados os suicidas (costume da época) numa área que cobria a Rua Avelino Rezende, alcançando também o outro lado dessa rua, na esquina da Rua Padre Domingos, onde funciona uma farmácia de manipulação.

            Vale lembrar que o Cemitério da Praça das Almas, após sua demolição, passou a ser a “Praça Marechal Deodoro”. Posteriormente, foi denominada “Praça Nélson Coelho de Rezende” (1956, admin. Joaquim Canuto de Melo); “Praça das Almas” (Admin. Jônatas Melo) e, em suas dependências, o “Parque Curumi” (1985, admin. Luiz Menezes).

            E a pequena povoação crescia e a nossa grande festa, os “Festejos de Nossa Senhora dos Remédios”, necessitava de um templo que comportasse um número cada vez maior de fiéis (A capela já havia sido aumentada em dezesseis palmos, 1875/1876).

            12 de abril de 1882, já havia a notícia da construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios. Nessa data, a Câmara pedia a “decretação de uma verba especial na importância de dois contos de réis, em benefício da obra em construção, desta Freguesia”.

            Em 1884, Quarenta anos depois da construção da primeira capela, foi entregue ao povo de Peripery a Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios. 

            Um belo templo! Piripiri estava encantada! E assim viveu por muitos anos.

            O conforto dos fiéis era uma preocupação constante do Padre Lindolpho Uchôa. Há, no livro tombo n° 2, fl. 10v°, o registro da aquisição de um gasômetro. O gasômetro é um sistema de iluminação criado por William Murdoch  e bastante utilizado no século XIX e início do século XX. A obtenção do gasômetro se deu graças à ajuda da população periperiense. Acredita-se que esse sistema de iluminação, com trinta e sete bicos de iluminamento, foi usado no interior da primeira Igreja até o aparecimento da usina, em 1931 (administração Nélson Coelho de Rezende).

            Reza o texto: “~ Gazometro ~ A 24 de dezembro do anno de mil novecentos e quatorze foi inaugurado um optimo gazometro na Matriz de Nossa Senhora dos Remedios de Peripery, contando de trinta e sete bicos. Para a aquisição do mesmo o povo prestou-se da melhor bôa vontade, pelo que aqui deixo registrado o meu eterno reconhecimento ao bom povo de Peripery”.

            Obs.: O gás passou a ser usado, em domicílios, aqui no Brasil, a partir de 1857. Até o final da década de 1850, a Companhia de Iluminação a Gás instalou, na Cidade do Rio de Janeiro, mais de quatro mil lampiões e dezenove mil bicos de gás em residências e teatros. Na década de 1860, a Companhia inaugurou mais gasômetros e iluminou com bicos de gás a Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro.

            A cidade cresceu, a igreja, de repente, ficou pequena para suportar tantos fiéis. 

            O ano de 1953 marca a chegada dos frades franciscanos em nossa cidade.

            Assim está o texto da provisão de 1° de janeiro de 1953, registrado às fls 60 e verso do Livro Tombo n° 2: “Ao 1° de janeiro de 1953, o exmo. e revdo. Snr. Bispo diocesano D. Felipe Conduru Pacheco entregou a Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios de Piripiri, nesta diocese de Parnaíba do Estado do Piauí, aos cuidados dos revds. Pes. Franciscanos da Província Saxônica de Santa Cruz da Alemanha.”

            Dom Felipe Conduru Pacheco é o autor do Hino a Nossa Senhora dos Remédios, criado exclusivamente para nossa Padroeira.

            Naquele 1° de janeiro de 1953, o Padre Raul Formiga, então vigário desta Paróquia, em missa realizada às 08h00, dá posse ao Pe. Frei Eraldo Stuke, primeiro pároco da era franciscana de nossa Paróquia.

            Lamentavelmente, a primeira igreja, que já passara por algumas reformas e modificações, mantendo sempre bela e acolhedora, começa a ser demolida em 05 de junho de 1953.

            A atual Igreja está edificada no mesmo local da primeira. Sua inauguração se deu em 13 de março de 1954, com o batizado de João Bandeira Monte Júnior.

AS FESTAS RELIGIOSAS

É da natureza de o povo piripiriense ser alegre e festeiro. As festividades religiosas sempre foram concorridas.  A “Festa das Cabacinhas” foi uma delas (artigo já postado neste Almanaque e publicado no Livro “Almanaque de Piripiri”). Os festejos maiores são os de Nossa Senhora dos Remédios, comemorados entre 06 e 16 de outubro.

Além da extinta “Festa das Cabacinhas”, existiram três festejos muito animados: a “Festa do Sagrado Coração de Jesus”, os “Festejos de São Vicente de Paulo” e os “Festejos de São Benedito”.

A FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

            Em 1896, toma posse em nossa Paróquia, o Padre Firmino Souza, substituindo o Padre Máximo Martins Ferreira, de Piracuruca.

            Residindo na Paróquia e em contato direto com os fiéis, Padre Firmino funda, em 13 de dezembro de 1900, o Apostolado da Oração, composto inicialmente por doze zeladoras. A primeira presidente foi Joana de Moraes Aguiar.

            Segundo Edivar Gomes de Araújo, advogado de memória privilegiada e pesquisador de nossa história, Joana de Moraes Aguiar veio, com sua família, de Ipu-CE e aqui se casou com Cornélio José de Melo.

            Sobre a foto acima: Padre Joaquim Nonato Gomes com as zeladoras do Apostolado da Oração. Inicialmente, os uniformes eram confeccionados em tecido preto, mas por causa do calor, as zeladoras passaram a vestir branco.

            O Apostolado da Oração é uma união de fiéis, devotos do Sagrado Coração de Jesus, comprometidos com Cristo e com os irmãos, sempre em obediência ao Pároco, ao Sr. Bispo Diocesano e ao Santo Papa e a serviço da Igreja Católica Apostólica Romana.

            As aulas de catecismo ficariam a cargo do Apostolado da Oração, conforme orientação do Padre Firmino Souza.

            Diz o texto: “Criamos aulas de catecismo para meninos e meninas, a cargo de duas zeladoras do Apostolado da Oração”.

            Uma grande conquista do Apostolado da Oração foi a aquisição do altar da antiga igreja:

            Diz o texto: “Altar Mor – Este sumptuoso monumento erigido pelo Apostolado da Oração, auxiliado pelas rendas da Matriz, foi bento solenemente no dia 30 de agosto de 1908. Freguesia de N. S. dos Remédios, 1 de setembro de 1908”.

            Cabia às zeladoras, a organização da Festa do Sagrado Coração de Jesus. Eram animadas novenas com prestigiados leilões, que aconteciam no mês de junho. Com a saída do Padre Raul Formiga e a demolição de nossa primeira igreja, os Festejos do Sagrado Coração de Jesus deixaram de existir.

            Atualmente, o Apostolado da Oração promove dois tríduos (festa eclesiástica que dura três dias) realizados nos meses de junho e dezembro. Este ano (2014), o tríduo de junho acontecerá nos dias 27, 28 e 29.

            Hoje, o Apostolado da Oração é composto por cerca de quinhentos membros, entre zeladoras e associados, residentes em nosso município e no município de Brasileira-PI.

            Além das aulas de catecismo, as zeladoras do Apostolado, em equipes, desempenham importantes funções: visita, às sextas-feiras, aos enfermos do Hospital Regional Chagas Rodrigues; acompanhar os sacerdotes em confissões aos doentes, em domicílio, na quaresma; rezar o terço nos meses de maio; ajudam na liturgia das novenas e a visita a presos (atualmente, as visitas aos presos estão suspensas).

            O diretor espiritual do Apostolado da Oração é o Frei José Alves.

 

            Ao se associar, o novo membro recebe a patente, a fita vermelha com a medalha.

            Atualmente, a presidente do Apostolado da Oração é Jovelina Maria de Menezes Pinheiro.

            Foram presidentes: Olga Brito, Raimunda Pinheiro de Resende (Yá Resende), Benedita de Aguiar Freitas (Yayá Rezende), Maria do Carmo Cavalcante, Francinete da Cruz Freitas e Outras.

            As reuniões acontecem no último domingo do mês.

            Em 07 de junho de 2014, na missa de 7° dia do falecimento de Vicença Assunção, o Apostolado da Oração prestou uma bonita homenagem a uma de suas mais aguerridas zeladoras. Dona Vicença faleceu em 1° de junho de 2014, aos 87 anos, depois de ter dedicado 71 anos de sua vida ao Apostolado.

 

FESTEJOS DE SÃO BENEDITO

            Festejos iniciados com a construção da Capela de São Benedito (a Capelinha do Morro da Saudade).

            Por ter sido construída no alto do Morro da Saudade, a Capela de São Benedito foi palco de animados festejos. A capelinha foi construída por pessoas humildes de nossa cidade. Esteve à frente do mutirão de construção, o Sr. Marciano (Maciano Félix da Silva, assim registrado).

            Não se sabe o ano de sua construção, pois esses dados não foram anotados. O que se sabe é que nos meses de setembro, a cidade comparecia em peso para prestigiar a Festa de São Benedito. O local, agradabilíssimo, de linda paisagem, ventilado, encantava os jovens, que buscavam uma diversão sadia. Os mais velhos desciam o morro com apreensão, o que não evitava que, vez por outra, levassem tombos na descida um pouco íngreme. Tudo era diversão.

                     Marciano Félix era o responsável pela Capelinha. Algumas pessoas achavam que ele era o “dono” do pequeno santuário.

            Nos meses de setembro, antes dos festejos, Marciano Félix era incansável. Funcionário do DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagens), em sua folga e nos finais de semana, saía, com amigos, cantando de porta em porta na pequena cidade de Periperi, pedindo joias; visitava a zona rural, trazendo aves, miunças, frutas etc. Sua esposa Maria Marques e suas amigas enfeitavam a capela, preparavam diversas iguarias (capões assados, roscas, doces...). Os leilões, durante muitos anos, foram “gritados” por Agenor Beatriz, um grande amigo de Marciano Félix.

            E o Cruzeiro em frente à Capela de São Benedito?

            Embora muitas pessoas acreditem que o cruzeiro foi levantado logo após a demolição da capela, o monumento foi erguido para celebrar as Santas Missões, em nossa Paróquia, no período de 02 a 30 de junho de 1960, organizadas pelos padres capuchinhos Frei Inocêncio, Frei Elísio e Frei Adalberto. 

            Diz o texto da imagem acima: “O encerramento das Santas Missões, no dia 29 de junho, com benzimento e levantamento do Santo Cruzeiro, em frente da Capela de São Benedito.”

            A Capela de São Benedito não mais existe. O cruzeiro foi restaurado em 11 de outubro de 2013.

            Sobre a foto acima: braço do antigo Cruzeiro das Santas Missões.

            Por que os Festejos de São Benedito deixaram de ser festejados?

            A principal razão foi a demolição da Capela de São Benedito. Sua demolição ocorreu entre os anos de 1964 e 1967, período em que Frei Ivo Heitkämper esteve no comando da Paróquia. Muitas pessoas apontam o ano de 1967 e citam o citado pároco como o responsável pela demolição. No local da capela, foi construído um prédio que seria a sede da Telefônica de Piripiri (artigo já postado neste Almanaque e publicado no Livro “Almanaque de Piripiri”). Hoje, o prédio é ocupado pela estatal Agespisa (Águas e esgotos do Piauí S/A).

            Boa parte do material da capela foi aproveitado na construção da Capela do Colégio das Irmãs. Antes da construção da Capela (dedicada a Nossa Senhora das Graças), o auditório (do Colégio das Irmãs) era utilizado como auditório e... “capela”.

            Mas e o santo? Com a demolição da capela, o que foi feito da imagem de São Benedito?

            Marciano Félix era vicentino e, por essa razão, a imagem de São Benedito foi doada à “Conferência de São Francisco de Assis”, da SSVP (Sociedade São Vicente de Paulo), com endereço nesta cidade, na Rua Santos Dumont, n° 19. Havia também outra imagem, a de Santa Salete, que ficou sob a guarda da Sr.ª Bárbara de Araújo Mendes (Dona Iná).

            Com a construção da Capela de São Benedito, no Bairro Estação, nesta cidade, as imagens (São Benedito e Santa Salete) foram doadas definitivamente para o novo santuário. 

            Os festejos da nova capela (construída em 1999, em regime de mutirão) são organizados pela comunidade e acontecem todos os anos, no período de 04 a 14 de novembro.

            Hoje, a Capela de São Benedito, do Bairro Estação, usa a mesma cor amarela da saudosa Capela de São Benedito, do Morro da Saudade. 

            A Capela de São Benedito (Bairro Estação) guarda, em seu interior, as imagens originais de São Benedito e Santa Salete, da antiga Capelinha do Morro da Saudade. 

            Quem foi Marciano Félix?

            Maciano Félix da Silva (assim registrado) era o responsável pela manutenção da Capela de São Benedito, no Morro da Saudade. Nascido em Peripery, no dia 15 de agosto de 1892, filho de Paulino José Pereira e Clarinda Maria da Conceição. Marciano era funcionário do DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagens) e pedreiro. Casou-se, em 31 de dezembro de 1916 (na residência do Sr. Antonino Marques de Oliveira) com Joanna Maria de Jesus, conhecida por Maria Marques. Dona Maria Marques nasceu em Peripery, em 17 de abril de 1896, filha de Marcos Pereira da Silva e Joanna Rosa de Jesus.

            Numa época em que não existiam padarias na cidade, Dona Maria Marques era doceira, confeiteira e seus bolos tinham de ser encomendados com antecedência, por causa da grande procura.

            Marciano Félix e Maria Marques não tiveram filhos, mas, segundo algumas pessoas, criaram o sobrinho Raimundo Batista.

            Quem foi Agenor Beatriz?

            Agenor Saraiva da Silva foi o principal “gritador” dos leilões de São Benedito. Nascido em Periperi, em 12 de dezembro de 1914, filho de Raimunda Saraiva da Silva. Aposentado, funcionário do 2° BEC - Batalhão de Engenharia e Construção.  Era também lavrador, engraxate (seu ponto ficava na esquina da Rua Severiano Medeiros com a Praça da Bandeira, onde hoje funciona uma pizzaria). Acompanhava o Padre Raul Formiga nas desobrigas e em outras viagens. Casou-se com Maria de Lourdes Silva (sobrinha de Marciano Félix), de cuja união nasceram os filhos: Francisco Evangelista, Raimunda, Maria Dália, Beatriz e Antônio. Agenor Beatriz faleceu em 03 de setembro de 1975, aos 63 anos de idade.

            Agenor Beatriz tinha um olho furado por uma felpa de carnaúba. O “Beatriz”, que se incorporou ao seu nome, veio de sua avó Beatriz Raimunda da Silva. 

FESTEJOS DE SÃO VICENTE DE PAULO

            Possivelmente, os festejos de São Vicente de Paulo começaram a se realizar a partir da criação das Conferências Vicentinas em Piripiri.

            Em 23 de julho de 1918, Padre Joaquim Nonato Gomes e alguns colaboradores, fundam a SSVP (Sociedade de São Vicente de Paulo) e com ela, a primeira Conferência Vicentina de Piripiri, que recebeu o nome de “São Francisco de Assis”. 

            Sua sede (prédio próprio) está localizada na Rua Santos Dumont, nº 19, centro de Piripiri-PI.

            A primeira Conferência, com o falecimento de Ademar Getirana, em 14 de agosto de 1985, ficou inativa até 30 de novembro do mesmo ano, ocasião em que Antônio José do Nascimento (à época, um dos últimos vicentinos) assumiu a presidência, interinamente.

            Dona Mariazinha Assunção (Maria da Conceição Oliveira Almeida) tornou-se vicentina em 1985. Antes, a única mulher a fazer parte da Conferência foi Anita Morais.

            A segunda Conferência é a de “São Benedito”, fundada em 04 de agosto de 1995, com sede na “Capela São João Batista”, no Bairro Paciência.

            A terceira Conferência foi a de “Nossa Senhora dos Remédios”, hoje extinta.

            A quarta Conferência é a de “São Paulo”, fundada em 27 de dezembro de 2009, com sede na Rua Aristeu Tupinambá, em prédio próprio, na antiga “Escola São Vicente de Paulo”.

            Sobre a foto acima, Alguns vicentinos e professoras da Escola São Vicente de Paulo, situada na Rua Aristeu Tupinambá. (saiba mais em “A História da Educação em Piripiri, Parte I”, neste Almanaque e no livro de mesmo nome: “Almanaque de Piripiri”).

            O “Conselho Particular de Nossa Senhora dos Remédios”, fundado em 13 de outubro de 1996, abrange as cidades de Piripiri, Piracuruca e Campo Maior, totalizando cinco conferências (a Conferência de “Nossa Senhora do Carmo”, fundada em 19/02/1933, em Piracuruca; a Conferência “Nossa Senhora das Mercês”, criada em 03/02/1991, em Campo Maior).

            Os terrenos onde foram construídas as capelas “Menino Jesus de Praga” e “Santo Expedito” foram doados pela “Conferência de São Francisco de Assis” à Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios.

            Sobre a foto acima: Vicentinos da primeira conferência: Edvan Lustosa de Sousa (tesoureiro), Mayara Brito, Noélia Maria dos Santos Rego (presidente), Rosidete dos Santos Silva, Noêmia Maria dos Santos Rego, Edson Ferreira do Rego (presidente do Conselho Particular de Nossa Senhora dos Remédios), uma convidada e Maria de Lourdes Sousa Silva (vice-presidente). A secretária Mariazinha Assunção não estava presente.

            Cabia aos vicentinos da Conferência de São Francisco de Assis organizar os Festejos de São Vicente de Paulo. Os Festejos de São Vicente de Paulo eram considerados a “Festa das Férias”, a “Festa dos Estudantes”. Isso porque se realizavam de 10 a 19 de julho, ou seja, no quente das férias escolares.

            Embora a festa fosse organizada pelos vicentinos, a cidade toda se mobilizava, ajudando com doações de joias, participando ativamente dos festejos.

            Piripiri era uma cidade pequena. Para que se entenda o contexto da época em que os festejos aconteceram, é preciso que se fale da animação presente na cidade, na véspera da festa.

            Sobre a foto acima: Maria de Lourdes, Ritinha e Antonieta (filhas de Martinho Sousa) e Genuína Andrade, irmã de Valmir Andrade (dono do comércio mais antigo da Rua Freitas Júnior, a “quitanda de seu Valmir”).

            A população periperiense, em tempos idos, aproveitava, como podia, as poucas opções de lazer, que eram, basicamente, os festejos (da Padroeira, do Sagrado Coração de Jesus, de São Vicente de Paulo, de São Benedito) e, durante o dia, os passeios pelo Açude Caldeirão, recém-construído.

            As jovens aguardavam com ansiedade os Festejos de São Vicente de Paulo! “Invadiam” as lojas de seu Aderson Ferreira, Martinho Sousa, Mércio Andrade e a de seu Chico Freitas, para comprar tecidos para a confecção dos vestidos. Seu Agenor “Pedra Branca”, Ademar Getirana e outros alfaiates eram procurados pelo público masculino.

            O comércio girava em torno da Rua do Ipu e em alguns pontos isolados. A Rua do Ipu era um pequeno trecho da atual Av. Aderson Ferreira, onde estavam localizadas as lojas de fazenda (tecidos). 

            Sobre a foto acima: Casarão que servia de loja e residência da família de seu Martinho Sousa. O casarão de seu Martinho foi usado depois como consultório do Dr. João Fortes

            Sobre a foto acima: O prédio “A” era sede da Loja de seu Mércio Andrade e o prédio “B”, de seu Martinho Sousa.

            Sobre a foto acima: A seta aponta a casa em que funcionou a loja de seu Chico Freitas. Posteriormente, o mesmo local, foi sede do “Armazém Popular”, de seu Zezinho Araújo (Zezinho Bicuíba).

            Sobre a foto acima: O prédio “A” era a loja de seu Aderson Ferreira e o prédio “B”, sua residência.

            - Os preparativos para os Festejos de São Vicente de Paulo -

            Vicente Amâncio de Assumpção era o vicentino mais empolgado e aguerrido. Determinado, organizava os vicentinos em grupos. Alguns percorriam a zona rural, outros buscavam doações na cidade.

            Para a zona rural, Vicente Amâncio direcionava Marciano Félix, outro incansável vicentino. Marciano Félix sempre retornava com cargas de frutas, galinhas e outras doações.

            À equipe da cidade competia a organização das barracas, a preparação das novenas. As barracas e a mesa do leilão ficavam num terreno da Paróquia, próximo à Igreja Matriz, onde hoje funciona um posto de combustível. O gritador dos leilões era, quase sempre, Agenor Beatriz, dono de uma garganta de ferro e um ótimo vendedor dos produtos ofertados.

            Coronel Vicente Amâncio enviava cartas (convites) a muitas famílias, pedindo o comparecimento e a oferta de joias para os leilões.

            Também era responsabilidade de seu Vicente Amâncio a contratação de bandas para animar a noite, após a novena. Tudo era deslumbrante: os balões de ar quente, a queima de fogos de artifícios (marca caramuru), a adrenalina contagiante dos jovens... 

            Sobre a foto acima: A seta branca indica o local onde se realizavam os leilões e armavam-se as barraquinhas.

            A semana anterior ao evento era de muita correria. Um senhor conhecido por Vasconcelos confeccionava balões coloridos de ar quente, que enfeitavam as noites das novenas, ignorando-se o perigo de um possível incêndio, caso algum balão caísse em uma das muitas casinhas de palha.

            Ao cair da noite, as pessoas dirigiam-se à Matriz de Nossa senhora dos Remédios. Os fiéis chegavam de diversos pontos da cidade: Bairro Betânia (região do antigo Mosquito), Bairro Avenida (Rua de Baixo), Bairro Anajás etc.

            Duas amplificadoras, localizadas na Praça da Bandeira, disputavam a atenção dos ouvintes: o “serviço de som” do udenista Antônio Assunção (instalado em sua casa), cujos reclames e avisos eram locucionados por Maurícia Vieira e a “Voz Comercial” na casa de seu Antônio do Rego, com locução de João Rodrigues (era o “som” dos pessedistas). A “fala” das amplificadoras cobria praticamente todo o perímetro da pequena cidade, levando belas canções, dançantes ritmos, lançamentos musicais de Nélson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Francisco Petrônio, que eram usados em determinadas ocasiões (despedidas, felicitações entre amigos, pequenas travessuras ou provocações inocentes) e assim essas espécies de rádio seguiam: avisando, convidando, anunciando, parabenizando, enfim, era a “voz do alto”, que se fazia escutar nos lares piripirienses.

            Essas amplificadoras não foram as mais famosas. A “voz” mais ouvida, aguardada e também temida foi a do alto-falante do Padre Raul Formiga. Instalada em uma das torres da 1ª igreja, a propagação do som ia bem mais longe, levando mensagens sociais e também as “temíveis palestras políticas” do citado padre, às 21h00, que incomodavam muita gente. E esse fonoclama fez história e escola! Locutores amadores (talvez até pagassem para “falar”). Os cativos ouvintes expectavam os belos textos do cronista Moacir Mota (gerente do Banco do Brasil). Foram também locutores: Luciano Cabral, Alvacir Raposo (também bancários do Banco do Brasil), Dr. José de Anchieta e Outros.

            Época de ouro! As festas, as viagens a pé ou em bicicletas ao Açude Caldeirão, as visitas de “autoridades”... tudo era motivo de diversão! E o povo saía às ruas, as pessoas vestiam suas melhores roupas (as domingueiras). 

            Sobre a foto acima: ciclistas em suas melhores vestes, seguidos por automóveis, num evento não identificado. Detalhe da foto: à esquerda, um ônibus da empresa “Expresso de Luxo”. Pouco mais à frente, o prédio do Cine Teatro Marajá, o muro baixo dos Correios e na esquina seguinte, o “Piripiri Hotel”, de Santilha Bandeira Monte. Mais afastado, o Convento dos Franciscanos.

- O dia da Procissão –

            Nesse dia da Procissão (19 de julho), ao meio-dia, os vicentinos organizavam um almoço para os pobres (mendigos e pessoas de baixo poder aquisitivo e/ou excluídas de uma sociedade elitista que discriminavam os ambientes: festa de 1ª, de 2ª, de 3ª...). O almoço acontecia no salão paroquial, que ficava atrás da igreja. 

            Com a demolição do salão paroquial, os almoços do dia 19 passaram a ser feitos no Colégio das Irmãs, instituição sob a direção das Irmãs de Caridade da Província Brasileira das Filhas de São Vicente de Paulo.

            Coronel Vicente Amâncio e seus amigos vicentinos eram pessoas simples, faziam questão de almoçar com as pessoas humildes, de igual para igual, pois sabiam que assim eram vistos por Deus.

            Com a renda dos leilões, os vicentinos (Conferência Vicentina de São Francisco de Assis) ajudavam as pessoas mais pobres de diversas formas, custeavam caixões para os mortos das famílias mais necessitadas, assim como também cobriam as despesas das sentinelas.

            Para evitar fraudes, o Sr. Francisco de Assis Amaral (Chico Doquinha) visitava os necessitados para certificar se a situação era real ou não.

            Alguns vicentinos: Ademar Getirana, Marciano Félix da Silva, Mariano dos Correios, Francisco de Assis Amaral (Chico Doquinha), Romualdo Veríssimo dos Santos, Antônio José do Nascimento, Mariano Sousa (Mariano dos Correios).

            Por que os Festejos de São Vicente de Paulo deixaram de ser festejados?

            Com a morte de Vicente Amâncio de Assumpção, em 1965, o Sr. Ademar Getirana ficou com a responsabilidade maior de conduzir os festejos, era então presidente da Conferência Vicentina de São Francisco de Assis.

            Um fato inusitado concorreu para o fim dos Festejos de São Vicente: o desaparecimento da imagem do santo. 

            Muitas pessoas creditam o sumiço da imagem (acima) ao Frei Ivo Heitkämper. O certo mesmo é que a imagem sumiu antes da partida do referido sacerdote (em 1967).

            Os vicentinos da Conferência de São Francisco de Assis, com o fim dos festejos de São Vicente de Paulo, passaram a organizar um tríduo (festa eclesiástica de três dias), realizado, anualmente, na sede da SSVP (Sociedade de São Vicente de Paulo), localizada na Rua Santos Dumont, nº 19, centro, nesta cidade. No terceiro dia do tríduo, há a realização de um leilão. Em 2013, o tríduo foi realizado nos dias 02, 03 e 04 de agosto.

            Quem foi Vicente Amâncio de Assumpção?

            Vicente Amâncio de Assumpção nasceu em 12 de agosto de 1877. Era filho de Antônio Amâncio de Assumpção e Anna Maria da Conceição. Casou-se com Joaquina Rosa do Espírito Santo (filha de José Sant’Anna de Oliveira e Luiza Rosa do Espírito Santo), com quem teve os seguintes filhos: Maria, Antônio, José, Luiza, Ana, Vicente, Joaquim, João Dedi, Martinho, Francisco e Eremita.

            Coronel Vicente Amâncio possuía imóveis e algumas propriedades: Lagoa do Barro, Estreito, Canabrava, Bananeira, Açude Novo, onde criava gado, plantava e recebia rendas. Foi um dos maiores produtores de cera de carnaúba; armazenava e comercializava arroz, milho, feijão, farinha, goma, frutas, tucum etc.

            Udenista convicto, Vicente Amâncio de Assumpção foi um respeitado chefe político. Conselheiro, vereador, (presidente da câmara em 1936), presidente da União dos Agricultores, do Círculo Operário e da Conferência dos Vicentinos. Fundou duas escolas com o nome de São Vicente de Paulo.

            Vicente Amâncio faleceu em 19 de dezembro de 1965, aos 88 anos de idade. 

            Uma multidão de amigos acompanhou o cortejo, num último adeus!

            Quem foi Ademar Getirana?

            Ademar Getirana nasceu em 07 de janeiro de 1918. Filho de Sebastião de Souza Pinto Getirana e Maria Feliciana de Jesus.

            No dia 29 de julho de 1945, às onze horas da manhã, na residência do Sr. Dionísio Lustoza, na Rua Presidente Vargas, nesta Cidade, o juiz João Turíbio de Monteiro Santana celebrou o casamento de Ademar Getirana e Osmina Lustosa de Moraes. Dessa união, nasceu Luiz Mário de Morais Getirana.

            Ademar Getirana era artesão, fabricava fogos de artifícios, era exímio alfaiate. Exerceu ainda as seguintes atividades: Foi subchefe na Secretaria Estadual de Fazenda, chefe do Posto Fiscal em Canto do Araçá e em Piripiri foi fiscal; comerciário na Mercearia de Eurico de Jesus Teles. Ajudou a fundar a União dos Agricultores de Piripiri e depois foi presidente; participou da fundação da União Caixeiral de Piripiri; participou como vicentino da Conferência de São Francisco de Assis da Sociedade de São Vicente de Paulo, sendo depois presidente.

            No dia 14 de agosto de 1985, às quatro horas, no Hospital Regional Chagas Rodrigues, Ademar Getirana partiu para a eternidade, aos 67 anos de idade.

Fonte de Pesquisa:

Livros: “O Padre Freitas de Piripiri” e “Piripiri”, de Judith Santana; “Ruas, Avenidas e Praças de Piripiri”, de Fabiano Melo; “Memórias de Piripiri”, de Cléa Rezende Neves de Melo; “Almanaque de Piripiri”, de Evonaldo Cerqueira de Andrade, “Professor Felismino Freitas – Educação como Missão e Vocação”, de Maria Leonília de Freitas, Francisco Antonio Freitas de Sousa e Francisco Newton Freitas; livros de nascimento, casamento e óbito (diversos).

Sites:

http://www.paroquiaremedios.com.br/;

http://www.franciscanosmapi.org.br/;

http://www.diocesedeparnaiba.org.br/; http://www.casadorio.com.br/sites/default/files/pdf/A%20ilumina%C3%A7%C3%A3o%20a%20g%C3%A1s%20se%20expande%20e%20recebe%20novos%20concess.pdf

http://www.casaruibarbosa.gov.br/geral.php?ID_S=207&ID_M=201

http://cliquepiripiri.com.br/noticias/prefeitura-conclui-reforma-do-cruzeiro-de-sao-benedito

Imagens e informações prestadas por: Antônio Pereira de Sousa (Antônio Sokim), Benedita Pereira Moreira (Dona Bitosa), Edvan Lustosa de Sousa, Edivar Gomes de Araújo, Edson Ferreira do Rego, Fabiano Melo, José Maria Viana, Jovelina Maria de Menezes Pinheiro, Luiz Mário Morais Getirana, Maria Amélia de Sales Cruz, Maria da Conceição Oliveira de Almeida, Maria Daysée Assunção Lacerda, Maria de Lourdes Sousa, Maria dos Remédios Moreira, Maria Flor da Silva Souza, Maria José de Melo, Maria José de Melo Araújo Freitas, Raimunda Saraiva da Silva, Raimundo Nonato da Silva (Raimundo Cassiano), Rita Maria da Silva Pereira e Zélia de Cruz Castro Bezerra Melo. 

 

 



O REVOLUCIONÁRIO BAURÉLIO MANGABEIRA

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Categoria: Cruviana
Publicado: Terça, 29 Agosto 2017 23:17
Escrito por getirana

Conheci alguma coisa sobre Baurélio Mangabeira quando ainda eu era um universitário da UFPI, no início dos anos 80. À época tanto em Pedro II, minha terra, quanto em Piripiri havia um grupo de estudantes que acreditava no poder da literatura, da arte.  A figura de Baurélio nos inspirou a produzir cultura, a escrever e a publicar mesmo com impressões amadoras. Não havia o computador nem a xerox pelo menso não que pudéssemos usar naquelas atividades culturais. 

Bom, volto a escrever nesse blog após um longo interregno . Grato ao amigo Evonaldo pela paciência e por acreditar que eu voltaria a escrever como um filho pródigo. Nesse meu retorno eis que apresento um texto do poeta Elmar Carvalho sobre o vivíssimo Baurélio, esse piripiriense que deve ser mais conhecido e reconhecido. Boa leitura.


Cordialmente, ERNÂNI GETIRANA (professor, escritor, poeta)

 

BAURÉLIO MANGABEIRA

Benedito Aurélio de Freitas, por alcunha Baurélio Mangabeira, nasceu às 18:00h do dia 18 de julho de 1884, na fazenda “Pau d’arco”, Município de Piripiri, filho de Aureliano de Freitas e Silva e Izabel Rosa da Silva. Era bisneto do notável padre Domingos de Freitas e Silva, o principal fundador da cidade de Piripiri.

Órfão de mãe desde o nascimento, vez que a genitora morrera no parto, e de pai desde os cinco anos de idade, foi criado sob os cuidados da tia e madrasta Carolina Rosa da Silva, tendo em vista seu pai depois de viúvo ter convolado novas núpcias com uma cunhada, como a anterior sua sobrinha, com quem teve mais três filhos. Sem pai e sem mãe, transcorreu sua meninice sem muito regramento, desde cedo correndo solto nos arredores de Piripiri, banhando em riachos, subindo em árvores, armando arapucas para apanhar aves e fazendo outras estripulias.

É quando foi aberta pelo professor Nelson Francisco de Carvalho, uma escola de primeiras letras para alfabetizar as crianças de Piripiri, que até então não existia. O menino Benedito Aurélio foi mandado imediatamente para essa escola, surpreendendo o mestre pelos rasgos de inteligência. Concluída essa etapa, aos 12 anos de idade, foi enviado pelo avô Porfírio de Freitas e Silva para a cidade de Barras, onde concluiu os estudos primários, os únicos cursados em escola regular, prosseguindo como autodidata. Completada a maioridade, muda-se para a cidade de União, “onde começou a trabalhar em misteres humildes e depois como balconista na farmácia Guerreiro, daquela cidade.

Daí passou para a farmácia do Sr. Tersandro Paz, em Floriano e Teresina. Nessa última, que então era o melhor estabelecimento no gênero, neste Estado Baurélio habilitou-se como farmacêutico prático e conseguiu juntar um pecúlio regular, com o qual começou a comprar livros. Em seguida surgiu pela imprensa publicando sonetos líricos amorosos, mas que chamavam atenção (...) pela cadência, ritmo e beleza de imaginação”.

Em toda a sua vida, foi essa a fase em que esteve mais equilibrado financeiramente. Todavia, “à proporção que ia ingressando no Parnaso e que o estro se desenvolvia calorosamente com aspectos panorâmicos de belezas transcendentais, ia o poeta afrouxando a dedicação ao trabalho quotidiano”, entediando-se até abandoná-lo completamente e entregar-se de vez à boêmia, primeiro em Parnaíba e depois em Teresina e outras localidades, consumindo todas as suas economias. Entregou-se ao vício do alcoolismo e tabagismo.

Desde então, passou a viver com dificuldades financeiras.
Na poesia iniciou-se seguindo a tendência naturalista defendida por Mauricio Le Blande e Émmile Zola. Somente depois, impressionado com a leitura das poesias satíricas de Bocage, tornou-se humorístico e causticante. Por esse tempo, publica Sonetos Piauienses(1910), panfleto de versos humorísticos e agressivos.

Nessa ocasião, lembra Alarico José da Cunha em seu discurso de posse na Academia Piauiense de Letras, principal fonte dessas notas e autor das citações entre aspas, que “um dos atingidos pelas sátiras do poeta, ameaçou-o de um surra em plena rua de Teresina. Tendo conhecimento da desagradável promessa, Baurélio dirigiu-se ao Chefe de Polícia, (...), solicitando que este providenciasse no sentido do seu agressor adiar a surra por uma semana, pelo menos, a fim de poder ele terminar um serviço que havia começado”. Felizmente, a tal promessa não se concretizou e nosso poeta pôde continuar circulando livremente pelas ruas de Teresina.

Alarico da Cunha, no mesmo discurso lembra também a engenhosa e interessante versão do poeta para o seu pseudônimo. Porque sua desditosa mãe houvera feito uma promessa para São Benedito, santo de sua predileção, mas este o abandonara à própria sorte, desprezou o nome do taumaturgo, mas em reverência à veneração da mãe conservou o B inicial e etimológico que, junto com a palavra Aurélio, parte do nome de seu pai e do grande imperador filósofo Marco Aurélio, deu em resultado a palavra vibrátil, elegante e sonora Baurélio.

E porque o sobrenome Freitas pouco lhe dizia, substituiu-o por Mangabeira, nome de uma árvore que por aqueles dias era fonte de riqueza no Piauí, produzindo magnífica borracha. Para ele, Baurélio Mangabeira, significava poder, sabedoria e riqueza – os três principais fatores do progresso e da civilização.

Jornalista andarilho, repentista e tribuno ardoroso, andava com um prelo portátil e em qualquer parte onde estivesse editava seu jornal A Jornada, periódico ambulante que manteve por vários anos, sendo ele sozinho e a um tempo, redator, revisor e tipógrafo. Redigia, compunha, executava clichês de madeira para ilustrar o jornal e, afinal, o imprimia. Modelava também em zinco e era exímio desenhista, pintor, xilógrafo e escultor. Colaborou também na revista Alvorada(1909) e nos jornais A Chaleira, O Porvir, O Norte, O Grito e O Periperi. Consagrado na literatura, em 1917 participou da fundação da Academia Piauiense de Letras, tomando assento na cadeira n.º 6.

Contraiu matrimônio, um tanto retardado, na cidade de Alto Longá, onde exerceu o cargo de juiz distrital, com a senhorita Raimunda de Oliveira Freitas, deixando desse consórcio os seguintes filhos: Francisco de Assis, José Henrique e Maria de Lourdes.

Para Alarico da Cunha, “Baurélio Mangabeira foi sempre um torturado na sua peregrinação terrena e uma vitima da indiferença do meio. Mantinha, entretanto, uma verve chistosa e humorística, com a qual disfarçava gostosamente os seus pesares ou ‘as tormentas da vida’” (CUNHA, Alarico José da. Discurso de Posse. Revista da APL n.º 17. Teresina: Imprensa Oficial, 1938).

Faleceu Baurélio Mangabeira na cidade de Teresina, em 16 de abril de 1937, com quase 53 anos de idade.
Como mostra de sua produção literária, segue o poema Revelações:

“Não julgues que, se a sorte não maldigo,/ Seja porque minha alma não sofreu/ Os travos da desgraça – agro castigo,/ Que dizem vir do Inferno ou vir do céu.// Pouco tempo meu pai viveu comigo:/ Cinco rápidos anos e morreu./ E minha mãe, com lágrimas te digo,/ Dentro de algumas horas faleceu.// Escuta lá: Nos cemitérios vastos/ Os ossos de meus pais devem estar gastos/ Pelo tempo que tudo estraga e rói...// Olha: quem nessa estrada cai,/ Sem ter mãe, minha filha, e sem ter pai,/ Há de sentir o quanto a vida dói...”.
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Texto reproduzido de: Poeta Elmar

APOIO CULTURAL: #LivrariaCRUVIANA (Rua do fórum, Pedro II)



As organizações e os indivíduos: "Missão, Visão, Valores e Cultura"

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Categoria: Geral
Publicado: Sexta, 17 Março 2017 15:13
Escrito por Demerval Galvão

 Este artigo tem como propósito trazer à tona a discussão sobre seus papeis no processo organizacional, isso requer entender sua missão seus valores e sua cultura, já que esses elementos irão compor de forma fundamental as organizações e seus destinos.

Uma organização pode ser definida de diversas formas: empresa, cooperativa, associação enfim qualquer outro tipo de grupo de pessoas organizadas, esses grupos têm uma missão fundamental, a de se relacionar com os indivíduos!

Está analise será feita através de três tópicos a "Missão" que é o elemento principal. Então vamos conceituar missão: de acordo com os estudos de Oliveira (1999, p.118) “a missão é a razão de ser da empresa. Neste ponto procura-se determinar qual negócio da empresa, por que ela existe, ou ainda em que tipos de atividades a empresa devera concentrar-se no futuro”.

Já Tachizawa e Rezende (2000, p.39) fala que a missão “define a razão de ser da organização, para que ela serve, qual a justificativa de sua existência para a sociedade, ou seja, qual a função exercida por ela”.

E Oliveira (2002, p.76) arremata a definição falando que “missão é a determinação do motivo central do planejamento estratégico, ou seja, a determinação de “onde a empresa quer ir”.

Ela será nosso ponto de partida e a partir dela iremos cruzar os demais tópicos, a missão é, nosso por que das coisas, quando descobrimos nossa missão conseguiremos entender quem somos e qual nosso papel neste grande teatro.

A missão nada mais é que o por quê fazemos, o que fazemos, e o que nossas ações irão impactar na vida das outras pessoas. Neste contexto a missão é uma linha que nos segura ao nosso propósito fundamental, funciona como nossa consciência e nos fará estar sempre conectado ao sentimento inicial.

A Visão de uma empresa é o enunciado do que ela espera em um futuro ou determinado espaço de tempo. Ao contrário da Missão que descreve o presente, o agora, a razão de a empresa existir, a Visão explicita como a empresa deve ser vista, o que deseja realizar ou aonde quer chegar. Se a Missão é permanente e não muda com o tempo, a visão pode ser alterada assim que os seus objetivos são alcançados.

Normalmente uma ou mais perguntas das elencadas a seguir devem ser respondidas pela visão: O que a empresa deseja ser? Onde deseja chegar? Como a empresa será vista? Em que ela deseja se transformar? O que precisa atingir?

Já os "Valores" atuam como uma ancora, eles são formados durante toda a nossa vida, com certeza em algum momento nossos valores foram se moldando ao tempo e a ambiente em que estamos, e com certeza alguns deles simplesmente desapareceram e reapareceram em nossa vida.

Como definição de valores, devemos nos apoiar em estudos como o de Costa (2007, p.38) “valores são características, virtudes, qualidades da organização que podem ser objeto de avaliação, como se estivessem em uma escala, com gradação entre avaliações externas”. O mesmo autor ainda enfatiza que os princípios são aqueles “pontos e tópicos dos quais a organização não está disposta a mudar, aconteça o que acontecer. [...], podem vir expresso como uma carta de princípios, um credo ou uma profissão de fé, declarando quais são as crenças básicas da organização”.

Os valores determinam até onde podemos chegar para alcançar nossa missão, ele determina o que nos é ético e o que nós não faríamos para atingi-la, está ligado a nossa moral, e definição do que é imoral pode variar de acordo com o nosso último tópico a "cultura".

Já nosso último tópico, cultura, se refere ao modelo de como as coisas são feitas e as torna uma verdade.

A cultura organizacional, na qual a empresa se encontra e de suma relevância na definição dos valores que orientam as organizações e seus membros. Logo se pode dizer que os valores são componentes essenciais para o sucesso de uma organização assim como os princípios.

A cultura está ligada as nossas crenças e a forma com que fazemos as coisa de forma empírica, assim algumas ações que aos nossos olhos parecem totalmente fora de propósito, dependendo da cultura de cada povo, pode ser totalmente comum.

Em alguns casos a cultura pode simplesmente cair em desuso ou serem mudadas ou até mesmo substituídas por outras culturas.

É na cultura da empresa, que os colaboradores compreendem a importância do propósito organizacional, como é planejado os objetivos e as metas para alcançar estes fins, além de descrever um breve histórico do empreendimento em questão.

Partindo das premissas acima, podemos identificar que todos os aspectos que relacionamos aos indivíduos também compõem as organizações, já que ela é uma reunião de pessoas, mas com uma diferença, ela é a mistura de todas as missões, os valores, e a cultura, e ela como um corpo terá que se relacionar tanto com outras organizações como também com as pessoas que a compõe.

A missão da organização deve ser entendida e assimilada por todos ou a grande maioria. Ela fará com que todos caminhem no mesmo sentido, e a incorporem em suas missões pessoais.

O valor norteará o certo e o errado, trará ao indivíduo segurança nas suas decisões e estímulos a fazer o que é certo.

A cultura moldará o indivíduo a como fazer as coisas, entender as crenças e respeitá-las lembrando que o ambiente exerce uma pressão muito forte na cultura assim se os indivíduos que pertencem ao ambiente, criado em culturas diferentes a cultura da organização poderá criar um conflito cultural.

Assim ambos deverão ajustar suas culturas para estabilizar as diferenças, criando uma nova cultura, que não será igual nem a da organização nem a do indivíduo, mas sim uma que reúna o melhor de cada um. Vamos pensar um pouco?! xn--l1a.blogspot.com = notícias de jogos de futebol.

Pesquisa e edição: Demerval Galvão – Fonte: Reginaldo Lima; Demerval Galvão; www.administradores.com.br - Imagem: Google - Postado originalmente por Demerval Galvão às quinta-feira, fevereiro 07, 2013 in http://demervalgalvao.blogspot.com.br/.



A História das Escolas de Datilografia em Piripiri

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Categoria: Almanaque de Piripiri
Publicado: Terça, 15 Novembro 2016 17:24
Escrito por Evonaldo

 

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa quarta-feira, 19 de dezembro de 2012, 23h59min.

            Com o objetivo inicial de criar um instrumento capaz de escrever cartas, o inglês Henry Mill cria, em 1714, uma máquina semelhante às de datilografia. Em 1808, o italiano Pellegrino Turri adapta, ao modelo de Henry, um teclado, nascendo assim, um dos maiores inventos do começo do Século XX.

            Aqui no Brasil, coube ao Padre Francisco João de Azevedo a invenção de uma máquina de escrever bastante simples, apresentada ao público em 1861.

            Bonitas, artigos de última tecnologia, essas máquinas reinaram com soberania quase todo o Século XX, desaparecendo aos poucos, com o advento do computador.

            Mas nem todos se renderam à praticidade dos computadores. Há, ainda, em empresas, cartórios, pequenos escritórios, profissionais competentes que não abandonaram a charmosa máquina de escrever.

            Para se manusear essas máquinas, as empresas exigiam profissionais formados em escolas de datilografia. Um certificado de datilografia, naquela época, era um requisito a mais no currículo, tornando o portador do diploma bastante valorizado no mercado de trabalho.

            A primeira escola de datilografia (que se tem notícia em Piripiri) foi a Escola de Dona Maria Hilda de Carvalho Melo, esposa do Sr. Raimundo Borges de Melo e mãe do cantor e escritor Jorge Mello. A escola começou em 1963, com os alunos Fernandez e Tarcísio (este último, filho do Sr. Valentim, ex-vereador e comerciante). O objetivo inicial era prepará-los para o concurso do Banco do Brasil. Com a aprovação desses alunos, novos pupilos apareceram, formando numerosas turmas. Dona Hilda também exercia a função de telegrafista na Agência dos Correios.

            Quase no mesmo período, começou a funcionar a “Escola de Datilografia Pratt”, cujas aulas eram ministradas pela Professora Edmer Rocha de Carvalho (esposa do Sr. Nélson Ribeiro), que ainda na década de 60, ao deixar a cidade, entregou suas turmas aos cuidados de sua cunhada Cristina Ribeiro (irmã do Sr. Gerson Ribeiro). A Escola Pratt funcionou na Rua São Francisco, atrás do FSESP e na AV. Aderson Ferreira, em frente à casa da Dona Patrocina (esposa do Sr. Domingos Freitas).

            Por volta de 1968, Expedito Ribeiro de Sousa procura o Sr. Adhemar Getirana, presidente da União dos Agricultores de Piripiri, que cede o prédio dessa entidade para funcionar a “Escola Particular Santo Expedito” – Curso Remington.

            Janeiro de 1971, Dona Jandira, esposa do Prefeito Jônatas Melo, cria a Escola de Datilografia do Serviço Social do Município de Piripiri, tendo como primeira professora Francisca das Chagas Getirana de Alencar.

            Em abril de 1972, José Josué Martins Andrade funda a “Escola de Datilografia São José”, que habilitou muitos piripirienses na arte da datilografia.

            Na década de 50, Acelino Marques de Oliveira cria a União Operária Pires Rebelo, instituição voltada exclusivamente para o público feminino, com cursos de corte, costura e bordado. Só no final de 1972 é que foi criada a Escola de Datilografia Pires Rebelo, com aulas ministradas por William Oliveira Sousa, neto de Acelino Marques. A primeira sede da "Escola de Datilografia Pires Rebelo" situava-se na esquina da Rua Avelino Resende com a Rua Padre Domingos, onde hoje funciona uma farmácia de manipulação, já em novo prédio. A segunda e última sede foi na esquina da Avenida Aderson Ferreira com a Rua Francisco Emerson, conhecida popularmente como “escolinha”, onde também funcionou uma danceteria.

            Em fevereiro de 1974, a Paróquia Nossa Senhora dos Remédios funda a Escola de Datilografia São Francisco e Francisca das Chagas Getirana de Alencar é sua primeira professora.

            A foto acima registra a formatura de uma das turmas, no Centro Paroquial, em 28/12/1975. Na foto estão presentes: a professora Chaguinha Getirana, Frei Francisco, Orlando Lustosa, Remédios Carvalho, José Maria Viana, Rosário Cruz, Jorge (irmão do Horácio), Jacinta (irmã do “Pecador”), Francisco Inácio e Outros.

Acima, o aluno José Maria Viana recebe o diploma das mãos de Helenita Assunção.

            Diploma conferido à Professora Rita Cerqueira de Andrade. Os diplomas eram preenchidos a mão pelo aluno e colaborador Assis Bastos.

            As escolas de datilografia ainda alcançaram a década de 90, mas foram esquecidas e gradativamente abandonadas com a popularização do computador.

 

→ Crédito: Informações prestadas por Francisca das Chagas Getirana de Alencar, José Josué Martins Andrade, William Oliveira Sousa, Luiz Mário de Morais Getirana e Jorge Mello. Fotos – José Maria Viana, José Josué Martins Viana, Luiz Mário Morais Getirana, foto de internet e arquivo pessoal, Informação sobre a origem da máquina de escrever: http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1quina_de_escrever