Globalização: novidade ou flashback?

 Quando falamos em Globalização, falamos, simplesmente, como se o termo fosse absoluto e singular. Nos esquecemos que existe uma multiplicidade de apreciações para este tema tão em moda.

Globalização é um universo possível de abordagens, que inclui, entre elas: econômia, geografia, política, sociologia, história e psicologia; nos dando uma ideia da complexidade e profundidade do tema. Todo tema pode ser complexo, pode ser tratado de maneira mais simples (um pecado pedagógico, mas um mal necessário), pelo menos na abordagem inicial, como uma primeira aproximação.

Mesmo partindo de uma abordagem ou modelo inicialmente simplificado, o fundamental é a manutenção de uma apreciação holística (visão ampla da coisa), do processo em estudo. Toda apreciação parcial sem este cuidado é perigosa; ter parte da verdade é o mesmo que ter parte da mentira.

Globalização não é um fenômeno descolado da História e da Sociedade a ela atrelada e, lembremos, a história possui uma lógica intrínseca que permite compreender a ontologia dos fatos e a gênese dos fenômenos.

Vivemos na Sociedade da Informação, em uma época onde a tecnologia é o “sangue” circulante nas veias, uma era introdutória da chamada “Sociedade dos Serviços” (tão preconizada hoje em dia), vivemos um momento de grande sensibilização e, dialeticamente a “Era da Tecnologia” é também a era da redescoberta do Ser Humano, a “Era do Relacionamento”.

Presenciamos um momento de continuidade, ruptura e transição, e tudo isto simultaneamente.

Para compreender melhor o fenômeno da globalização, ou melhor, para nos aproximar de uma observação mais atenta e consciente, se faz necessário compreender a lógica interna da economia. Afinal, para onde sempre se encaminharam as empresas? Para o mercado, é óbvio, a grande arena onde se estabelece o sucesso comercial.

Desta maneira a busca de soluções viáveis para a expansão do capital é premissa básica da economia capitalista. O que foi a busca do caminho das Índias, se não uma busca por alternativas mais viáveis do ponto de vista do capital em busca de lucratividade e expansão?

Se observarmos a Evolução Histórica do Marketing, migrando do enfoque centrado na produção para a desmassificação e a globalização, teremos a nítida percepção de que globalização não é um fenômeno novo, mas um “flash backatualizado, recontextualizado, “up today” da lógica do capitalismo. Demonstrando que o mercado sempre busca novos caminhos todas as vezes que se exaurem os mecanismos anteriores.

O capital sempre tende sob a forma de investimento para as áreas de menor risco relativo e maior lucratividade, contrariando, se necessário, até mesmo, particularidades logísticas e administrativas.

Se estamos redesenhando o mapa econômico do globo é porque já o havíamos desenhando anteriormente, mudam as cores, introduz-se novos artistas e obtêm-se resultados variados. Surgem novos conceitos de território, novas mecânicas de ação e persuasão.

As variáveis no mercado estão em constante mudança, e este é o nosso dia-a-dia, com a particularidade de que hoje os resultados das mudanças introduzidas viajam a velocidade digital. Pensar de maneira global, agir localmente (focar o Mercosul também vale...) mantendo uma visão holística das oportunidades e riscos, continua sendo uma receita altamente viável.

Não nos sintamos ansiosos diante do aparentemente novo: Se queres ideias novas leia livros velhos, se queres ideias velhas leia livros novos. A vida é uma reedição, a cada tiragem sempre muda o texto, mas os elementos que o compõe continuam nossos velhos conhecidos.

Observar a lei da continuidade e da causalidade nos permite sempre uma visão mais coerente dos fenômenos, suas causas e determinantes e nos permitem averiguar até que ponto tais fatores são novidade ou “flash back”!

Desenvolver a habilidade de não se deixar apanhar pelos sofismas e manter uma postura empreendedora diante das novas e emergentes possibilidades do mercado é pré-requisito para o sucesso em um mundo onde a velocidade é a linguagem, a priorização, a condição a decisão correta, a estratégia; e o capital intelectual, o melhor investimento.

Mais do que pensar global e agir localmente, é preciso também pensar local e agir globalmente, afinal dormimos em uma noite com nosso conhecido e almejado mercado local e acordamos em um dia, onde a realidade e a ficção pareceram fundir-se.

As novas tecnologias e o aprimoramento das tradicionais começam a provar que o mundo de ficção de Steven Spielberg faz sentido e que a ficção de ontem é inexoravelmente a realidade do hoje. Apesar de toda esta mudança estrutural e tecnológica, a natureza humana mantém–se constante ao longo dos séculos, atendendo ao apelo Darwiniano da constante indispensável e prioritária Lei da Adaptação, que faz ainda mais sentido no mercado do que na Biologia.

 

Pesquisa e edição: Demerval Galvão – Fonte: Carlos Hilsdorf; www.administradores.com.br – Imagem: Google – Demerval Galvão sábado, agosto 15, 2015