Saindo de cena

Depois de mais de 35 anos de labuta diária, laboro em redações de rádio, de jornal, de televisão, em sala de aula, com entes e entidades públicas, depois de tudo isso e de todo esse tempo resolvi, chegados aos 60, sair de cena. Entrei com pedido de aposentadoria junto ao órgão de origem, a Universidade Federal do Piauí. 

Estou me aposentando, mas só do dia-a-dia laboral...continuarei útil à vida e às pessoas.

Amigos, ex-alunos, colegas de trabalho dos tempo de jornalismo, muitas pessoas se manifestaram ao anunciar a decisão, a maioria em loas de parabéns e sucesso para os tempos de liberdade que me assolarão, espero. Não vou tomar os tempos de aposentado e torná-los sinônimo de inútil, mas que vou lutar pela liberdade que consegui, não tenho a menor dúvida. Liberdade que traduzo como mais tempo para a família, para os amigos, para o escrever, para o viajar, para viver. 

A aposentadoria não me assusta, me preparei e creio que todos devem assim proceder. Vou buscar bater asas sem tempestades, sem trovoadas, sem culpas e com a convicção que fui útil à vida de muitas pessoas, de uma estrutura de bem fazer, um cidadão útil à sociedade e a si mesmo.

Me desculpo de trazer para os degraus do nosso coreto assunto tão, teoricamente pessoal, mas o trago porque não sou um cidadão pessoal, sim um ente coletivo. 

Agora o tempo será meu aliado para bater muito papo no velho coreto, antes que a modernidade acabe com eles.



DOR E SOLIDARIEDADE

Oi gente que gosta de um Papo de Coreto, vamos conversar um pouco sobre essa semana que o país viveu dividido entre a dor e a solidariedade. É isso, uma conversinha breve sobre o acontecido com o avião que carregava a equipe de futebol da cidade de Chapecó e outras pessoas.

Dos meus 60 anos já vividos, cerca de 15 deles passei como repórter de televisão, rádio e jornal. Nessa década e meia cobri momento de muita dor coletiva, de emoções esparramadas em milhares de corações, mas nunca tinha visto algo similar ao que acompanhei agora após o acidente nas montanhas colombianas. E olha que, na condição de repórter da TV Verdes Mares/Globo, cobri um evento similar que foi o acidente com o avião da Vasp que se espatifou na Serra da Aratanha em 8 de junho de 1982 e levou 137 pessoas para outro plano. Também participei da cobertura da não posse, calvário e morte do Presidente Tancredo Neves já trabalhando na Rádio O POVO de Fortaleza, de várias coberturas de seca e enchentes no Nordeste e muitas outros fatos e acontecidos trágicos, mas juro que não vi nada igual ao que vejo nesses últimos dias, no tempo hoje.

Quando do acidente com o avião da Vasp eu vi e vivi uma cidade toda quietada, paralisada em expressão de dor, afinal mais cerca de dois terços dos mortos eram pessoas de Fortaleza, do Ceará e eu mesmo conhecia de perto umas duas dezenas delas. Foi um trauma que parou uma cidade, um Estado e mobilizou o país. Duro. Quando da morte de Tancredo também vi e vivi todo o drama e a incerteza que acometeu o país ... em momentos de grandes secas e vastas enchentes também a dor marcou centenas de milhares de pessoas, mas nada tão completo e surpreendente como o que todos nós vimos e acompanhamos esta semana. Um fato que abalou além fronteiras, além paixões, além conhecimentos, além relações pessoas, um fato que fez doer corações em todo o mundo.

O que o povo colombiano demostrou para nós em termos de humanidade, respeito, solidariedade para com nossos mortos, para com pessoas então anônimas para eles não tem regra para medir a dimensão. Foi dolorida e emocionalmente linda a reação daquele povo até então quase desconhecido para nós daqui. Gestos de solidariedade anônimos e coletivos nascidos de maneira tão espontânea que nos remetem a refletir sobre a nossa própria vida, nossas ações e nossa dimensão como ser humano, como brasileiros. É pelo tamanho da solidariedade que podemos avaliar o tamanho da dor e eles nos mostram que são enormes como povo, como seres humanos, como gente digna e preenchida de sentimento para com o próximo, mesmo o próximo sendo quase anônimo a cada um.

Escrevi tudo isso para dizer uma só coisa: estou orgulhoso do povo colombiano e até com uma ponta de inveja perdoável por tanta solidariedade, por tanto amor à dor.

Marcos Rezende Melo



PRA COMEÇO DE CONVERSA

Salve gente, salve Piripiri terra de gente com G.

Pra começo de conversa quero deixar registrada minha enorme satisfação em fazer parte da seleta trupe deste site tão bem batizado Piripiri Cultural. Não menos parabenizar o seu criador e mantenedor, o amigo Evonaldo Piripiriense, essa criatura doce, ágil, antenada e extremamente preocupada em manter nosso história, nossa cultura, nossos valores e nossa gente em evidência. 

Convidado fui e de cara aceitei ocupar espaço neste site e, a partir de hoje, estaremos juntos para o nosso Papo de Coreto, isso mesmo, uma conversinha de pé de ouvido no coreto de nossa Praça da Bandeira até a hora que a luz da usina der o sinal.

Aqui nós vamos conversar sobre tudo, menos os assuntos impertinentes e enjoados, vamos conversar sobre todos e rememorar boas e gostosas histórias e estórias acontecidas ou tornadas lendas em nossa Capital do Mundo. Nesse coreto muita coisa vai rolar e muitas histórias roladas serão reveladas...mas tenham calma que só as histórias contáveis, as outras ficam só na memória de quem as protagonizou.

Aos poucos vou aprendendo a mexer com essa geringonça, mas aqui dou o primeiro passo neste primeiro dia do derradeiro mês do anos da graça de dois mil e dezesseis.

Todos são convidados para este Papo de Coreto.

Sou bem vindo, sejam bem vindos.

Meu abraço de tô chegando.,

Marcos.