A LINDA HISTÓRIA DA PIRIPIRIENSE MARIA DE LOURDES SOUSA

Por Evonaldo Andrade

 

 Postado pela primeira vez numa quinta-feira, 19 de novembro de 2015, 10h22min.

           Corria o ano de 1917, a Europa vivia um de seus piores conflitos, a Primeira Guerra Mundial.

            Enquanto o mundo passava por grandes transformações, a população da pequena cidade de Piripiry vivia pacatamente, numa rotina igual a de tantas cidades nordestinas, esquecidas pelo governo e castigadas por secas ocasionais.

           E no mês de maio de 1917, ocasião em que Nossa Senhora apareceu pela primeira vez a três crianças em Fátima, Portugal, dois jovens piripirienses uniam-se em matrimônio: Martinho e Carlota Áurea.

           O enlace ocorreu na Rua Coronel Thomaz (provavelmente a atual “Rua Professor Bem”), na casa de Dona Laurentina Rosa de Oliveira. O consórcio foi realizado a portas abertas, com a presença do Capitão Domingos Coelho de Mello (juiz distrital), Coronel Thomaz Rebbelo d’Oliveira Castro, Diógenes Coelho de Rezende, Nelson Coelho de Rezende, Cassiano Coelho de Rezende, Maria de Jesus de Carvalho (Sinhá Carvalho), Lina Pires Rebello de Souza, João Coelho de Rezende e a modista Rosa Rebello (possivelmente, o vestido saiu de seu ateliê).

            E os noivos?

            Receberam-se em matrimônio Martinho José de Sousa, de 27 anos de idade, agropecuarista, residente nesta cidade, filho de José Joaquim de Souza e de Dona Emigdia Rosa de Oliveira COM  Carlota Aurea da Silva, de dezoito anos de idade, solteira, proprietária, residente no lugar Recurso, deste município, filha de Bernardo Félix da Silva e de Dona Carlota Rosa  de Cirqueira.

            Martinho possuía sortido armazém, localizado na Rua do Comércio (Rua do Ipu, hoje Avenida Aderson Ferreira), onde vendia entre outros gêneros, tecidos e cera de carnaúba. 

            Sua mercearia situava-se ao lado de outros comerciantes amigos: Mércio Andrade, Zezinho Araújo (Zezinho Bicuíba), Chico Freitas, Aderson Ferreira...

→ Sobre a imagem acima: Moderno prédio, ao lado do antigo "Armazém de Seu Mércio Andrade". Antes de o prédio ser construído, o Armazém de Seu Martinho ainda seria usado como consultório do Dr. João Fortes.

            Martinho José de Sousa e Carlota Áurea de Sousa tiveram nove filhos: Maria do Carmo, José, Maria Madalena, Lauro, Rita, Otávio, Antonieta, Maria de Lourdes e Edgard. 

 Homem público, Martinho José de Sousa foi vereador, substituindo o Prefeito Licínio de Brito Mello, no curto período de 20 de outubro a 3 de dezembro de 1937.

            Mulher religiosa, membro do Apostolado da Oração, Carlota Áurea ensinou aos filhos os preceitos da Igreja Católica.

            Homem público, Martinho José de Sousa foi vereador, substituindo o Prefeito Licínio de Brito Mello, no curto período de 20 de outubro a 3 de dezembro de 1937.

            Mulher religiosa, membro do Apostolado da Oração, Carlota Áurea ensinou aos filhos os preceitos da Igreja Católica.

→ Sobre a foto acima: 1 – Carlota; 2 – Isabelinha; 3 – Calu; 4 - Mercedes; 5 – Iaiá Rebelo; 6 – Celina; 7 – Iaiá Rezende; 8 – Emília; 9 –Alix; 10 –Rebelinho; 11 – Carlota Áurea; 12 – Cândida; 13 – Maricas; 14 – Marica; 15 – Carola; 16 – Isabelinha; 17 – Dondom; 18 – Elisa Bem; 19 – Sinhá Carvalho; 20 – Lili Freitas; 21 – Padre Joaquim Nonato Gomes; 22 – Tinoca; 23 –Cota Sampaio; 24 – (Dona Carolina, a Bubu). 

            E foi nesse lar, cercada de pessoas honradas, que nasceu Maria de Lourdes, em 19 de novembro de 1929.

            Maria de Lourdes Sousa e seus irmãos foram educados para uma vida cristã, voltada para a caridade e amor ao próximo.

→ Sobre a foto acima: Procissão dos Festejos de São Vicente de Paulo (19 de julho), onde se vê Edgar Sousa (filho de Martinho e Carlota Áurea).

            Maria de Lourdes cresceu, criou amizades, divertiu-se como toda jovem de sua época... mas em seu coração queimava um amor diferente, um amor fraterno. Seu amor a Deus e a crescente vontade de ensinar, criar oportunidades, levar dignidade a pessoas carentes clamava forte em sua alma. 

→ Sobre a imagem acima: Maria de Lourdes Sousa (seta).

O CAMINHO DA VIDA DE MARIA DE LOURDES SOUSA

 Em 1935, Maria de Lourdes entrava em contato com as primeiras letras, iniciando o primário no Grupo Escolar Padre Freitas;

            Em 1945, sua formação secundária se iniciava no Colégio da Imaculada Conceição, Fortaleza-CE;

→ Sobre a foto acima: 1948, quando concluiu o curso secundário no Colégio da Imaculada Conceição, em Fortaleza-CE.

            Em 1952, a Professora Maria de Lourdes Sousa ensinava a ler e a escrever, propagando também os fundamentais preceitos morais e os bons costumes a seus amados alunos no Grupo Escolar Cassiana Rocha;

            Em 1953, a catequista e membro do Apostolado da Oração, Maria de Lourdes, dirigia o Grupo Escolar Padre Freitas;

→ Sobre as fotos acima: Alunos do Grupo Escolar Padre Freitas.

            Em 1955, A piripiriense Maria de Lourdes Sousa ingressava como religiosa na Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus, em Crato-CE, com o nome de Irmã Rosalina, em homenagem a uma abnegada santa francesa, que em vida foi muito caridosa;

→ Sobre a imagem acima: Retrato de Maria de Lourdes Sousa, a Irmã Rosalina.

            Em 1957, Irmã Rosalina lecionava no Colégio de Santa Luzia, em Santa Luzia – PB;

            Em 1959, Irmã Rosalina funda o Clube Agrícola “Dom Vicente de Araújo Matos”, em Crato-CE, onde foi professora;

→ Sobre as imagens acima: Irmã Rosalina (seta).

            Em 1962, Irmã Rosalina ministra aulas de “Artes e Economia Doméstica” na Casa Pia de São Vicente de Paulo, em Sertãozinho-SP;  

→ Sobre a foto acima: Irmã Rosalina (seta) e suas alunas.

            Em 1963, por seus esforços, Irmã Rosalina consegue a doação do terreno  que seria a futura sede do "Instituto Teresa D'Ávila" . A aguerrida piripiriense ainda escolheria o nome: “Teresa D’Ávila”.

→ Sobre a imagem acima: Dia em que ganharam o terreno. Irmã Rosalina (seta).

→ Sobre a foto acima: Irmã Rosalina (seta).

            Em 1965, Irmã Rosalina cria o Clube Agrícola de Água Vermelha, em Sertãozinho-SP; 

→ Sobre a imagem: Uma das muitas atividades do Clube Agrícola de Água Vermelha.

            Em 1966, Irmã Rosalina participa ativamente na construção do Instituto Tereza D’Ávila, onde também passou a funcionar a sede do Clube Agrícola de Água Vermelha, em Sertãozinho – SP – 1966;

→ Sobre a foto acima: Irmã Rosalina (Maria de Lourdes Sousa), Governador Ademar de Barros, Irmã Teresinha (receberam donativos para a construção: uma caminhonete, a madeira...)

→ Sobre a imagem acima: Irmã Rosalina (seta).

            Em 1965, Irmã Rosalina leciona no Clube das Mães em Sertãozinho – SP;

            Em 1969, é inaugurado o “Instituto Teresa D’Ávila”, grande conquista de Irmã Rosalina.

→ Sobre a imagem acima: Inauguração do instituto Teresa D'Ávila, em 1969.

            Em 1968, participa na construção do Ginásio “Padre Cícero”, em Juazeiro do Norte-CE, sendo diretora da escola. Nessa mesma época também foi Superiora do Orfanato “Jesus, Maria José”, em Juazeiro do Norte;

→ Sobre a imagem acima: Orfanato “Jesus Maria José”, em Juazeiro do Norte – CE, fundado por Padre Cícero em 1916. 

            Em 1970, foi Diretora da Creche “Stella Scatena Simioni”, em Sertãozinho – SP; 

            Em 1972, foi Supervisora Creche “Nossa Senhora Aparecida”, em Franca-SP;

            Em 1973, Irmã Rosalina, consciente de seu dever cumprido e saudosa do convívio com seus familiares, volta a ser Maria de Lourdes Sousa.

            Ainda em 1973, foi Instrutora de Economia Doméstica do SESI (Serviço Social da Indústria), em Brasília-DF;

            Em 1977, foi Professora do SESI, em Taguatinga-DF;

→ Sobre a imagem acima: Maria de Lourdes Sousa e seus alunos em Taguatinga-DF.

            Em 1979, leciona “História do Brasil”, “Religião” e “Práticas Integradas para o Lar”  em Ceilândia – DF; 

→ Sobre a imagem acima: alunas da Professora Maria de Lourdes Sousa, em Ceilândia-DF.

→ Sobre a imagem acima: Maria de Lourdes Sousa, em encontro sobre Educação Familiar, em Belo Horizonte (seta).

            Em janeiro de 1986, já aposentada, Maria de Lourdes Sousa volta a residir em Piripiri, ao lado de seus familiares.

→ Sobre a imagem acima: Maria de Lourdes Sousa (seta branca) e Irmã Timbó (seta preta).

            Hoje, Maria de Lourdes Sousa fala com saudade de seus familiares, de seu irmão Edgar (os outros irmãos já estão em companhia de Nosso Senhor Jesus Cristo). Sua rotina é simples, sem grandes ambições, e seu semblante, constantemente feliz, deve-se a uma vida plena de realizações, por ter dado amor e esperança a pessoas carentes, sem esperar agradecimentos ou recompensas.

            Maria de Lourdes Sousa é linda, simpática, meiga, carismática... ela é, com certeza, uma das filhas prediletas de Deus.

Fonte de Pesquisa:

Livros: Livro n° 03 (casamentos), termo n° 10, fls 17v°/18; Almanaque de Piripiri, de Evonaldo Cerqueira de Andrade; “Ruas, Avenidas e Praças de Piripiri”, de Fabiano Melo; “Memórias de Piripiri”, de Cléa Rezende Neves de Melo;

Sites: http://escolaanabrito.blogspot.com.br/2012_11_01_archive.html;

http://www.cliquepiripiri.com.br/noticias/piripiri-de-antanho-as-festas-religiosas; 

http://www.camarasertaozinho.sp.gov.br/arquivo.php;

http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/07-%20HISTORIA%20DAS%20INSTITUICOES%20E%20PRATICAS%20EDUCATIVAS/DUCACAO%20NA%20CONGREGACAO%20DAS%20FILHAS%20DE%20SANTA%20TERESA.pdf;

http://www.devotosdefatima.org.br/aparicoes2.html

http://www.sohistoria.com.br/ef2/primeiraguerra/

http://www.jusbrasil.com.br/diarios/3325602/pg-1057-secao-1-diario-oficial-da-uniao-dou-de-16-12-1974/pdfView (Diário Oficial da União (DOU) • 16/12/1974 • Seção 1 • Pg. 1057 • PDF)

Imagens e informações prestadas por: Maria de Lourdes Sousa, Maria Daysée Assunção Lacerda, Ivanilde Rezende, acervo de Evonaldo Cerqueira de Andrade.

 

 

 



PIRIPIRI DE ANTANHO: AS FESTAS RELIGIOSAS

Por Evonaldo Andrade

Postado pela primeira vez numa quinta-feira, 19 de junho de 2014, 02h14min.

            A História de Piripiri começa com a chegada de um padre e, com ele, o início da história da Igreja Católica em nossa cidade. A fé cristã sempre esteve presente em solo piripiriense, confundindo-se, pois, a história da igreja com a história da cidade.

            Em 1844, o Padre Domingos de Freitas e Silva, fundador de nossa cidade, levanta uma pequena capela, dedicada ao culto a Nossa Senhora do Rosário (em homenagem a seus escravos). O pequeno santuário daria origem a belas e tradicionais festas religiosas.

            Em 16 de outubro de 1853, o Padre Domingos de Freitas e Silva, para homenagear seu filho caçula, Antônio de Freitas e Silva Sampaio (mais tarde tenente), muda a denominação da Capela (de Nossa Senhora do Rosário), passando a ser chamada de Capela de Nossa Senhora dos Remédios. O motivo da mudança do nome da capelinha ocorreu em pagamento de uma promessa feita a Nossa Senhora dos Remédios e em homenagem ao pequeno Antônio de Freitas e Silva Sampaio.

            Em 1940, foi construído um novo prédio para a capela.

            O Padre Domingos de Freitas e Silva faleceu em 26 de dezembro de 1868. Mas enquanto viveu, exerceu as funções de sacerdote, mesmo no ano de seu falecimento, como se vê numa lápide em ardósia, que se encontra no Cemitério São Francisco. 

            Reprodução da inscrição tumular, conservando-se a grafia original:

            A criação da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios se deu através da Resolução n° 698, de 16 de agosto de 1870. Antes, éramos uma Freguesia pertencente à Paróquia de Nossa Senhora do Carmo, da Villa de Piracuruca.

            Obs.: Segundo o histórico da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, em 1864, vinte anos depois da criação de nossa primeira capela, Dom Frei Luís da Conceição Saraiva, Bispo de São Luís do Maranhão, cria a Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios.

            Além de sua responsabilidade social, a Igreja Católica nomeava, naquela época, os administradores de cemitérios. O Tenente-Coronel Estevam Rabello de Araújo e Silva foi um dos indicados.

            Diz o texto: “Fabriqueiro da Matriz e Administrador do Cemitério de N. S. dos Remédios. Por Provisão de D. Antonio Candido de Alvarenga, datada de 14 de outubro de 1882, foi nomeado para o cargo acima referido o Capm Estevam Rabello de Araújo e Silva. Esta provisão que se acha em poder do mesmo senhor, foi ratificada pelo Exmo. Senhor Bispo desta Diocese D. Joaquim Antonio de Alvarenga, digo d’Alvarenga. Freguesia de N. S. dos Remédios de Peripery, 30 de agosto de 1908.”

            Inicialmente, a área do Cemitério “Nossa Senhora dos Remédios” era maior que o terreno da Capela Mortuária (imóvel construído no lugar), alcançando o calçamento da Rua Olavo Bilac. Conta Maria Amélia de Sales Cruz (Dona Nena) que na pavimentação poliédrica da Rua Olavo Bilac, os trabalhadores a serviço da prefeitura, arrancavam apenas as lápides dos túmulos, calcetando os fragmentos das pedras em cima das sepulturas.

            Já o cemitério da Praça das Almas possuía uma extensão além de seu muro (lado sul), onde eram sepultados os suicidas (costume da época) numa área que cobria a Rua Avelino Rezende, alcançando também o outro lado dessa rua, na esquina da Rua Padre Domingos, onde funciona uma farmácia de manipulação.

            Vale lembrar que o Cemitério da Praça das Almas, após sua demolição, passou a ser a “Praça Marechal Deodoro”. Posteriormente, foi denominada “Praça Nélson Coelho de Rezende” (1956, admin. Joaquim Canuto de Melo); “Praça das Almas” (Admin. Jônatas Melo) e, em suas dependências, o “Parque Curumi” (1985, admin. Luiz Menezes).

            E a pequena povoação crescia e a nossa grande festa, os “Festejos de Nossa Senhora dos Remédios”, necessitava de um templo que comportasse um número cada vez maior de fiéis (A capela já havia sido aumentada em dezesseis palmos, 1875/1876).

            12 de abril de 1882, já havia a notícia da construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios. Nessa data, a Câmara pedia a “decretação de uma verba especial na importância de dois contos de réis, em benefício da obra em construção, desta Freguesia”.

            Em 1884, Quarenta anos depois da construção da primeira capela, foi entregue ao povo de Peripery a Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios. 

            Um belo templo! Piripiri estava encantada! E assim viveu por muitos anos.

            O conforto dos fiéis era uma preocupação constante do Padre Lindolpho Uchôa. Há, no livro tombo n° 2, fl. 10v°, o registro da aquisição de um gasômetro. O gasômetro é um sistema de iluminação criado por William Murdoch  e bastante utilizado no século XIX e início do século XX. A obtenção do gasômetro se deu graças à ajuda da população periperiense. Acredita-se que esse sistema de iluminação, com trinta e sete bicos de iluminamento, foi usado no interior da primeira Igreja até o aparecimento da usina, em 1931 (administração Nélson Coelho de Rezende).

            Reza o texto: “~ Gazometro ~ A 24 de dezembro do anno de mil novecentos e quatorze foi inaugurado um optimo gazometro na Matriz de Nossa Senhora dos Remedios de Peripery, contando de trinta e sete bicos. Para a aquisição do mesmo o povo prestou-se da melhor bôa vontade, pelo que aqui deixo registrado o meu eterno reconhecimento ao bom povo de Peripery”.

            Obs.: O gás passou a ser usado, em domicílios, aqui no Brasil, a partir de 1857. Até o final da década de 1850, a Companhia de Iluminação a Gás instalou, na Cidade do Rio de Janeiro, mais de quatro mil lampiões e dezenove mil bicos de gás em residências e teatros. Na década de 1860, a Companhia inaugurou mais gasômetros e iluminou com bicos de gás a Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro.

            A cidade cresceu, a igreja, de repente, ficou pequena para suportar tantos fiéis. 

            O ano de 1953 marca a chegada dos frades franciscanos em nossa cidade.

            Assim está o texto da provisão de 1° de janeiro de 1953, registrado às fls 60 e verso do Livro Tombo n° 2: “Ao 1° de janeiro de 1953, o exmo. e revdo. Snr. Bispo diocesano D. Felipe Conduru Pacheco entregou a Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios de Piripiri, nesta diocese de Parnaíba do Estado do Piauí, aos cuidados dos revds. Pes. Franciscanos da Província Saxônica de Santa Cruz da Alemanha.”

            Dom Felipe Conduru Pacheco é o autor do Hino a Nossa Senhora dos Remédios, criado exclusivamente para nossa Padroeira.

            Naquele 1° de janeiro de 1953, o Padre Raul Formiga, então vigário desta Paróquia, em missa realizada às 08h00, dá posse ao Pe. Frei Eraldo Stuke, primeiro pároco da era franciscana de nossa Paróquia.

            Lamentavelmente, a primeira igreja, que já passara por algumas reformas e modificações, mantendo sempre bela e acolhedora, começa a ser demolida em 05 de junho de 1953.

            A atual Igreja está edificada no mesmo local da primeira. Sua inauguração se deu em 13 de março de 1954, com o batizado de João Bandeira Monte Júnior.

AS FESTAS RELIGIOSAS

É da natureza de o povo piripiriense ser alegre e festeiro. As festividades religiosas sempre foram concorridas.  A “Festa das Cabacinhas” foi uma delas (artigo já postado neste Almanaque e publicado no Livro “Almanaque de Piripiri”). Os festejos maiores são os de Nossa Senhora dos Remédios, comemorados entre 06 e 16 de outubro.

Além da extinta “Festa das Cabacinhas”, existiram três festejos muito animados: a “Festa do Sagrado Coração de Jesus”, os “Festejos de São Vicente de Paulo” e os “Festejos de São Benedito”.

A FESTA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

            Em 1896, toma posse em nossa Paróquia, o Padre Firmino Souza, substituindo o Padre Máximo Martins Ferreira, de Piracuruca.

            Residindo na Paróquia e em contato direto com os fiéis, Padre Firmino funda, em 13 de dezembro de 1900, o Apostolado da Oração, composto inicialmente por doze zeladoras. A primeira presidente foi Joana de Moraes Aguiar.

            Segundo Edivar Gomes de Araújo, advogado de memória privilegiada e pesquisador de nossa história, Joana de Moraes Aguiar veio, com sua família, de Ipu-CE e aqui se casou com Cornélio José de Melo.

            Sobre a foto acima: Padre Joaquim Nonato Gomes com as zeladoras do Apostolado da Oração. Inicialmente, os uniformes eram confeccionados em tecido preto, mas por causa do calor, as zeladoras passaram a vestir branco.

            O Apostolado da Oração é uma união de fiéis, devotos do Sagrado Coração de Jesus, comprometidos com Cristo e com os irmãos, sempre em obediência ao Pároco, ao Sr. Bispo Diocesano e ao Santo Papa e a serviço da Igreja Católica Apostólica Romana.

            As aulas de catecismo ficariam a cargo do Apostolado da Oração, conforme orientação do Padre Firmino Souza.

            Diz o texto: “Criamos aulas de catecismo para meninos e meninas, a cargo de duas zeladoras do Apostolado da Oração”.

            Uma grande conquista do Apostolado da Oração foi a aquisição do altar da antiga igreja:

            Diz o texto: “Altar Mor – Este sumptuoso monumento erigido pelo Apostolado da Oração, auxiliado pelas rendas da Matriz, foi bento solenemente no dia 30 de agosto de 1908. Freguesia de N. S. dos Remédios, 1 de setembro de 1908”.

            Cabia às zeladoras, a organização da Festa do Sagrado Coração de Jesus. Eram animadas novenas com prestigiados leilões, que aconteciam no mês de junho. Com a saída do Padre Raul Formiga e a demolição de nossa primeira igreja, os Festejos do Sagrado Coração de Jesus deixaram de existir.

            Atualmente, o Apostolado da Oração promove dois tríduos (festa eclesiástica que dura três dias) realizados nos meses de junho e dezembro. Este ano (2014), o tríduo de junho acontecerá nos dias 27, 28 e 29.

            Hoje, o Apostolado da Oração é composto por cerca de quinhentos membros, entre zeladoras e associados, residentes em nosso município e no município de Brasileira-PI.

            Além das aulas de catecismo, as zeladoras do Apostolado, em equipes, desempenham importantes funções: visita, às sextas-feiras, aos enfermos do Hospital Regional Chagas Rodrigues; acompanhar os sacerdotes em confissões aos doentes, em domicílio, na quaresma; rezar o terço nos meses de maio; ajudam na liturgia das novenas e a visita a presos (atualmente, as visitas aos presos estão suspensas).

            O diretor espiritual do Apostolado da Oração é o Frei José Alves.

 

            Ao se associar, o novo membro recebe a patente, a fita vermelha com a medalha.

            Atualmente, a presidente do Apostolado da Oração é Jovelina Maria de Menezes Pinheiro.

            Foram presidentes: Olga Brito, Raimunda Pinheiro de Resende (Yá Resende), Benedita de Aguiar Freitas (Yayá Rezende), Maria do Carmo Cavalcante, Francinete da Cruz Freitas e Outras.

            As reuniões acontecem no último domingo do mês.

            Em 07 de junho de 2014, na missa de 7° dia do falecimento de Vicença Assunção, o Apostolado da Oração prestou uma bonita homenagem a uma de suas mais aguerridas zeladoras. Dona Vicença faleceu em 1° de junho de 2014, aos 87 anos, depois de ter dedicado 71 anos de sua vida ao Apostolado.

 

FESTEJOS DE SÃO BENEDITO

            Festejos iniciados com a construção da Capela de São Benedito (a Capelinha do Morro da Saudade).

            Por ter sido construída no alto do Morro da Saudade, a Capela de São Benedito foi palco de animados festejos. A capelinha foi construída por pessoas humildes de nossa cidade. Esteve à frente do mutirão de construção, o Sr. Marciano (Maciano Félix da Silva, assim registrado).

            Não se sabe o ano de sua construção, pois esses dados não foram anotados. O que se sabe é que nos meses de setembro, a cidade comparecia em peso para prestigiar a Festa de São Benedito. O local, agradabilíssimo, de linda paisagem, ventilado, encantava os jovens, que buscavam uma diversão sadia. Os mais velhos desciam o morro com apreensão, o que não evitava que, vez por outra, levassem tombos na descida um pouco íngreme. Tudo era diversão.

                     Marciano Félix era o responsável pela Capelinha. Algumas pessoas achavam que ele era o “dono” do pequeno santuário.

            Nos meses de setembro, antes dos festejos, Marciano Félix era incansável. Funcionário do DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagens), em sua folga e nos finais de semana, saía, com amigos, cantando de porta em porta na pequena cidade de Periperi, pedindo joias; visitava a zona rural, trazendo aves, miunças, frutas etc. Sua esposa Maria Marques e suas amigas enfeitavam a capela, preparavam diversas iguarias (capões assados, roscas, doces...). Os leilões, durante muitos anos, foram “gritados” por Agenor Beatriz, um grande amigo de Marciano Félix.

            E o Cruzeiro em frente à Capela de São Benedito?

            Embora muitas pessoas acreditem que o cruzeiro foi levantado logo após a demolição da capela, o monumento foi erguido para celebrar as Santas Missões, em nossa Paróquia, no período de 02 a 30 de junho de 1960, organizadas pelos padres capuchinhos Frei Inocêncio, Frei Elísio e Frei Adalberto. 

            Diz o texto da imagem acima: “O encerramento das Santas Missões, no dia 29 de junho, com benzimento e levantamento do Santo Cruzeiro, em frente da Capela de São Benedito.”

            A Capela de São Benedito não mais existe. O cruzeiro foi restaurado em 11 de outubro de 2013.

            Sobre a foto acima: braço do antigo Cruzeiro das Santas Missões.

            Por que os Festejos de São Benedito deixaram de ser festejados?

            A principal razão foi a demolição da Capela de São Benedito. Sua demolição ocorreu entre os anos de 1964 e 1967, período em que Frei Ivo Heitkämper esteve no comando da Paróquia. Muitas pessoas apontam o ano de 1967 e citam o citado pároco como o responsável pela demolição. No local da capela, foi construído um prédio que seria a sede da Telefônica de Piripiri (artigo já postado neste Almanaque e publicado no Livro “Almanaque de Piripiri”). Hoje, o prédio é ocupado pela estatal Agespisa (Águas e esgotos do Piauí S/A).

            Boa parte do material da capela foi aproveitado na construção da Capela do Colégio das Irmãs. Antes da construção da Capela (dedicada a Nossa Senhora das Graças), o auditório (do Colégio das Irmãs) era utilizado como auditório e... “capela”.

            Mas e o santo? Com a demolição da capela, o que foi feito da imagem de São Benedito?

            Marciano Félix era vicentino e, por essa razão, a imagem de São Benedito foi doada à “Conferência de São Francisco de Assis”, da SSVP (Sociedade São Vicente de Paulo), com endereço nesta cidade, na Rua Santos Dumont, n° 19. Havia também outra imagem, a de Santa Salete, que ficou sob a guarda da Sr.ª Bárbara de Araújo Mendes (Dona Iná).

            Com a construção da Capela de São Benedito, no Bairro Estação, nesta cidade, as imagens (São Benedito e Santa Salete) foram doadas definitivamente para o novo santuário. 

            Os festejos da nova capela (construída em 1999, em regime de mutirão) são organizados pela comunidade e acontecem todos os anos, no período de 04 a 14 de novembro.

            Hoje, a Capela de São Benedito, do Bairro Estação, usa a mesma cor amarela da saudosa Capela de São Benedito, do Morro da Saudade. 

            A Capela de São Benedito (Bairro Estação) guarda, em seu interior, as imagens originais de São Benedito e Santa Salete, da antiga Capelinha do Morro da Saudade. 

            Quem foi Marciano Félix?

            Maciano Félix da Silva (assim registrado) era o responsável pela manutenção da Capela de São Benedito, no Morro da Saudade. Nascido em Peripery, no dia 15 de agosto de 1892, filho de Paulino José Pereira e Clarinda Maria da Conceição. Marciano era funcionário do DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagens) e pedreiro. Casou-se, em 31 de dezembro de 1916 (na residência do Sr. Antonino Marques de Oliveira) com Joanna Maria de Jesus, conhecida por Maria Marques. Dona Maria Marques nasceu em Peripery, em 17 de abril de 1896, filha de Marcos Pereira da Silva e Joanna Rosa de Jesus.

            Numa época em que não existiam padarias na cidade, Dona Maria Marques era doceira, confeiteira e seus bolos tinham de ser encomendados com antecedência, por causa da grande procura.

            Marciano Félix e Maria Marques não tiveram filhos, mas, segundo algumas pessoas, criaram o sobrinho Raimundo Batista.

            Quem foi Agenor Beatriz?

            Agenor Saraiva da Silva foi o principal “gritador” dos leilões de São Benedito. Nascido em Periperi, em 12 de dezembro de 1914, filho de Raimunda Saraiva da Silva. Aposentado, funcionário do 2° BEC - Batalhão de Engenharia e Construção.  Era também lavrador, engraxate (seu ponto ficava na esquina da Rua Severiano Medeiros com a Praça da Bandeira, onde hoje funciona uma pizzaria). Acompanhava o Padre Raul Formiga nas desobrigas e em outras viagens. Casou-se com Maria de Lourdes Silva (sobrinha de Marciano Félix), de cuja união nasceram os filhos: Francisco Evangelista, Raimunda, Maria Dália, Beatriz e Antônio. Agenor Beatriz faleceu em 03 de setembro de 1975, aos 63 anos de idade.

            Agenor Beatriz tinha um olho furado por uma felpa de carnaúba. O “Beatriz”, que se incorporou ao seu nome, veio de sua avó Beatriz Raimunda da Silva. 

FESTEJOS DE SÃO VICENTE DE PAULO

            Possivelmente, os festejos de São Vicente de Paulo começaram a se realizar a partir da criação das Conferências Vicentinas em Piripiri.

            Em 23 de julho de 1918, Padre Joaquim Nonato Gomes e alguns colaboradores, fundam a SSVP (Sociedade de São Vicente de Paulo) e com ela, a primeira Conferência Vicentina de Piripiri, que recebeu o nome de “São Francisco de Assis”. 

            Sua sede (prédio próprio) está localizada na Rua Santos Dumont, nº 19, centro de Piripiri-PI.

            A primeira Conferência, com o falecimento de Ademar Getirana, em 14 de agosto de 1985, ficou inativa até 30 de novembro do mesmo ano, ocasião em que Antônio José do Nascimento (à época, um dos últimos vicentinos) assumiu a presidência, interinamente.

            Dona Mariazinha Assunção (Maria da Conceição Oliveira Almeida) tornou-se vicentina em 1985. Antes, a única mulher a fazer parte da Conferência foi Anita Morais.

            A segunda Conferência é a de “São Benedito”, fundada em 04 de agosto de 1995, com sede na “Capela São João Batista”, no Bairro Paciência.

            A terceira Conferência foi a de “Nossa Senhora dos Remédios”, hoje extinta.

            A quarta Conferência é a de “São Paulo”, fundada em 27 de dezembro de 2009, com sede na Rua Aristeu Tupinambá, em prédio próprio, na antiga “Escola São Vicente de Paulo”.

            Sobre a foto acima, Alguns vicentinos e professoras da Escola São Vicente de Paulo, situada na Rua Aristeu Tupinambá. (saiba mais em “A História da Educação em Piripiri, Parte I”, neste Almanaque e no livro de mesmo nome: “Almanaque de Piripiri”).

            O “Conselho Particular de Nossa Senhora dos Remédios”, fundado em 13 de outubro de 1996, abrange as cidades de Piripiri, Piracuruca e Campo Maior, totalizando cinco conferências (a Conferência de “Nossa Senhora do Carmo”, fundada em 19/02/1933, em Piracuruca; a Conferência “Nossa Senhora das Mercês”, criada em 03/02/1991, em Campo Maior).

            Os terrenos onde foram construídas as capelas “Menino Jesus de Praga” e “Santo Expedito” foram doados pela “Conferência de São Francisco de Assis” à Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios.

            Sobre a foto acima: Vicentinos da primeira conferência: Edvan Lustosa de Sousa (tesoureiro), Mayara Brito, Noélia Maria dos Santos Rego (presidente), Rosidete dos Santos Silva, Noêmia Maria dos Santos Rego, Edson Ferreira do Rego (presidente do Conselho Particular de Nossa Senhora dos Remédios), uma convidada e Maria de Lourdes Sousa Silva (vice-presidente). A secretária Mariazinha Assunção não estava presente.

            Cabia aos vicentinos da Conferência de São Francisco de Assis organizar os Festejos de São Vicente de Paulo. Os Festejos de São Vicente de Paulo eram considerados a “Festa das Férias”, a “Festa dos Estudantes”. Isso porque se realizavam de 10 a 19 de julho, ou seja, no quente das férias escolares.

            Embora a festa fosse organizada pelos vicentinos, a cidade toda se mobilizava, ajudando com doações de joias, participando ativamente dos festejos.

            Piripiri era uma cidade pequena. Para que se entenda o contexto da época em que os festejos aconteceram, é preciso que se fale da animação presente na cidade, na véspera da festa.

            Sobre a foto acima: Maria de Lourdes, Ritinha e Antonieta (filhas de Martinho Sousa) e Genuína Andrade, irmã de Valmir Andrade (dono do comércio mais antigo da Rua Freitas Júnior, a “quitanda de seu Valmir”).

            A população periperiense, em tempos idos, aproveitava, como podia, as poucas opções de lazer, que eram, basicamente, os festejos (da Padroeira, do Sagrado Coração de Jesus, de São Vicente de Paulo, de São Benedito) e, durante o dia, os passeios pelo Açude Caldeirão, recém-construído.

            As jovens aguardavam com ansiedade os Festejos de São Vicente de Paulo! “Invadiam” as lojas de seu Aderson Ferreira, Martinho Sousa, Mércio Andrade e a de seu Chico Freitas, para comprar tecidos para a confecção dos vestidos. Seu Agenor “Pedra Branca”, Ademar Getirana e outros alfaiates eram procurados pelo público masculino.

            O comércio girava em torno da Rua do Ipu e em alguns pontos isolados. A Rua do Ipu era um pequeno trecho da atual Av. Aderson Ferreira, onde estavam localizadas as lojas de fazenda (tecidos). 

            Sobre a foto acima: Casarão que servia de loja e residência da família de seu Martinho Sousa. O casarão de seu Martinho foi usado depois como consultório do Dr. João Fortes

            Sobre a foto acima: O prédio “A” era sede da Loja de seu Mércio Andrade e o prédio “B”, de seu Martinho Sousa.

            Sobre a foto acima: A seta aponta a casa em que funcionou a loja de seu Chico Freitas. Posteriormente, o mesmo local, foi sede do “Armazém Popular”, de seu Zezinho Araújo (Zezinho Bicuíba).

            Sobre a foto acima: O prédio “A” era a loja de seu Aderson Ferreira e o prédio “B”, sua residência.

            - Os preparativos para os Festejos de São Vicente de Paulo -

            Vicente Amâncio de Assumpção era o vicentino mais empolgado e aguerrido. Determinado, organizava os vicentinos em grupos. Alguns percorriam a zona rural, outros buscavam doações na cidade.

            Para a zona rural, Vicente Amâncio direcionava Marciano Félix, outro incansável vicentino. Marciano Félix sempre retornava com cargas de frutas, galinhas e outras doações.

            À equipe da cidade competia a organização das barracas, a preparação das novenas. As barracas e a mesa do leilão ficavam num terreno da Paróquia, próximo à Igreja Matriz, onde hoje funciona um posto de combustível. O gritador dos leilões era, quase sempre, Agenor Beatriz, dono de uma garganta de ferro e um ótimo vendedor dos produtos ofertados.

            Coronel Vicente Amâncio enviava cartas (convites) a muitas famílias, pedindo o comparecimento e a oferta de joias para os leilões.

            Também era responsabilidade de seu Vicente Amâncio a contratação de bandas para animar a noite, após a novena. Tudo era deslumbrante: os balões de ar quente, a queima de fogos de artifícios (marca caramuru), a adrenalina contagiante dos jovens... 

            Sobre a foto acima: A seta branca indica o local onde se realizavam os leilões e armavam-se as barraquinhas.

            A semana anterior ao evento era de muita correria. Um senhor conhecido por Vasconcelos confeccionava balões coloridos de ar quente, que enfeitavam as noites das novenas, ignorando-se o perigo de um possível incêndio, caso algum balão caísse em uma das muitas casinhas de palha.

            Ao cair da noite, as pessoas dirigiam-se à Matriz de Nossa senhora dos Remédios. Os fiéis chegavam de diversos pontos da cidade: Bairro Betânia (região do antigo Mosquito), Bairro Avenida (Rua de Baixo), Bairro Anajás etc.

            Duas amplificadoras, localizadas na Praça da Bandeira, disputavam a atenção dos ouvintes: o “serviço de som” do udenista Antônio Assunção (instalado em sua casa), cujos reclames e avisos eram locucionados por Maurícia Vieira e a “Voz Comercial” na casa de seu Antônio do Rego, com locução de João Rodrigues (era o “som” dos pessedistas). A “fala” das amplificadoras cobria praticamente todo o perímetro da pequena cidade, levando belas canções, dançantes ritmos, lançamentos musicais de Nélson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Francisco Petrônio, que eram usados em determinadas ocasiões (despedidas, felicitações entre amigos, pequenas travessuras ou provocações inocentes) e assim essas espécies de rádio seguiam: avisando, convidando, anunciando, parabenizando, enfim, era a “voz do alto”, que se fazia escutar nos lares piripirienses.

            Essas amplificadoras não foram as mais famosas. A “voz” mais ouvida, aguardada e também temida foi a do alto-falante do Padre Raul Formiga. Instalada em uma das torres da 1ª igreja, a propagação do som ia bem mais longe, levando mensagens sociais e também as “temíveis palestras políticas” do citado padre, às 21h00, que incomodavam muita gente. E esse fonoclama fez história e escola! Locutores amadores (talvez até pagassem para “falar”). Os cativos ouvintes expectavam os belos textos do cronista Moacir Mota (gerente do Banco do Brasil). Foram também locutores: Luciano Cabral, Alvacir Raposo (também bancários do Banco do Brasil), Dr. José de Anchieta e Outros.

            Época de ouro! As festas, as viagens a pé ou em bicicletas ao Açude Caldeirão, as visitas de “autoridades”... tudo era motivo de diversão! E o povo saía às ruas, as pessoas vestiam suas melhores roupas (as domingueiras). 

            Sobre a foto acima: ciclistas em suas melhores vestes, seguidos por automóveis, num evento não identificado. Detalhe da foto: à esquerda, um ônibus da empresa “Expresso de Luxo”. Pouco mais à frente, o prédio do Cine Teatro Marajá, o muro baixo dos Correios e na esquina seguinte, o “Piripiri Hotel”, de Santilha Bandeira Monte. Mais afastado, o Convento dos Franciscanos.

- O dia da Procissão –

            Nesse dia da Procissão (19 de julho), ao meio-dia, os vicentinos organizavam um almoço para os pobres (mendigos e pessoas de baixo poder aquisitivo e/ou excluídas de uma sociedade elitista que discriminavam os ambientes: festa de 1ª, de 2ª, de 3ª...). O almoço acontecia no salão paroquial, que ficava atrás da igreja. 

            Com a demolição do salão paroquial, os almoços do dia 19 passaram a ser feitos no Colégio das Irmãs, instituição sob a direção das Irmãs de Caridade da Província Brasileira das Filhas de São Vicente de Paulo.

            Coronel Vicente Amâncio e seus amigos vicentinos eram pessoas simples, faziam questão de almoçar com as pessoas humildes, de igual para igual, pois sabiam que assim eram vistos por Deus.

            Com a renda dos leilões, os vicentinos (Conferência Vicentina de São Francisco de Assis) ajudavam as pessoas mais pobres de diversas formas, custeavam caixões para os mortos das famílias mais necessitadas, assim como também cobriam as despesas das sentinelas.

            Para evitar fraudes, o Sr. Francisco de Assis Amaral (Chico Doquinha) visitava os necessitados para certificar se a situação era real ou não.

            Alguns vicentinos: Ademar Getirana, Marciano Félix da Silva, Mariano dos Correios, Francisco de Assis Amaral (Chico Doquinha), Romualdo Veríssimo dos Santos, Antônio José do Nascimento, Mariano Sousa (Mariano dos Correios).

            Por que os Festejos de São Vicente de Paulo deixaram de ser festejados?

            Com a morte de Vicente Amâncio de Assumpção, em 1965, o Sr. Ademar Getirana ficou com a responsabilidade maior de conduzir os festejos, era então presidente da Conferência Vicentina de São Francisco de Assis.

            Um fato inusitado concorreu para o fim dos Festejos de São Vicente: o desaparecimento da imagem do santo. 

            Muitas pessoas creditam o sumiço da imagem (acima) ao Frei Ivo Heitkämper. O certo mesmo é que a imagem sumiu antes da partida do referido sacerdote (em 1967).

            Os vicentinos da Conferência de São Francisco de Assis, com o fim dos festejos de São Vicente de Paulo, passaram a organizar um tríduo (festa eclesiástica de três dias), realizado, anualmente, na sede da SSVP (Sociedade de São Vicente de Paulo), localizada na Rua Santos Dumont, nº 19, centro, nesta cidade. No terceiro dia do tríduo, há a realização de um leilão. Em 2013, o tríduo foi realizado nos dias 02, 03 e 04 de agosto.

            Quem foi Vicente Amâncio de Assumpção?

            Vicente Amâncio de Assumpção nasceu em 12 de agosto de 1877. Era filho de Antônio Amâncio de Assumpção e Anna Maria da Conceição. Casou-se com Joaquina Rosa do Espírito Santo (filha de José Sant’Anna de Oliveira e Luiza Rosa do Espírito Santo), com quem teve os seguintes filhos: Maria, Antônio, José, Luiza, Ana, Vicente, Joaquim, João Dedi, Martinho, Francisco e Eremita.

            Coronel Vicente Amâncio possuía imóveis e algumas propriedades: Lagoa do Barro, Estreito, Canabrava, Bananeira, Açude Novo, onde criava gado, plantava e recebia rendas. Foi um dos maiores produtores de cera de carnaúba; armazenava e comercializava arroz, milho, feijão, farinha, goma, frutas, tucum etc.

            Udenista convicto, Vicente Amâncio de Assumpção foi um respeitado chefe político. Conselheiro, vereador, (presidente da câmara em 1936), presidente da União dos Agricultores, do Círculo Operário e da Conferência dos Vicentinos. Fundou duas escolas com o nome de São Vicente de Paulo.

            Vicente Amâncio faleceu em 19 de dezembro de 1965, aos 88 anos de idade. 

            Uma multidão de amigos acompanhou o cortejo, num último adeus!

            Quem foi Ademar Getirana?

            Ademar Getirana nasceu em 07 de janeiro de 1918. Filho de Sebastião de Souza Pinto Getirana e Maria Feliciana de Jesus.

            No dia 29 de julho de 1945, às onze horas da manhã, na residência do Sr. Dionísio Lustoza, na Rua Presidente Vargas, nesta Cidade, o juiz João Turíbio de Monteiro Santana celebrou o casamento de Ademar Getirana e Osmina Lustosa de Moraes. Dessa união, nasceu Luiz Mário de Morais Getirana.

            Ademar Getirana era artesão, fabricava fogos de artifícios, era exímio alfaiate. Exerceu ainda as seguintes atividades: Foi subchefe na Secretaria Estadual de Fazenda, chefe do Posto Fiscal em Canto do Araçá e em Piripiri foi fiscal; comerciário na Mercearia de Eurico de Jesus Teles. Ajudou a fundar a União dos Agricultores de Piripiri e depois foi presidente; participou da fundação da União Caixeiral de Piripiri; participou como vicentino da Conferência de São Francisco de Assis da Sociedade de São Vicente de Paulo, sendo depois presidente.

            No dia 14 de agosto de 1985, às quatro horas, no Hospital Regional Chagas Rodrigues, Ademar Getirana partiu para a eternidade, aos 67 anos de idade.

Fonte de Pesquisa:

Livros: “O Padre Freitas de Piripiri” e “Piripiri”, de Judith Santana; “Ruas, Avenidas e Praças de Piripiri”, de Fabiano Melo; “Memórias de Piripiri”, de Cléa Rezende Neves de Melo; “Almanaque de Piripiri”, de Evonaldo Cerqueira de Andrade, “Professor Felismino Freitas – Educação como Missão e Vocação”, de Maria Leonília de Freitas, Francisco Antonio Freitas de Sousa e Francisco Newton Freitas; livros de nascimento, casamento e óbito (diversos).

Sites:

http://www.paroquiaremedios.com.br/;

http://www.franciscanosmapi.org.br/;

http://www.diocesedeparnaiba.org.br/; http://www.casadorio.com.br/sites/default/files/pdf/A%20ilumina%C3%A7%C3%A3o%20a%20g%C3%A1s%20se%20expande%20e%20recebe%20novos%20concess.pdf

http://www.casaruibarbosa.gov.br/geral.php?ID_S=207&ID_M=201

http://cliquepiripiri.com.br/noticias/prefeitura-conclui-reforma-do-cruzeiro-de-sao-benedito

Imagens e informações prestadas por: Antônio Pereira de Sousa (Antônio Sokim), Benedita Pereira Moreira (Dona Bitosa), Edvan Lustosa de Sousa, Edivar Gomes de Araújo, Edson Ferreira do Rego, Fabiano Melo, José Maria Viana, Jovelina Maria de Menezes Pinheiro, Luiz Mário Morais Getirana, Maria Amélia de Sales Cruz, Maria da Conceição Oliveira de Almeida, Maria Daysée Assunção Lacerda, Maria de Lourdes Sousa, Maria dos Remédios Moreira, Maria Flor da Silva Souza, Maria José de Melo, Maria José de Melo Araújo Freitas, Raimunda Saraiva da Silva, Raimundo Nonato da Silva (Raimundo Cassiano), Rita Maria da Silva Pereira e Zélia de Cruz Castro Bezerra Melo. 

 

 



Capitão Porfírio de Freitas Silva

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa terça-feira, 07 de janeiro de 2014, 18h07min.

            Capitão Porfírio de Freitas Silva era filho do Padre Domingos de Freitas e Silva. O terceiro filho da união do padre com Lucinda Rosa de Sousa. Casou-se com Francisca Eufrazia da Silva (falecida em 14 de fevereiro de 1885, em Piripiri), com quem teve os filhos: Antonio Porfírio de Freitas, Domingos Porfírio de Freitas, Luiz  de Freitas Silva (Lula), Izabel Rosa da Silva,  Carolina Rosa da Silva, Raimundo de Freitas Silva, Joana de Freitas Silva e Etelvina.

            Porfírio de Freitas Silva foi um chefe de família exemplar, um cidadão honesto e querido pelo povo de Piripiri. Seus filhos saíram a ele.

            Antonio PorfIrio, Raimundo, Luís (Seu Lula) e Izabel Rosa são os mais conhecidos. Deles faremos algumas considerações.

 ANTONIO PORFIRIO DE FREITAS - Antonio Porfírio casou-se com Carciana Iva de Araujo Silva (filha do Major Antonio Albino de Araujo Silva e Lucinda Rosa de Araujo), no dia 27 de maio de 1889. Em Piripiri, o casamento de Antonio Porfírio de Freitas foi o primeiro lavrado em Cartório.

            Obs.: O casamento civil, em solo brasileiro, foi instituído pelo Decreto n° 181, de 24 de janeiro de 1890, pelo Marechal Deodoro da Fonseca.

 RAIMUNDO DE FREITAS E SILVA (poeta Raimundo Freitas) - Raimundo Freitas casou-se com Francisca de Carvalho Mello (filha de Horácio Luiz de Melo e Antonia Quiteria de Carvalho). Não tiveram filhos, mas criaram a sobrinha  Totonha  (Antônia de Carvalho).

            Sobre Raimundo Freitas, Antônio Melo, em seu livro “Periperi – Ditos, Tidos e Havidos”, conta algumas histórias da personalidade idiossincrática do poeta. Eis uma delas:

            Raimundo Freitas exercia, além de outras profissões, o ofício de sapateiro.

            Um belo dia, recebe a visita de um amigo, uma pessoa muito apegada a dinheiro. O avarento amigo mostra ao poeta um minúsculo couro de veado-catingueiro e encomenda um par de mocós-de-pé (espécie de calçado de fabricação artesanal, usada pelo povo nordestino, especialmente a população vaqueira).

            Pensando que o artesão poderia estruir algum pedaço de couro, pergunta ao amigo se dava para fazer, com a sobra, um par de chinelos.

            Empolgado com a possibilidade de o couro render mais alguma peça, indaga ao amigo “Mundinho” se dava para fazer um par de chinelos para sua mulher Maroquinha e para suas filhas.

            O poeta recebe as medidas dos chinelos e marca uma data para a entrega dos calçados.

            No dia combinado, o poeta entrega ao sovina, uma fieira de pequeninos chinelos (à maneira de chaveiros).

            - Mundinho, o que é isto?

            - Foi o que eu consegui fazer com o pedaço de couro que você me trouxe!

IZABEL ROSA DE FREITAS E SILVA - Izabel casou-se com seu tio Aureliano de Freitas e Silva (filho do Padre Freitas e de Jesuína Francisca da Silva). Dessa união nasceu o filho Benedito Aurélio de Freitas (Baurélio Mangabeira).

Izabel Rosa morreu do parto de Baurélio e Aureliano de Freitas e Silva faleceu quando Baurélio tinha apenas cinco anos de idade. Baurélio ficou, então, aos cuidados de seu avô Porfírio de Freitas Silva. Em 1896, Capitão Porfírio, sentindo os efeitos da velhice e julgando-se incapaz de cuidar do neto, leva o pequeno Baurélio (então com 12 anos) para a Vila de Barras-PI, deixando-o aos cuidados de um grande amigo seu.

LUÍS DE FREITAS SILVA (seu LULA) - Sobre Luís de Freitas Silva, seu filho João Freitas (o João Body) deixou um texto datilografado (por ele mesmo) e, hoje, se encontra emoldurado num pequeno quadro do Museu de Perypery. 

O texto na íntegra:

            O PADRE DOMINGOS DE FREITAS SILVA deixou seu nome escrito nas páginas da terra por ele fundada e amada. Deixou doze (12) filhos que seriam herdeiros de seus bens e seriam importantes e numerosas famílias.

            PORFÍRIO DE FREITAS SILVA foi o terceiro (3°) filho do PADRE com D. LUCINDA ROSA DE SOUSA. PORFÍRIO foi casado com FRANCISCA EUFRÁSIA. Desse enlace, nasceu LUÍS DE FREITAS SILVA (seu LULA) neto (na foto), que foi casado com RAIMUNDA DE MENEZES FREITAS. Nascendo desse casamento os filhos e, portanto, bisnetos do padre os seguintes: FRANCISCA FREITAS, MARIA JOSÉ DE FREITAS, JERINO e JOÃO FREITAS, sendo este, o doador da foto. JOÃO FREITAS é casado com MARIA FREITAS.

            Capitão Porfírio de Freitas Silva faleceria em 1° de abril de 1899, no Estado do Amazonas, três anos depois de deixar o pequeno Baurélio na Villa de Barras-PI.

Fonte de pesquisa: “Memórias de Piripiri”, de Cléa Rezende Neves de Melo; ”Ruas, Avenidas e Praças de Piripiri”, de Fabiano de Cristo Melo; “Piripiri” e "O Padre Freitas de Piripiri", de Judith Santana; “Periperi – Ditos, Tidos e Havidos”, de Antônio Melo; Livro de Casamentos n° 01, folha 01, n° de ordem 01, lavrado em 27 de maio de 1889 e Livro de Casamentos n° 03, folhas 132v° e 133, n° de ordem 10, lavrado em 25 de maio de 1920 (Os livros de casamentos citados pertencem ao Registro Civil de Piripiri). Informações prestada por Luiz Mário de Morais Getirana.

Site acessado: http://pt.wikipedia.org/wiki/Casamento_civil

 

 



Calixto, o Santo de Piripiri

 

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa quinta-feira, 22 de agosto de 2013, 19h08min.

            1932 foi um ano de desagradáveis acontecimentos. Piripiri perdeu vários filhos, alguns desconhecidos e outros que deixaram sua marca na história do município, como João de Freitas e Silva, Coronel Thomaz Rebello e sua filha Cassiana Rocha.

            1932 também ficou conhecido como o ano de umas das piores secas que o Piauí enfrentou, talvez até maior que as secas de 1915 e 1877.

            Foi nesse cenário de penúria que se inicia uma bonita história de devoção e fé.

            Calixto era um pacato cidadão que residia na zona rural de Piripiri.  Apesar de pobre, era uma pessoa caridosa.

            Naquele verão contínuo de 1932, Calixto convida seu cunhado para acompanhá-lo numa pequena viagem à Periperi. Calixto sentia umas dores fortes na região do estômago e, por isso, evitava andar sozinho.

            O motivo do deslocamento do interior para a “rua” (como era chamada a zona urbana) era para comprar alguns mantimentos para o sustento de sua família.

            Na volta, Calixto sentindo fortes dores na região estomacal, pede para seu cunhado levar suas compras, pois o mesmo descansaria e, assim que melhorasse, seguiria seu caminho.

            O cunhado obedece ao pedido de Calixto e faz o caminho de volta para casa, deixando Calixto sob a sombra de um crioli (árvore frutífera nativa de nossa região). Melhorando um pouco,  Calixto deixa o local onde estava, seguindo em direção a uma “mata de criolis” e lá, parando mais uma vez, é acometido por um dor lancinante. Com sede, fome, Calixto não resistiu muito tempo. Seu cunhado, estranhando a demora do amigo, retorna ao local onde deixara Calixto descansando, mas não o encontra. Anda em diversas direções e desiste da busca.

            Próximo a essa mata de criolis, morava Dona Maria Generosa, mãe do adolescente Antônio Generosa. A humilde casa de Dona Maria Generosa foi levantada no local onde hoje está construído o prédio da extinta Cibrazem. 

            Antônio Gomes da Silva (Antônio Generosa), com então quinze anos de idade, caçava de baladeira próximo a sua casa. Ao acertar uma rolinha, Antônio sai à procura da pequena ave, mas não a encontra. Resolve procurar mais adiante, em direção à mata de criolis (onde hoje funciona o supermercado “Comercial Carvalho”) quando sente um forte  e desagradável cheiro. Ao se aproximar do local, depara-se com o corpo de Calixto, já em estado de decomposição. Os urubus já estavam furando o corpo.

            Como era costume da época, os presos enterraram o cadáver.  Seu corpo foi sepultado no mesmo local onde fora encontrado. No local não havia ruas, somente estreitos caminhos e veredas pelos quais transitavam poucas pessoas.

            O exato local onde Calixto faleceu fica próximo à margem da Rua Coronel Antônio Coelho e a poucos metros da esquina da referida rua com a Rua Diógenes Coelho.

            O local do túmulo foi, em pouco tempo, bastante frequentado por devotos, que depositavam oferendas e ex-votos, rezavam terços, soltavam foguetes. O fluxo de pessoas era maior nas segundas-feiras (possivelmente o dia em que foi sepultado).

            Corina Rodrigues da Silva, filha do Sr. Joaquim Rodrigues da Silva (Joaquim Bicudo, já falecido) cansou de ouvir seu pai contar essa história. Segundo Corina, seu pai era amigo de Calixto e de seu Antônio Generosa. Ela sempre ouvia seu Joaquim comentar que Calixto não consumia bebidas alcoólicas. Corina não consegue recordar o nome do cunhado de Calixto nem de sua esposa. Mas ouviu seu pai dizer que a esposa de Calixto só visitou o túmulo na visita de um ano. Também não recorda o nome do interior que Calixto morava, mas sabe que é deste município de Piripiri.

            Um fato interessante, dentre as várias graças e milagres alcançados por quem fez promessas ao “santo”, foi o do  recruta Horácio Luiz de Melo (já falecido). A história a seguir é contada por Dona Corina e Dona Mazé Melo (filho de seu Patriota e irmã de Horácio).

            Horácio Luiz de Melo servia o Exército em Teresina, quando foi acusado pelo desaparecimento de uma arma. O recruta foi ameaçado de todas as formas por seu comandante, mesmo negando a autoria do “furto”. O comandante deu um último prazo para o desvalido recruta: na manhã seguinte seria submetido a um interrogatório, ocasião em que, se não confessasse, sofreria terríveis consequências.

            Patriotino Benício de Melo (Patriota) pai do recruta Horácio, lembra-se dos milagres atribuídos ao Santo de Piripiri. Faz um pedido à alma de Calixto, que se o filho “escapasse” daquela enrascada, construiria um cruzeiro e uma casinha (para guardar as oferendas e ex-votos depositados no local do túmulo de Calixto).

            Na manhã seguinte à promessa, aparecem dois soldados para conduzirem Horácio à presença do irado comandante.  Penalizado com a situação injusta do recruta e com uma forte crise de consciência, um cabo do Exército devolve a arma ao comandante, assumindo o furto do objeto.

            Desgostoso com o constrangimento pelo qual passara, Horácio abandona o sonho de seguir carreira militar e retorna a Piripiri. Em nossa Cidade, Patriota cumpre o que prometera a Calixto e constrói no local de sua sepultura, um cruzeiro e uma casinha.

            Patriotino Benício de Melo casou-se duas vezes. Em primeiras núpcias com Cecília Melo, com quem teve os filhos: Horácio Luiz de Melo, Maria de Carvalho Melo Medeiros, Antônia de Carvalho Melo Brito e Antônia Cecília de Melo Monte. De seu segundo casamento, com Dona Lina de Melo Medeiros, nasceram-lhes os filhos: Higina Rosa de Melo, Raimundo Gonçalves de Melo, Cecília Maria de Melo, Maria José de Melo e Alice Rosa de Melo.

Sobre a foto acima: na primeira filha, da esquerda para a direita, Maria José de Melo, Patriotino Benício de Melo Filho e Higina Rosa de Melo (filhos de seu Patriota). Logo atrás: Maria dos Remédios Assunção Medeiros e seu marido Antônio de Melo Medeiros Filho (Neto de seu Patriota) e Evonaldo Andrade.

                        O prefeito Jônatas Melo (nascido no mesmo ano do falecimento de Calixto), por ocasião de sua segunda administração, faz uma doação do terreno onde estava sepultado o corpo de Calixto a um senhor (cujo nome será omitido). Essa pessoa nega que o túmulo estivesse no local de sua casa, mas o certo mesmo é que à medida que as casas foram sendo construídas, as oferendas e ex-votos iam sendo "empurradas" em direção à esquina contrária (Rua Cel. Antônio Coelho com Rua Licínio de Brito Melo). Não existe mais o cruzeiro e a casinha. Hoje, a cruz  e ex-votos estão sob a sombra de frondosa castanhola, plantada na lateral oeste da Rua Licínio de Brito Melo, atrás do prédio do novo “Complexo de Delegacias de Piripiri”.

Em junho de 2004, O casal Olímpio e Verbena Nogueira mudam-se para a casa nova, construída no lado oposto da rua, defronte ao túmulo itinerante de Calixto.

             Com a construção do muro do prédio do Complexo de Delegacias, o local do culto a Calixto é preservado.

            Verbena Nogueira, interessada e fascinada com a história de Calixto, procura o Pároco Frei Fernandes que, no dia 18 de fevereiro de 2014, realiza a benção do Memorial Milagroso Calixto. Na segunda-feira seguinte, 19 de outubro, foi rezado o primeiro terço.

            Verbena lembra que, no dia da benção, houve forte chuva e a Rua Licínio de Brito Melo ficou alagada. A benção do Memorial foi realizada no terraço de sua casa, voltada para o local de devoção.

Sobre as duas fotos acima, primeira comemoração junina (sábado, 28 de junho de 2014). O primeiro “arraiá” só aconteceria um ano depois.

                

            Sobre a foto acima, apresentação de índios piripirienses no 2° Arraiá do Calixto. José Guilherme da Silva, primeiro à esquerda, Cacique da Comunidade Itacoatiara, Evonaldo e índios Tabajaras

            Em 2015, comemorou-se, no período de 25 de outubro a 02 de novembro, o primeiro Novenário de Finados (Festejos do Memorial Milagroso Calixto).

Sobre as três fotos acima – Festejos do Memorial Calixto (2015)

Oração ao Milagroso Calixto

 

Milagroso Calixto, vós que vivestes as dores terrenas,

intercedei por nós para aliviar nossos sofrimentos.

 

Milagroso Calixto, vós que morrestes sozinho,

intercedei por nós para acalentar nossos momentos de angústias.

 

Milagroso Calixto, vós que passastes por sede, fome, frio e calor,

intercedei por nós para atenuar nossas necessidades.

 

Milagroso Calixto, intercedei por nós, junto aos santos, anjos e arcanjos

e perante Deus, para que nos sejam concedidas as graças Divinas

conforme nossas possibilidades, merecimentos e necessidades.

 

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, na unidade do Espírito Santo.

 

Amém!

 

 (Oração criada pelo Jornalista Willekens Van Dorth)                                                                                                                                                                                                                                                              

  

 

Créditos: Informações prestadas por Corina Rodrigues da Silva, Luís Rodrigues da Silva, Armilo de Sousa Cavalcante, Maria José de Melo, Maria das Graças Silva (Graça Generosa) e Verbena Nogueira.

 

Fotos: Acervo de Verbena Nogueira e Evonaldo Andrade.



A PRIMEIRA E ÚNICA PREFEITA DE PIRIPIRI

 

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa segunda-feira, 12 de agosto de 2013, 15h02min

            Francisca Holanda Felinto de Melo, filha do casal Diógenes Felinto de Melo e Violante Holanda de Melo, nasceu em Piripiri-PI, no ano de 1916.

            Bonita, inteligente, comunicativa, Francisca Melo tornou-se a primeira Prefeita de Piripiri, ao assumir, interinamente, a chefia do município.

            Como e quando aconteceu?

            1938, era então Prefeito de Piripiri, Nélson Coelho de Rezende. Para se quitar com o Serviço Militar, Nélson Coelho se afasta da chefia do executivo municipal durante quinze dias. Nesse período (25 de junho a 10 de julho de 1938), assume o comando do município, a Secretária da Câmara Municipal, Senhorita Francisca Holanda Felinto de Melo.

            No dia 22 de abril de 1941, às 17h00min, em Piripiri, o médico  Antônio Tito Castelo Branco atestou o óbito de Francisca Melo.

            Com apenas vinte e cinco anos de idade (e já aposentada), vítima de “tuberculose pulmonar”, Francisca falece, deixando a cidade consternada e inconformada. Tão bela e inteligente jovem ainda tinha muito a realizar.

 

Fonte de pesquisa: Livros "Ruas, Avenidas e Praças de Piripiri", de Fabiano Melo; "Piripiri", de Judith Santana e "Livro de Óbito n° 18".

Imagens: Acervo de Evonaldo Andrade.

 

 



prefeito

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa terça-feira, 06 de Agosto de 2013, 18h14min.

            1993 – UESPI

            O Campus de Piripiri foi instalado no prédio que abrigou o Hospital Chagas Rodrigues e onde funcionou a Unidade Escolar Aderson Alves Ferreira. Foi institucionalizado pela Lei nº 5.500/2005, de 11 de outubro de 2005.

            No início (1993) era apenas um núcleo, mas, a partir de 1997, ganhou status de Campus.

            O Imóvel, onde sempre funcionou o Campus de Piripiri foi doado à UESPI, em 2006, pela Prefeitura Municipal de Piripiri.

            Atualmente, o Campus de Piripiri oferece os seguintes cursos: Pedagogia, Direito, Licenciatura Plena em Computação e Licenciatura Plena em Letras/Inglês.

            O Campus da UESPI de Piripiri, em merecida homenagem, passou a se chamar de “Campus Professor Antônio Giovani Alves de Souza”.

 

            Quem foi Antônio Giovani Alves de Souza?

            Antônio Giovani Alves de Souza, filho de Antônio Alves de Souza Sobrinho e de Dona Ocila Laurindo Alves, nasceu em Piripiri-PI, no dia 20 de setembro de 1940 e faleceu na mesma cidade, em 15 de novembro de 2004. Fez o primário no Grupo Escolar Cassiana Rocha e o ginasial em colégios de Parnaíba-PI, Teresina-PI e Tianguá-CE. Fez o Ensino Clássico (curso de nível médio em três anos, no qual predomina o ensino de línguas) no Seminário Franciscano de Santo Antônio, no lugar Ipuarana, município de Campina Grande-PB.

            Professor Giovani era um mestre no ensino de Língua Portuguesa, Literatura e outras línguas, com destaque para a francesa. Lecionou nas escolas: José Narciso da Rocha Filho, Aderson Alves Ferreira, Patronato Santa Catarina Labouré e Embaixador Espedito Resende. Aposentou-se em 15 de março de 1996.

2000 – COOPEPI (Cooperativa Educacional de Piripiri).

            A escola, criada por vinte e um sócios, funcionou até 2011, nos turnos matutino e noturno. Pela manhã, a escola oferecia ensino da 5ª série ao 3º ano do Ensino Médio. À noite, o Ensino Médio na modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos). 

2009, janeiro – Centro Educacional Diógenes Quaresma de Sousa.

            É a escola do SESC (Serviço Social do Comércio) oferecida à comunidade piripiriense, especialmente aos alunos dos bairros Floresta, Matadouro e Estação. A modalidade de ensino (EJA – Educação de Jovens e Adultos) é ofertada pelo projeto SESC Ler, da alfabetização a 4ª série, no turno diurno.

            Quem foi Diógenes Quaresma de Sousa?

            Diógenes Quaresma de Sousa, filho de Inácio Higino de Sousa e Laura Rosa de Melo, nasceu na localidade Boa Vista, município de Barras-PI, no dia 15 de janeiro de 1935. Industrial, comerciante e agropecuarista. Diógenes casou com Maria Erinelda Teles de Sousa, de cuja união nasceram os filhos: Jorge Ivan, Gilvan e Gilvana. Diógenes Quaresma faleceu em 26 de junho de 1998.

2010 – IFPI (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia).

            O IFPI foi inaugurado em fevereiro de 2010. O instituto oferece cursos técnicos integrados ao Ensino Médio (Administração, Comércio e Vestuário), com duração de quatro anos. Cursos na modalidade “Ensino a Distância” (Serviços Públicos, Meio Ambiente e Segurança no Trabalho). Ensino Superior (Licenciatura em Matemática). Há ainda projetos na área social, como “Mulheres Mil”. O IFPI também oferece especializações.

 

2010, agosto – Unopar

            Oferecendo cursos na modalidade “EaD” (Educação a Distância), a Universidade Norte do Paraná iniciou suas atividades em Piripiri, no segundo semestre de 2010.

            Sua primeira sede foi no prédio do extinto “Colégio das Irmãs”. Atualmente, a Unopar está localizada na esquina das ruas Pires Rebelo com Padre Domingos.

            Os cursos ofertados são: Administração, Ciências Contábeis, Serviço Social, Letras e História.

ESCOLAS MUNICIPAIS

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO – ÓRGÃO MUNICIPAL

            Inaugurado no dia 04 de julho de 1987, a Secretaria Municipal de Educação é o órgão regulador das escolas do município.

CENTRO EDUCATIVO MUNICIPAL DR. ADAUTO COELHO DE REZENDE

            Localizado no final da Avenida Tomaz Rebelo, Bairro Anajás, o Centro Educativo Dr. Adauto Coelho de Rezende foi fundado no dia 04 de julho de 2005.

            Escola construída com recursos do FUNDEF, FPM, ICMS e, principalmente, recursos do legado do Dr. Adauto Coelho de Rezende.

            O centro educativo oferece Ensino Infantil e Fundamental, atendendo a crianças e adolescentes dos bairros Anajás, Recreio e Floresta.

            Quem foi Adauto Coelho de Rezende?

            Filho do Prefeito Nelson Coelho de Rezende e de Dona Carlota Amélia de Rezende, nasceu em Piripiri, no dia 1° de junho de 1906 e faleceu no Rio de Janeiro, em 05 de maio de 1991, sem ter deixado descendentes.

            Aprendeu a ler e a escrever no Colégio Castelo (um dos primeiros colégios particulares de Piripiri). Fez o ginasial no Liceu Piauiense, na capital piauiense. Concluiu o curso de Medicina, no Rio de Janeiro, em 1930. Médico brilhante, recebeu o grau de doutor com a tese “Tratamento do Pé Torto sem Intervenção Sangrenta”. Lecionou no “Curso de Puericultura”, do Instituto Fernandes Figueira, no Rio de Janeiro, onde escreveu sessenta trabalhos sobre pediatria. Foi membro da Academia Americana de Pediatria. Em Piripiri, foi criador da “Sociedade de Proteção à Maternidade e à Infância”, entidade que originou o “Posto de Puericultura Dr. Adauto Rezende” (mais tarde, FSESP). Idealizou e fundou, com a ajuda de amigos, o “Museu de Perypery” (inaugurado em 04 de julho de 1987).

            Amante das artes plásticas, Dr. Adauto Rezende, em seus momentos de descanso, desenhava e pintava com aguçada sensibilidade.

CENTRO EDUCATIVO MUNICIPAL IRMÃ ÂNGELA

             Sua localização: Praça da Saudade, 346, Morro da Saudade.

 

            Com a extinção do Patronato Santa Catarina Labouré e a Escola Normal São José, a Secretaria Municipal de Educação criou o Centro Educativo Municipal Irmã Ângela, homenageando uma religiosa que deixou sua marca em Piripiri.

 

            Quem foi Irmã Ângela?

            Mariana de Albuquerque Mendes é seu verdadeiro nome. Nascida no ano de 1926, na Cidade de Pacatuba-CE. Chegou a Piripiri em 1947 (aos vinte e um anos de idade). Com ela vieram as irmãs Eulália Alves Timbó e Helena Silva.

            Irmã Ângela foi superiora do Patronato Santa Catarina Labouré em três ocasiões: a primeira em 1959; a segunda em 1984 e a terceira em 1994.

            Irmã Ângela, que no Estado do Ceará é conhecida por Irmã Mendes, foi superiora do Patronato Sousa Carvalho, na Cidade de Ipu-CE, por três vezes: a primeira em 1962, recém-chegada de Piripiri; a segunda em 1975 e a terceira em 2001.

            Irmã Ângela faleceu em 17 de dezembro de 2015, em Fortaleza-CE.

CENTRO EDUCATIVO MUNICIPAL MARIA DE LOURDES ASSUNÇÃO

            Escola construída com recursos do próprio município. Foi inaugurada em 15 de agosto de 1995.

 

            Quem foi Maria de Lourdes Assunção?

            Maria de Lourdes Assunção nasceu no dia 11 de fevereiro de 1905 e faleceu no dia 12 de dezembro de 1992. Filha de Severino José de Freitas e Dona Raimunda Maria de Assunção. Professora do Grupo Escolar Cassiana Rocha e Catequista de vocação, participava do “Apostolado da Oração”. Não deixou filhos.

CENTRO EDUCATIVO MUNICIPAL OMAR DE ANDRADE RESENDE

            Av. Dirceu Mendes Arcoverde, 1335, Floresta.

 

            Primeiro centro educativo construído pelo município, a escola foi inaugurada em 04 de julho de 1987.

 

            Quem foi Omar de Andrade Resende?

            Omar Resende nasceu em Piripiri, na residência de seus pais, no dia 27 de abril de 1923. Filho do Sr. Otílio Coelho de Rezende e de Dona Maria Antonieta de Andrade Rezende. Omar Resende aprendeu a ler e a escrever em sua terra natal. Estudou o ginasial em Teresina-PI, nos colégios “Diocesano” e “Liceu Piauiense”. Concluiu os estudos no Rio de Janeiro, no Instituto Lafayette. De volta a Piripiri, assume o Cartório (que fora de seu irmão Carlos Resende). Casou-se com Raimunda Pinheiro de Resende (Yá Resende), nascendo, dessa união, os filhos: Maria do Perpétuo Socorro, José Narciso, Omar Filho, Maria Eugênia e Maria Agatha Margarete.

            Professor Omar foi vereador atuante na Câmara municipal de Piripiri, mas seu maior legado foi a Unidade Escolar José Narciso da Rocha Filho, uma segunda extensão da alma desse valoroso professor e honestíssimo tabelião. Seu empenho em dirigir a escola foi um exemplo bonito de casamento entre homem e instituição. Assim era Omar Resende, ótimo profissional, excelente pai, esposo amigo e companheiro e um filho zeloso.

CENTRO EDUCATIVO MUNICIPAL GONÇALA DE BRITO PERES 

            Sua localização: Av. Aderson Ferreira, nº 3348, Russinha.

 

            Escola municipal instalada no prédio do CAIC (Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente).

 

            Quem foi Gonçala de Brito Peres?

            Gonçala de Brito Peres, conhecida por Gonçalinha, filha de Antônio Alves de Brito e Maria do Carmo da Conceição Brito, nasceu em São Benedito-CE, no dia 13 de setembro de 1933 e faleceu em Piripiri, no dia 14 de dezembro de 1998. Foi professora do Grupo Escolar Cassiana Rocha, onde também foi diretora.

            Gonçalinha, pessoa muito religiosa, estudou, a convite da Irmã Timbó, no “Colégio das Irmãs”, de Aracati-CE (Instituto Waldemar Falcão), onde foi interna e companheira de Maria do Carmo Santana (irmã da escritora Judith Santana).

            Gonçalinha desistiu do sonho de ser freira, mas não de ser catequista. Casou-se com Raimundo Peres, com teve uma filha, Joselita Maria de Brito Peres.

Gonçala de Brito Peres é a autora do Hino da Unidade Escolar Cassiana Rocha.

 

CRECHE MARIA DO CARMO MELO

            Sua localização: Av. Aderson Ferreira, nº 3348, Russinha.

 

            Creche instalada no prédio do CAIC (Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente).

 

            Quem foi Maria do Carmo Melo?

            Maria do Carmo Melo nasceu no dia 14 de julho de 1944, na Fazenda Alto d’Areia, em Piracuruca. Filha de Aureliano José de Melo e de Dona Raimunda Mendes de Melo (Dona Donzinha).

            A vida de Maria do Carmo Melo sempre foi uma provação. Fruto de uma gravidez perigosa (sua mãe tinha 44 anos de idade), seus primeiros meses de vida foram difíceis. Sua morte era dada como certa, face à sua saúde bastante debilitada. Essa situação levou sua família a providenciar um batismo de emergência, em que a criança tornou-se afilhada de Nossa Senhora do Carmo. Com sua melhora, a recém-nascida foi novamente batizada, dessa vez, na Igreja Matriz.

            Maria do Carmo nasceu doente, cresceu doente, mas sua fé em Deus só fazia aumentar. Por sua saúde inspirar cuidados, Maria do Carmo sempre foi cuidada com muito zelo e amor por sua família.

            Sua vida foi marcada por sua incrível força em quebrar barreiras e transpor as limitações. Desenganada por alguns médicos, escapou milagrosamente da morte em várias situações: ao nascer e em previsões de seu falecimento antes dos sete anos, dos quinze anos... Maria do Carmo submeteu-se a quatorze cirurgias

            A professora Maria do Carmo foi uma guerreira de Deus. Convivendo com algumas enfermidades, entre elas, um problema cardíaco bastante raro, compreendeu que a vida teria de ser vivida em todo seu esplendor. Estudou, andou de bicicleta, divertiu-se e alegrou a vida das pessoas à sua volta.

            Nada era empecilho em seu caminho, fazia longos percursos a pé, sem proteção contra o sol, o que levou um leve machucado em seu nariz, provocado pelos óculos, transformar-se em câncer de pele.

            Maria do Carmo fez o curso pedagógico na “Escola Normal São José” (o Colégio das Irmãs), fato que contrariou seus pais, receosos de sua frágil saúde. Nessa escola, Maria do Carmo destacou-se por apresentar uma inteligência fora do comum.

            Um fato inusitado, ocorrido na colação de grau, foi a pronúncia de seu nome por Frei Francisco, que, talvez confundindo o “c” de Carmo com a letra “o”, chamou assim o seu nome: “Maria do Ó”; repetindo algumas vezes, sem conseguir completar a palavra. Foi o bastante para Maria do Carmo ficar conhecida por “Maria do Ó”.

            Maria do Ó foi uma grande catequista. Caridosa, preocupada com os pobres, ajudava como podia a população carente. Com doações, construiu casas, ajudando, inclusive, no serviço pesado, como carregar material para a construção das habitações.

            Além da CEBES (Comunidade Eclesial de Bases) e da Pastoral da Juventude, entidades que ajudou a criar, fundou e coordenou três grupos: o Grupo das Ladras (nome originado através de uma brincadeira de Frei Francisco), o CEFA (Clube de Estudantes Frei André) e o CEFRAN (Clube Estudantil Frei Francisco).

            Maria do Carmo fundou duas escolas: Escola Frei Francisco e Escola Roda Viva. Foi responsável pela implantação do movimento dos carismáticos em Piripiri.

Maria do Carmo deixou dois livros: “No Mundo do Sonho” e “Respingos na Caminhada”.

            O seu calvário terminou no dia 21 de março de 1990, quando a professora, poetisa, catequista e filha devota de Deus partiu em direção ao céu, recompensa para quem, como ela, ofereceu amor e não se abateu diante de seus inúmeros problemas de saúde.

            A lembrança que ficará para sempre de Maria do Carmo é o seu sorriso de felicidade, sua marca registrada. Quem a via sorrir e não a conhecia, imaginava que ela não tinha problemas.

 

CENTRO EDUCATIVO MUNICIPAL PAULO DE TARSO FREITAS MACHADO

             Av. Des. Antero Resende, s/nº, São João.

 

            A escola foi inaugurada em 27 de setembro de 2000, numa região pouco habitada. A cidade cresceu e, hoje, o centro educativo oferece uma educação de qualidade aos alunos dos bairros Petecas e São João.

            Autorizado pela Resolução CME-Piripiri-PI 001/2011, o C. E. Paulo Machado está situado próximo aos residenciais “José Amâncio de Assunção” e Petecas I, II e III.

 

            Quem foi Paulo de Tarso Freitas Machado?

            Paulo Machado, filho de Ademar de Castro Machado e de Dona Maria do Socorro Freitas Machado, nasceu em Piripiri, no dia 25 de outubro de 1944, falecendo na mesma cidade, em 15 de março de 1998.

            Concluiu o ginasial no Ginásio José Narciso da Rocha Filho, onde foi aluno da turma pioneira. Cursou o pedagógico no Colégio das Irmãs, em Piripiri, Estudou ainda em Recife-PE. Licenciou-se em Biologia pela UESPI.

            Começou a lecionar na Escola Paroquial Frei Jordão, exercendo o magistério em outras escolas: Padre Freitas, José Narciso, Colégio das Irmãs, Colégio Christus. Colégio Maria José etc. Foi diretor da Unidade Escolar Aderson Ferreira, do Liceu de Piripiri.

            Paulo Machado foi uma pessoa ligada aos esportes e ao lazer. Foi Presidente do Radar Futebol Clube e o criador da festa “Broto Legal das Férias”.

            Paulo de Tarso Freitas Machado foi agraciado, postumamente, com a Comenda Juncal, edição 2011.

 

CENTRO EDUCATIVO MUNICIPAL VEREADOR JOAQUIM DE SOUSA CAVALCANTE

            O Centro Educativo do Bairro Germano, inaugurado em 13 de março de 2004, atende aos alunos do Bairro e de dois conjuntos habitacionais.

 

            Quem foi Joaquim de Sousa Cavalcante?

            Joaquim Cavalcante, conhecido por Joaquim do “Nelo” (ou do “Nel”) nasceu em Piripiri, no dia 16 de julho de 1920 e faleceu em 05 de dezembro de 2001. Foi comerciante, industrial e vereador por Piripiri.

 

CENTRO EDUCATIVO MUNICIPAL VEREADOR VALDEMAR SOARES

            Inaugurado em 1º de março de 2002, o centro educativo trouxe conforto aos alunos do Bairro Paciência, que, para estudarem, deslocavam-se para outros bairros e o centro.

 

            Quem foi Valdemar Soares de Oliveira?

            Valdemar Soares nasceu no lugar Sossego, município de Pedro II-PI, no dia 12 de fevereiro de 1947 e faleceu em Piripiri, no dia 25 de julho de 2001. Valdemar era filho de Militão Alves de Oliveira e de Dona Raimunda da Silva. Aos 19 anos de idade, veio morar em Piripiri, onde montou um estabelecimento comercial na Rua José Osmar Mendes de Holanda, no Bairro Paciência. Casou-se com Raimunda Laurita Lima Oliveira, de cuja união nasceu André Vinícius Lima Oliveira. Valdemar Soares Oliveira foi vereador por Piripiri. 

 

ESCOLA MUNICIPAL CÍRCULO OPERÁRIO

(Ver histórico da Escola Círculo Operário em "A História da Educação em Piripiri - Parte I").

 

ESCOLA MUNICIPAL DR. ANTENOR DE ARAÚJO FREITAS

            Originalmente, foi uma escolinha particular. Municipalizada, continuou com a mesma modalidade de ensino, sendo reconhecida por oferecer ensino infantil de qualidade.

 

            Quem foi Antenor de Araújo Freitas?

            Filho de Francisco de Araújo Freitas e de Dona Amélia de Medeiros Freitas, nasceu em Piripiri, no dia 06 de dezembro de 1926 e faleceu na mesma cidade, em 08 de setembro de 1988. Foi casado com Maria José de melo, com quem teve os filhos: Maria Virgínia e Francisco Eugênio. Estudou em Piripiri, no Grupo Escolar Padre Freitas e em Teresina, nos colégios Leão XIII (escola fundada pelo piripiriense Felismino Weser) e no Liceu Piauiense. Concluiu o científico (Ensino Médio) no tradicional Colégio Marconi, em Belo Horizonte-MG. Fez Medicina pela “Faculdade Católica de Ciências Médicas de Minas Gerais”, concluindo em 1957. Em 1958, já estava clinicando em Piripiri, onde foi chefe do FSESP (Fundação Serviço Especial de Saúde Pública) e diretor do Hospital Regional Chagas Rodrigues. Fez especialização em Leprologia. Na educação, destacou-se como professor do Ginásio José Narciso da Rocha Filho e da Escola Normal São José.

ESCOLA MUNICIPAL FREDERICO OZANAM

(Ver histórico da Escola Municipal Frederico Ozanam em "A História da Educação em Piripiri - Parte I").

 

ESCOLA MUNICIPAL LINOCA PIRES REBELO

   Rua Ioiô Melo, 1240, Mutirão.

            Construída com recursos do FUNDEB, FPM e ICMS, a escola foi inaugurada em 04 de julho de 2008 e está localizada numa região pobre de Piripiri.

 

            Quem foi Linoca Pires Rebelo?

            Lina Cassianna de Sampaio (Pires) Rebello, conhecida por Dona Linoca, foi casada com o Coronel Thomaz Rebello de Oliveira Castro, com quem teve os filhos: José Pires Rebello (engenheiro civil, Intendente de Teresina, Deputado Federal, Senador da República, membro da Academia Piauiense de Letras), Cassiana Pires Rebelo da Rocha (deu nome à Unidade Escolar Cassiana Rocha), Angélica Rebelo Meira de Vasconcelos, Lina Pires Rebelo de Souza e Olavo Pires Rebelo (primeiro médico nascido em Piripiri).

            Dona Linoca era filha do Capitão José Rodrigues de Sampaio e Dona Cassianna Pires de Sampaio.

ESCOLA MUNICIPAL PADRE RAUL FORMIGA

             A escola começou a funcionar, inicialmente, na esquina das ruas Pires Rebelo com Padre Domingos, numa casa que já pertenceu a Hamilton Coelho de Rezende e onde morou Aderson Alves Ferreira. O prédio já havia servido de sede para uma escola, o Colégio Christus, de Dona Zuíla. Hoje, a escola está funcionando no prédio da extinta Escola Paroquial Frei Jordão.

 

            Quem foi Raul Formiga?

            Raul Saturnino Formiga nasceu no lugar “Fazenda Barra da Estiva”, município de Uruçui-PI, no dia 28 de junho de 1912 e faleceu em Belo Horizonte-MG. Filho de Luiz Saturnino Formiga e de Dona Maria Mendonça Formiga. Ordenou-se padre, celebrando a primeira missa em Teresina (1940). No ano seguinte (1941, 16 de maio), Padre Raul já estava em terras piripirienses, onde permaneceu até 31 de dezembro de 1952. Padre Raul Formiga foi uma pessoa querida por muitos e antipatizada (em alguns casos, odiada) por outros.

            Tão logo estabelecido em nossa cidade, o dinâmico padre tratou logo de dar início ao seu sonho: a fundação de uma escola normal, para formação de professoras; o que foi realizado poucos anos depois. É também de sua criação, a primeira amplificadora da cidade.

 

ESCOLA MUNICIPAL RODA VIVA

            A criação desta escola deve-se ao pioneirismo da Profª Maria do Carmo Melo, que lecionava em dois turnos, durante o dia: sendo um turno pelo Estado e outro pelo Município. O contato com crianças carentes da “Unidade Escolar Cota Sampaio” despertou o interesse da professora, que preocupada com as pequenas criaturas daquela região de Piripiri (Floresta e Anajás), tão necessitadas de um melhor acompanhamento e, principalmente, de aulas de reforço, cria, no início da década de 80, a “Escolinha Roda Viva” (pré-escolar), para atender crianças com idade inferior a sete anos. A escola funcionava às suas custas.

            Com o crescimento do “prezinho” (assim chamado por Maria do Carmo Melo), a escola foi transferida de sua residência para uma casa próxima, situada também na Av. Tomaz Rebelo (onde já havia funcionado o Mobral).

            Eram tempos árduos para a educação, o ensino infantil não era responsabilidade do governo estadual. Crianças de família pobre só frequentavam a escola a partir dos sete anos, sem ter noção alguma de leitura e escrita.

            Para manter sua escolinha, ela usava seus vencimentos, percebidos como professora para pagar as alunas do grupo de jovens CEFRAN (Clube Estudantil Frei Francisco, por ela fundado), que se desvelavam na educação dos pequeninos. Com essa atitude, resolvia todos os problemas: o das crianças e o dos jovens educadores, que além de remunerados, mantinham-se ocupados com a nobre função de ensinar.

            Com o agravamento da saúde da Professora Maria do Carmo, o destino da “Escolinha Roda Viva” foi entregue aos cuidados do Município, que transfere a escola para o casarão do falecido Reginaldo Castro (esquina das ruas Germayron Brito com Pires Rebelo, hoje sede do “Núcleo Jurídico da CHRISFAPI”).

            Em 02 de agosto de 2004, a escola foi transferida para o prédio do “Colégio das Irmãs”, ocupando seu lado direito, onde permanece até hoje.

 

CRECHE SINHARA CASTRO

            Rua Enoque Monte s/nº, Bairro Germano.

 

            Inaugurada em 03 de julho de 1990, a Creche Sinhá Carvalho foi construída em convênio com a Fundação Banco do Brasil, LBA e Prefeitura de Piripiri.

 

            Quem foi Sinhara Castro?

 

 

            Eugênia Rodrigues de Castro nasceu em Piripiri, no dia 22 de janeiro de 1893 e faleceu na mesma cidade, em 08 de junho de 1966. Foi casada com João José da Cruz, de cuja união nasceram os filhos: Antônio, Luiz, Lina (Linoca), João (Joquinha), Maria, Irma, Tarcísio, Francisco (Chico Ventura), Maria José e Zilda. Dona Eugênia ou Sinhara Castro, como era carinhosamente chamada, foi uma mulher religiosa e cozinheira de mão cheia. Sua família era seu bem maior.

 

CRECHE VIRGEM PODEROSA

            Rua Tenente Antonio de Freitas, nº3555, Prado.

 

            A creche “Virgem Poderosa” ocupa o imóvel onde funcionou o asilo de velhos “Lar Virgem Poderosa”, criado pelas irmãs de caridade do Patronato Santa Catarina de Labouré, em 06 de novembro de 1989.

CENTRO EDUCATIVO MUNICIPAL ANTÔNIO FERREIRA NETO

           Sua localização: Rua Leônidas Melo, s/nº, centro.

          Atendendo à necessidade de uma nova escola, em razão de o crescente número de alunos que procuravam a “Escola Municipal Círculo Operário”, o Centro Educativo Antônio Ferreira Neto foi inaugurado em 09 de março de 2009. A escola, bem localizada, atende a alunos de diversos bairros e do centro. Seu funcionamento está autorizado pela Resolução CME-PIRPIRI/PI 001/2001.

 

            Quem foi Antônio Ferreira Neto?

            Antônio Ferreira Neto (Ferreirinha) nasceu em Piripiri-PI, em 1919 e faleceu em 26 de abril de 2003. Filho de Aderson Alves Ferreira e de Dona Rosa Rezende Ferreira. Trabalhou com seu pai (comércio), com quem aprendeu preciosas lições de vida e adquiriu experiências para seguir seu próprio caminho, o que aconteceu em 1946, quando adquiriu a “Farmácia Ideal”. Foi casado com Hilda de Melo Ferreira, com quem teve os filhos: Diógenes, Aderson, Cláudia, Maria de Fátima, Wilson, Rosa Helena, Antônio Ferreira Júnior e Joana Paula.

            Ferreirinha foi eleito Prefeito Municipal de Piripiri, comandando a cidade de 1973 a 1978.

 

CENTRO EDUCATIVO MUNICIPAL ÍSIS CAVALCANTI

            Inaugurado poucos dias após o centenário de Piripiri, em 07 de julho de 2010, o centro educativo do Bairro Flor dos Campos foi construído com recursos do FPM, ICMS, AM e FUNDEB. Atende aos alunos dos bairros Flor dos Campos e Vista Alegre.

 

            Quem foi Ísis Cavalcanti?

 

            Ísis Cavalcanti de Freitas, professora comprometida com a educação dos piripirienses. Ficou conhecida por suas aulas de preparação para o difícil e temido exame de admissão do ginásio José Narciso da Rocha Filho. O exame de admissão era uma espécie de vestibular local. Dona Ísis, Professora polivalente, dominava a matemática, ciências, línguas, história, geografia etc.

            Estar sob sua orientação era vitória certa no exame. Os alunos, sob seus cuidados, realizavam duas provas: uma oral e a outra escrita.

Suas aulas eram ministradas numa pequena casa da Rua Padre Domingos, onde hoje funciona um mercadinho.

 

CENTRO EDUCATIVO MUNICIPAL ALZIRA VIOLETA REZENDE CASTRO

            Escola localizada na Rua Tinoca Rezende (irmã da homenageada Alzira Violeta de Rezende Castro), no Bairro Santa Maria, funcionando nas seguintes modalidades: Educação Infantil (Maternal, Pré I e Pré II) e Ensino Fundamental I.

            Construído com recursos do FPM, ICMS, AM e FUNDEB, o centro educativo foi inaugurado no dia 18 de julho de 2010, funcionando em fevereiro de 2011. Seu slogan: “Educar, compromisso de todos!”.

 

            Quem foi Alzira Violeta Rezende Castro?

            Alzira Violeta Rezende Castro, filha de Domingos Coelho de Melo Rezende (Bugy) e de Dona Rita Rosa de Araújo, nasceu em 29 de julho de 1902, em Piripiri e faleceu na mesma cidade, no dia 04 de fevereiro de 1962. Diplomada professora pelo “Colégio Sagrado Coração de Jesus”, em Teresina-PI, lecionou nas Escolas Reunidas Padre Freitas e em escolas da Cidade de Pedro II-PI. Casou-se com Eulálio de Melo Castro, com quem teve os filhos: Alice e Reginaldo.

 

CENTRO EDUCATIVO MUNICIPAL CAROLINA DE FREITAS LIRA

            Residencial Parque Petecas III, Bairro Petecas.

 

            Escola inaugurada em 29 de janeiro de 2012, construída para atender a população infanto-juvenil do Bairro Petecas, mais precisamente dos Residenciais Parque Petecas I, II e III. Funcionando no turno diurno, nas modalidades do Ensino Infantil e Ensino Fundamental. Seu slogan: “Educar para formação da cidadania!”.

 

            Quem foi Carolina de Freitas Lira?

 

            Nascida no dia 16 de abril de 1923, em Piripiri, com o nome de Carolina de Freitas Lira, mas os amigos a chamavam carinhosamente de Iaiá. Dona Iaiá era trineta do Padre Freitas, sobrinha de Lolô Freitas e filha do casal José de Aguiar Freitas (Juca Freitas) e Filomena Passos Freitas (Dona Filó). Casou-se com Manoel Cipriano Lira, com quem teve oito filhos, entre eles, o piripiriense Átila de Freitas Lira.

 

CENTRO EDUCATIVO MUNICIPAL DES. ANTÔNIO DE FREITAS REZENDE

            Sua localização: Campo das Palmas.

 

            Centro educativo mais novo de Piripiri, foi construído para atender aos alunos de uma parte do centro, do Morro da Ana, do Morro da Saudade, do Bairro Caixa d’água e do Bairro Campos das Palmas.

 

            Quem foi Antônio de Freitas Rezende?

            Antônio de Freitas Rezende nasceu em Piripiri, no dia 30 de outubro de 1935 e faleceu em Teresina-PI, no dia 17 de setembro de 2009. Filho de João de Freitas Rezende e de Dona Maria da Graça Freitas Rezende. Iniciou seus estudos em Piripiri (primário). Fez o ginasial no Colégio Diocesano, na capital piauiense. Na mesma cidade (Teresina), concluiu o Ensino Médio. Formou-se em Direito, em 1962, pela extinta Faculdade de Direito do Piauí.

            Foi Promotor de Justiça na Comarca de Esperantina-PI. Foi Juiz de Direito nas comarcas piauienses de Campo Maior, Alto Longá, Castelo do Piauí, Oeiras e Teresina. Foi desembargador e Presidente do Tribunal de Justiça do Piauí.

            Foi um professor comprometido com o aprendizado de seus alunos. Lecionou nas cidades piauienses: Esperantina, Alto Longá, Campo Maior e Piripiri.

            Antônio de Freitas Rezende foi condecorado com a “Comenda Juncal”, nossa maior honraria.

 

CRECHE PROINFÂNCIA ROMERITTO FRANCISCO ESCÓRCIO DE BRITO XIMENDES

            Sua localização: Campos das Palmas.

 

            Creche criada com a finalidade de prestar auxílio  às famílias carentes da região em que está localizada, com capacidade para atender até trezentas crianças. Sua construção moderna oferece ainda amplas salas, fraldários e um refeitório.

            Quem foi Romeritto Francisco Escórcio de Brito Ximendes?

             Romeritto Francisco Escórcio de Brito Ximendes nasceu no dia 28 de julho de 1992 e faleceu no dia 1º de julho de 2011. Era filho de Sebastião Escórcio de Brito e de Maria de Sousa Ximendes Escórcio Brito. Estudou até o 2º ano do Ensino Médio, no Colégio Maria José da Silva Melo.

 Para execução deste trabalho, foi de fundamental importância a pesquisa em livros (incluindo-se livros de Cartório), informações prestadas por estudiosos da nossa história, fotografias escaneadas de álbuns de família, salvas em facebook, fotografadas de quadros e feitas originalmente para este artigo.

Pesquisa feita nos seguintes livros: "Piripiri" e "O Padre Freitas de Piripiri", de Judith Santana; "Memórias de Piripiri", "Velhos Conterrâneos Luminosos" e "Nos Tempos do Coronel Thomaz Rebello", de Cléa Rezende Neves de Mello; "Ruas, Avenidas e Praças de Piripiri" e "Ponta-de-Rama", de Fabiano Melo; "Cronologia Histórica do Estado do Piauí", vol. 02, de F. A. Pereira da Costa;  "Pesquisas para a História do Piauí", vol. o4, de Odilon Nunes; "Professor Felismino Freitas - Educação como Missão e Vocação", de Maria Leonília de Freitas, Francisco Antonio Freitas de Sousa e Francisco Newton de Freitas; "Piripiri", publicação do Banco do Nordeste S/A; "PIRIPIRI - Piauí", monografia nº 625, publicada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; "Parabéns, Piripiri! 75 anos", publicação da Prefeitura Municipal de Piripiri; "Cada Rua, Sua História - Parnaíba", de Caio Passos; "100 Fatos do Piauí no Século XX", de Zózimo Tavares; “Antologia da Academia Piauiense de Letras”, de Wilson Carvalho Gonçalves; “Almanaque da Parnaíba” (1961), de Ranulpho Torres Raposo. “Revista Cidade Verde”, edição 042, de 09/10/2012; “Como o Sândalo – Virtudes e Méritos de Maria do Carmo Melo”, de Ana Maria Cunha; “Respingos na Caminha”, de Maria do Carmo Melo, “Sertões de Bacharéis – O Poder no Piauí entre 1759 e1889”, de Jesualdo Cavalcanti Barros.

Fotos, imagens, comentários em fotos de facebook, sugestão e informações prestadas pelos intelectuais: Armilo de Sousa Cavalcante, Auciomara Teixeira, João Cláudio Moreno, Adelaide Macedo, Maria da Conceição Oliveira de Almeida, Vicença Assunção Oliveira e Assunção, Joaquim Amâncio de Assunção, Fabiano Melo, Luiz Mário de Morais Getirana, Emília Maria Cruz, Zélia de Cruz Castro Bezerra de Melo, Edivar Gomes de Araújo, Raimunda Rocha e Silva, Francisco Newton de Freitas, Maria Daysée Assunção Lacerda, Lúcia Cruz Holanda, Zélia Marques, Antonio Ferreira Filho, Cléa Rezende, Leonor Melo, Emília Maria Cruz, Maria José Melo, Ana Assunção Oliveira Cunha, Maria da Anunciação Araújo Sousa, Luísa Sousa Lustosa Araújo, Leonor de Melo Rodrigues, Justina de Sousa Medeiros Oliveira, Maria dos Remédios Paiva Marques, Eugênio Leite Monteiro Alves.

Sites pesquisados: http://www.ufpi.edu.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/eventos/2006.gt10/GT10_2006_03.PDF → Marcelo de Sousa Neto (UESPI) Doutorando em História – UFPE; http://www.gterra.com.br/geral/governo-de-wellington-dias-fechou-40-escolas-no-piaui-29942.html; 

http://www.portalaz.com.br/noticia/geral/248445_professores_denunciam_manobra_para_fechar_escola_seduc_nega_acusacao.html;

http://www.180graus.com/blog-literario/o-s-f-u-n-d-a-d-o-r-e-s-baurelio-mangabeira-por-reginaldo-miranda-472410.html; http://www.camara.gov.br/internet/InfDoc/novoconteudo/legislacao/republica/Leisocerizadas/Leis1972v2.pdf

http://www.diariooficial.pi.gov.br/diario/200506/18813f2617262c2.pdf; http://www.jusbrasil.com.br/diarios/2665800/dou-secao-1-17-04-1957-pg-1/pdfView; http://www.famososquepartiram.com/2011/07/petronio-portela.html; http://csi.ati.pi.gov.br; 

www.colegiomariajosepi.com.br; http://www.educandariochristus.com.br; www.chrisfapi.com.br

http://www.tre-df.jus.br/institucional/conheca-o-tre-df/galeria-de-ex-presidentes/desembargador-joaquim-de-souza-neto

http://professorfranciscomello.blogspot.com.br/2010/06/mulheres-que-contribuiram-para-nossa_21.html

http://historiadopsc.blogspot.com.br/2010/09/todas-as-diretoras-do-patronato-sousa.htm

http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_19970822_ozanam_po.html

http://www.piracuruca.com/capitulotexto.asp?codigo=49&codigo1=Revista%20Ateneu%20-%20N%B0%201

http://www.noticiasdeurucui.com.br/noticias/saiba-quais-as-melhores-escolas-publicas-do-piaui-segundo-o-ideb-2011-10560.html

http://www.cidadeverde.com/seduc-premia-75-escolas-que-tiveram-acima-da-media-no-ideb-e-enem-62109

http://www.piaui2008.pi.gov.br/impressao.php?id=14316

 



Judith Santana



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A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO EM PIRIPIRI - PARTE III

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa sexta-feira, 12 de julho de 2013, 18h07min.

            1968, 25 de março – Nesse ano, começa a funcionar a Escola Técnica de Comércio “Prof. Álvaro Ferreira”. Posteriormente, foi reconhecida pelo Conselho Estadual de Educação, passando a se chamar “Unidade Escolar do 2º Grau Professor Álvaro Ferreira”. Ato de autorização de seu funcionamento pela Resolução nº CEE 38/78. Reconhecida pelo Decreto nº 5.305, no dia 27 de janeiro de 1981.

            Motivo de orgulho dos piripirienses, a Escola Técnica de Comércio lançou, no mercado de trabalho, inúmeros contabilistas de renome, em diversas cidades do Piauí e do Ceará.

 

            Apesar de criada em 1968, só seria legalizada dez anos depois (13 de setembro de 1978).

 

            Como nasceu a escola?

 

            A criação da escola já estava prevista pelo “Estatuto da União Caixeiral de Piripiri”, reformado em 1966.

 

            João Evangelista de Melo, cumprindo o que determinava o art. 4º, não mede esforços para fundar a escola técnica de comércio, que foi inaugurada em 1968.

            A escola recebeu o nome do grande educador piripiriense Álvaro Ferreira. O professor Álvaro Ferreira era conhecido por sua eloquência e cultura. Para proferir uma aula de sapiência à altura do homenageado, coube ao Professor Raimundo Nonato Monteiro de Santana a execução de tão bela tarefa.

 

            O primeiro prédio ocupado pela escola foi o antigo prédio do Banco do Brasil (hoje “Museu de Perypery”).

            Em razão de a diretoria da entidade não pagar o aluguel do prédio, a escola é transferida para a casa em que morou Aristeu Tupinambá e Antônio Soares (Rua Felinto Resende). O prédio já havia sido a sede do escritório do DNOCS, Coletoria Estadual, agência Barroso e Casa de Peças São Cristóvão, de seu Adelino.

            A Escola de Comércio volta novamente a ocupar o prédio do museu e, de lá, faz sua última mudança. A nova casa é o prédio da Unidade Escolar Espedito Resende, onde ocupa algumas salas de aula, no período noturno. Em 2000, a escola foi estadualizada e em 2003 foi extinta.

 

            Enquanto ocupou o prédio da Unidade Escolar Espedito Resende, Os alunos da “Unidade Escolar de 2º Grau Prof. Álvaro Ferreira” usaram a mesma farda da escola anfitriã.

            Quem foi Álvaro Ferreira?

            Álvaro Alves Ferreira, um dos seis filhos do casal Antônio Alves Ferreira e Joana Paula Alves Ferreira, nasceu em Piripiri, em 22 de janeiro de 1892. Cirurgião-dentista pela Faculdade de Odontologia da Universidade da Bahia, jornalista, cronista, poeta, contista, e professor. Na educação – Fundou, com Felismino Freitas, o Colégio Castelo, em 1913 (Piripiri); foi diretor e lecionou Geografia no antigo “Liceu Piauiense”; ministrou aulas de Francês nos colégios “Sagrado Coração de Jesus” (Colégio das Irmãs) e “São Francisco de Sales” (Diocesano); foi diretor do “Instituto de Educação Antonino Freire” (Teresina-PI). No jornalismo – Além de presidir a “Associação Profissional dos Jornalistas do Piauí”, colaborou ativamente nos jornais: “Almanack Piauiense” (1937), “O Piauí” e “Geração” (1943), “Jornal do Comércio” (1947), “O Estado do Piauí”, “Folha da Manhã” (1958). Na literatura – é autor do livro de contos e crônicas “Da Terra Simples”, publicado em 1958. Pertenceu à Academia Piauiense de Letras (cadeira nº 26), à Academia Mafrensina de Letras e ao Cenáculo Piauiense de Letras (cadeira nº 18).

            Álvaro Alves Ferreira, casado com Ormina Melo e pai de três filhos (Antônio, Álvaro e Maria da Piedade) faleceu em Teresina, em 08 de abril de 1963. O Governo do Estado prestou uma bonita homenagem à sua memória, dando seu nome a um ginásio, na capital piauiense. Em Piripiri, além da Unidade Escolar, Álvaro Ferreira foi homenageado com uma Praça que leva seu nome: Praça Álvaro Ferreira (também conhecida por Pracinha das Flores).

            1970 – inaugurada em 26 de setembro, a Unidade Escolar “Des. José de Arimathéa Tito”.

            Escola criada para atender um número cada vez maior de alunos, desafogando outras escolas, que estavam funcionando com a capacidade acima da permitida.

 

            O nome do Desembargador José de Arimathéa Tito foi uma homenagem justa a um dos primeiros professores particulares de Piripiri.

 

            Quem foi José de Arimathéa Tito?

            José de Arimathéa Tito foi advogado, magistrado, jornalista, jurista, professor e poeta. Nasceu em Barras-PI, em 18 de março de 1887, filho único do casal Coronel Silvestre Tito Castelo Branco e de Dona Rosa Amélia de Castro Tito. Em 1904, matricula-se na Faculdade de Direito do Pará, transferindo-se, depois de um ano, para uma das mais famosas instituições de ensino do país, a Faculdade de Direito de Recife. Em 1909, Arimathéa Tito já está em Piripiri, exercendo a função de juiz distrital. Nesse mesmo ano, fundaria, em parceria com João de Freitas Filho (Lolô) e o Padre Joaquim Bezerra de Meneses, o “Instituto Arco-verde”. Em sua terra natal, José de Arimathéa fundou o “Ateneu São José”, foi Promotor de Justiça e juiz distrital, saindo para a capital do Estado, onde dirigiu o jornal “O Piauí” e foi professor catedrático de Direito Civil da Faculdade de Direito do Piauí. Membro da Academia Piauiense de Letras. Aposentou-se por decreto arbitrário de Interventor Federal, em 1939. Além de compor a letra do hino piripiriense, publicou os livros: “Um cidadão digno” (sobre o desembargador Esmaragdo de Freitas e Sousa), “Justiça Nacional” (estudos jurídicos) e “Sonetos” (publicação póstuma). Pertenceu ao Tribunal Regional Eleitoral. E ao Tribunal de Justiça do Piauí, onde ingressou em 1938. José de Arimathéa Tito foi casado duas vezes, sendo a segunda vez com Maria Edith Rezende Tito (filha de Domingos Coelho de Melo Rezende, o Bugy). Arimathéa Tito faleceu em Teresina, em 24 de março de 1963.

            Sua localização: Praça Domingos Coelho de Melo, centro, em frente à 3ª GRE.

            1971 – Unidade Escolar João Coelho de Rezende.

            Em Piripiri já existia uma escola municipal com seu nome, situada na Av. Nélson Rezende (funcionava num galpão). A escola foi estadualizada em 27 de setembro de 1971, na administração do Prefeito Aderson Ferreira, que já havia construído o prédio, com recursos municipais. Suas instalações foram ampliadas nos anos de 1976, 1985, 1994 e 2013 (ainda em processo de ampliação). Por motivo da atual situação da escola (que está sendo ampliada), o colégio está funcionando, provisoriamente, na Unidade Escolar Cota Sampaio.

            Quem foi João Coelho de Rezende?

            João Coelho foi um piripiriense nascido em 1884 e falecido em 1954. Era filho do Tenente-Coronel Antônio Coelho de Rezende e de Dona Filomena Rosa de Melo. Foi Prefeito no período de 05 de maio de 1947 a 15 de janeiro de 1948. A despeito de seu temperamento, foi querido, odiado e temido por muitos, que creditavam a sua índole, estranhas lendas. Dele muito se falou, inclusive de sua rivalidade com o irmão e prefeito Nélson Coelho de Rezende. O certo mesmo era que João Coelho era um homem idôneo, sério, comprometido com sua palavra.

            Construtor perfeccionista, destacou-se por edificar bonitas e elegantes casas. Era considerado, inclusive por engenheiros civis, como um autodidata da engenharia.

1971, 20 de maio – Piripiri ganha mais uma escola. A professora Maria da Silveira Sampaio é a homenageada, emprestando seu nome à Unidade Escolar Cota Sampaio.

            Como surgiu a escola?

 

            Preocupado com a educação das crianças pobres, em algumas áreas da cidade, Frei Francisco Pohlmann procurou o Secretário de Obras Públicas do Governo Alberto Silva (o piripiriense Murilo Rezende) e expôs a situação. Em acordo pactuado entre Paróquia e governo estadual, ficou acertado que ao Estado caberia metade das despesas e à Paróquia, o restante. A escola foi oficializada em 18 de setembro de 1972.

            Sua localização: Rua Alírio de Oliveira e Silva, nº 400, Bairro Floresta.

 

            Quem foi Maria da Silveira Sampaio?

            Dona Cota Sampaio nasceu em Piripiri, no dia 23 de maio de 1879 e aqui mesmo faleceu, em 20 de junho de 1962. Filha de Antônio Raimundo da Silveira Sampaio e Jesuína Rosa da Silva Sampaio. Era professora particular, catequista e zeladora do Coração de Jesus. Foi muito bonita na mocidade, mas preferiu o amor a Jesus, rejeitando diversas propostas de casamento.

            A árvore genealógica de Maria da Silveira Sampaio é bastante curiosa. Dona Cota era, pelo lado paterno, bisneta do Padre Freitas e, pelo lado materno, bisneta de Dona Lucinda Rosa de Sousa (1ª companheira do padre). Seu avô paterno (Raimundo de Freitas e Silva) era irmão de sua avó materna (Joana Paula da Silva).

            Dona Cota Sampaio também pode ser da mesma família da segunda companheira de Padre Freitas, Dona Jesuína Francisca da Silva, que era filha de Antônio da Silveira Sampaio (mesmo sobrenome do avô materno de Dona Cota, Manoel da Silveira Sampaio). A menos que, neste caso, seja apenas coincidência.

            Obs.:  Conforme está registrado no livro “Professor Felismino Freitas – Educação como missão e vocação” (Maria Leonília Freitas, Francisco Antonio Freitas de Sousa e Francisco Newton Freitas), O Padre Domingos de Freitas e Silva foi pai de quatorze filhos e não de doze. Em seu testamento, o sacerdote não mencionara as filhas mais velhas Lucinda Rita da Silva e Joana Paula da Silva, em razão de as mesmas já serem falecidas e por outras questões.

 

 

            1971 – Fundada em 1971 e inaugurada em18 de abril de 1972, no Governo Alberto Silva, a Unidade Escolar Neném Cavalcante é uma merecida homenagem à Professora Raimunda de Barros Cavalcante.

            Sua localização: Rua Ioiô Freitas, nº 132, Caixa d’água.

 

            Quem foi Neném Cavalcante?

 

            Raimunda de Barros Cavalcante, conhecida por Neném Cavalcante, é natural de Piripiri, onde nasceu em 03 de abril de 1889. Filha de José Felipe Cavalcante e de Dona Joviniana Bandeira Cavalcante. Estudou o curso pedagógico em Fortaleza. Lecionou em Piracuruca e Piripiri, onde assume, em 1930, a direção do Grupo Escolar Padre Freitas. Neném Cavalcante faleceu em 25 de janeiro de 1944.

            Foram alunos da Professora Neném Cavalcante: Murilo Rezende, Judith Santana, Espedito Resende e Outros.

                                                                                                    

            1974, agosto – A Unidade Escolar Auri Castelo Branco foi oficializada no mesmo ano de sua fundação (1974).

            A escola em pouco tempo estava pequena para um grande número de alunos, sendo necessário, em 1978, o seu funcionamento em três turnos.

 

            Em 2013, a Unidade Escolar Auri Castelo Branco foi municipalizada.

            Sua localização: Rua Pedro II, nº 1744, Bairro Paciência.

 

            Quem foi Aury Castello Branco?

            Aury Castello Branco nasceu em Teresina-PI, no dia 03 de dezembro de 1908 e na mesma cidade faleceu, em 2010. Filha de Moysés Ferreira Castello Branco (funcionário do DNOCS) e de Dona Adelina de Souza Castello Branco.

            Formou-se, em Teresina-PI, pela Escola Normal Antonino Freire, em 1925. Começou a lecionar no lugar “Novo Nilo”, município de União-PI, em 1926. Exerceu o magistério nas cidades piauienses de União, Parnaíba e Piripiri. Nesta última cidade, Dona Aury trabalhou por nove anos no Grupo Escolar Padre Freitas (sob a direção da Profª Neném Cavalcante). Aposentou-se em 14 de maio de 1958, na Cidade de Teresina, onde lecionava no Grupo Escolar Theodoro Pacheco.

            Foi professora da Unidade Escolar Padre Freitas (na época da diretora Neném Cavalcante).

 

1974 – COMPLEXO ESCOLAR REGIONAL DE PIRIPIRI – criado pelo decreto nº 1722, de 13 de dezembro de 1974.

            O Complexo, “nave-mãe” das escolas estaduais, em seus 38 anos de existência, mudou “de nome” duas vezes (3ª DRE – Diretoria Regional de Educação e, atualmente, 3ª GRE - Gerência Regional de Educação).

 

            A principal mudança, entretanto, foi uma “divisão” municipal, utilizada para “equilibrar” as forças políticas de Piripiri, em certo período de sua história. Essa divisão limitou a área de abrangência do antigo Complexo.

 

            Com a mudança, o órgão original denominou-se “Complexo Regional Piripiri I” e a nova entidade ficou conhecida como “Complexo Escolar Piripiri II”.

 

            As competências: ao Complexo Regional Piripiri I, coube uma parte das escolas locais e os colégios das cidades subordinadas ao órgão; ao Complexo Escolar II, uma parte das escolas urbanas de Piripiri.

 

            A 3ª GRE (localizada na Praça Domingos Coelho de Melo Rezende, nº 801, centro) representa dez cidades do norte piauiense. Em ordem alfabética: Brasileira, Capitão de Campos, Domingos Mourão, Lagoa de São Francisco, Milton Brandão, Pedro II, Piracuruca, Piripiri, São João da Fronteira e São José do Divino.

1977 – A Unidade Escolar Aderson Alves Ferreira, fundada em 1977, foi oficializada em 01.03.1978. A escola funcionava no prédio que pertenceu ao Hospital Regional Chagas Rodrigues e, por isso, era chamada, pelos alunos, de “Hospital Velho”. Hoje, o prédio pertence à Universidade Estadual do Piauí (Uespi).

            Quem foi Aderson Alves Ferreira?

            Aderson Ferreira nasceu em Piripiri, em 24 de dezembro de 1897, filho de Antonio Alves Ferreira e de Dona Joana Paula Alves Ferreira. Casou-se com Rosa de Rezende Ferreira, com quem teve os seguintes filhos: Helena, Antonio (Ferreirinha), José de Calazans, Elza, Aderson, Rita, Maria da Glória, Carlos Alberto (Carlito) e Zélia. Foi um grande comerciante e político de renome. Aos vinte anos já era Conselheiro Municipal. Em 1928, foi Intendente Municipal, substituindo, por dois anos, o Coronel Thomaz Rebello, seu grande amigo. Prefeito municipal (1945/1946, 1951/1955, 1959/1963, 1967/1970). Atribui-se a ele o pioneirismo do cinema em Piripiri (Cine Éden, inaugurado em 1940).

            Algumas de suas realizações: Usina Elétrica de Piripiri; construção da primeira área calçada de Piripiri; construção da estrada Piripiri-Batalha (convênio entre as prefeituras das duas cidades e governo estadual); inauguração do mercado público e matadouro, entre outras obras importantes em nossa cidade.

            Aderson Ferreira faleceu em 26 de fevereiro de 1975.

 

          Aderson Ferreira também foi homenageado com uma escola na localidade São José, em 1987.

 

 1977, 24 de outubro – Unidade Escolar Embaixador Espedito Resende.

            A Escola Espedito Resende (conhecida por científico) começou a funcionar em 1977, no prédio da Unidade Escolar José de Arimathéa Tito. Foi mais uma conquista do Professor Omar Resende, que tanto batalhou para a implantação dessa escola.

            Em seu início foi uma escola profissionalizante, ofertando o curso: “Habilitação Básica em Agropecuária”.

            Pelo decreto nº 4.254, de março de 1981, foi denominada “Unidade Escolar Embaixador Espedito Resende”; autorizada seu funcionamento pelo decreto nº 5.305, em 17/01/1983. Resolução nº CEE 002/85.

            Quem foi Espedito de Freitas Resende?

            Espedito Resende nasceu em Piripiri, em 22 de outubro de 1923, filho de Cassiano Coelho de Resende e de Dona Benedita de Aguiar Freitas e faleceu em Roma (Itália), em 21 de fevereiro de 1981. Foi aluno da Professora Neném Cavalcante. Estudou em Teresina, no Colégio Diocesano; no Colégio Lafayette, no Rio de Janeiro-RJ. Bacharelou-se em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro e diplomou-se pelo Instituto Rio Branco. Nomeado Diplomata em 1950. Foi Embaixador do Brasil em: Assunção (Paraguai); Buenos Aires (Argentina); Roma (Itália); Bruxelas (Bélgica); Santiago (Chile). Foi Chefe da Divisão da América Meridional, Secretário Geral Adjunto para Organismos Regionais Americanos e Embaixador do Brasil junto à Santa Sé.

            Foi com o seu prestígio de Embaixador (junto à Santa Sé) que o piripiriense Espedito Resende conseguiu que o Papa João Paulo II visitasse o Piauí. Espedito Resende foi casado com Magdalena Tudor Rezende (falecida em 05 de dezembro de 1995). O casal teve apenas uma filha: Maria Cecília Benedicta de Rezende.

1980, 29 de fevereiro – Inauguração da Escolinha Pinguinho de Gente.

            A ideia da criação da escolinha partiu das professoras Maria José da Silva Melo e Maria Geysha Sousa Rego, que preocupadas em oferecer uma boa educação às crianças piripirienses e de cidades vizinhas, criam a “Escolinha Pinguinho de Gente” (jardim de infância a 4ª série).

 

            Localizada na Rua Santos Dumont, nº. 1211, centro, a escolinha escolheu o nome “Pinguinho de Gente” por causa do “tamanho pequenino” dos alunos.

 

            A direção do colégio resolveu mudar o nome (Pinguinho de Gente) após o fatídico dia 16 de julho de 1990, data em que a Professora Maria José da Silva Melo (a tia Mazé dos pequeninos), deixou, muito cedo, este mundo, a pedido do Pai Celestial. A família, consternada, num gesto de amor e reconhecimento, prestou uma bonita homenagem à memória de tão dedicada professora, substituindo, em 1991, o antigo nome do estabelecimento por “Colégio Maria José da Silva Melo”.

 

            Hoje, a sede do Colégio Maria José está localizada na mesma rua (Santos Dumont), no imóvel de nº. 1300, em bonito e moderno prédio, oferecendo à população piripiriense uma educação de qualidade, do maternal ao Ensino Médio. A escola também oferece, em parceria com o “Grupo CEV”, de Teresina, curso pré-vestibular.

            Quem foi Maria José da Silva Melo?

            Maria José da Silva Melo, professora por vocação, nasceu em Piripiri, em 08 de fevereiro de 1945, filha do casal José Moreno da Silva e Raimunda Maria da Silva. Estudou no Padre Freitas, onde fez o antigo primário. O ginásio e o normal foram concluídos na “Escola Normal São José” (o Colégio das Irmãs). Casou-se com Altino Melo. A professora Mazé Silva faleceu no dia 16 de julho de 1990, aos 45 anos de idade.

 

 



A História da Educação em Piripiri - Parte II

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa quinta-feira, 27 de junho de 2013, 18h57.

             Era comum, em meados do século XX, a criação de escolas municipais que funcionavam na casa dos professores. O professor recebia da prefeitura, além do salário, uma verba para a compra da merenda escolar. O Município economizava com isso, pois não pagava aluguel nem construía o prédio da escola, não gastava com reforma e não pagava os demais funcionários de uma escola (vigia, zeladora, merendeira...). Um exemplo disso foi a criação das escolas municipais: Getúlio Vargas, Murilo Braga e Dr. Francisco Freire de Andrade.

 

            ESCOLA MUNICIPAL PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS – O colégio (de responsabilidade do município) ficou conhecido por “Escolinha de Seu Henrique Freitas”, por funcionar em uma de suas casas, na Rua São Francisco.

            Henrique de Freitas Aguiar e Silva – Neto do Padre Freitas, nasceu em Piripiri, no dia 15 de novembro de 1890. Filho de Henrique de Freitas e Silva e de Dona Justina da Conceição de Moraes Aguiar. Casou-se em 20/04/1921, às 17h00min, nesta cidade de Piripiri-PI, na Rua do Comércio, em sua própria residência, com Aliques de Oliveira e Silva, que lhe deu três filhos: Raimundo Nonato, Elias Moacir e Maria do Amparo. Viúvo, casou-se com Antônia Bernardino.

            Foram professoras da Escola Municipal Getúlio Vargas: Maria da Anunciação Araújo Sousa (Dona Nuncy), Madalena, Elza Sampaio (além de outras).

 

            Maria da Anunciação Araújo Sousa (Dona Nuncy) - Nascida em Piripiri, no dia 13 de novembro de 1931. Filha de Manoel Ângelo de Araújo (Manoel Jovino) e de Dona Maria da Penha Araújo. Viúva de Francisco Ferreira de Sousa, com quem teve sete filhos: Maria dos Remédios, Francisco de Assis, Francisco Manuel, Raimundo Nonato, Inês Maria, José Henrique e Regina Célia. Começou a lecionar na localidade Angical do “Nelo”, de 1956 a 1958. Em 1959, foi nomeada professora da Escola Municipal Getúlio Vargas, onde permaneceu até 1961. Dona Nuncy conta que, para lecionar, fez o “Curso de Admissão”, do Padre Raul Formiga.

            O “Curso de Admissão”, criado pelo Padre Raul Formiga, tinha duração de um ano e funcionava na Rua Felinto Rezende, numa casa (já demolida) onde nasceu o Professor Giovani.

 

            Quem foi Getúlio Vargas?

           Getúlio Dorneles Vargas - Nasceu em São Borja-RS, em 1882 e faleceu (suicídio) no Rio de Janeiro-RJ, em 1954. Presidente do Brasil (1930/1945 e 1951/1954). Foi um bom presidente para os trabalhadores brasileiros, que, em seu governo, foram agraciados com a limitação da jornada de trabalho, 13° salário entre outros benefícios.

            ESCOLA MUNICIPAL MURILO BRAGA – De início, funcionou no final da Rua 18 de Setembro, em uma casa que não mais existe.

            Depois, a escola foi transferida para a Rua Professor Bem, numa casa de propriedade do Sr. José Amâncio de Assunção, que também foi demolida.

            A casa da Rua Professor Bem, de n° 1175, era alugada ao Sr. Clóvis Lustosa de Araújo, que a dividia com sua família e a Escola Municipal Murilo Braga.

            A escola funcionava na sala da frente da casa de Seu Clóvis. Na sala ampla, havia dois quadros-negros, pendurados em paredes opostas. Duas professoras ministravam, ao mesmo tempo, assuntos diferentes. Dois grupos de alunos se posicionavam em sentidos contrários: um grupo para cada professora.

            Foram professoras da Escola Municipal Murilo Braga: Maria José de Aguiar Melo (Dona Mazé, professora e diretora) Luísa Sousa Lustosa Araújo (Dona Lula), Higina Rosa de Melo Silva (Dona Gina), Leonor de Melo Rodrigues, Ozita Sousa Melo e Sônia de Morais Belo (além de outras).

            Quem foi Murilo Braga?

 

            Murilo Braga de Carvalho nasceu no dia 08 de dezembro de 1911, na Cidade de Luzilândia-PI e faleceu em abril de 1952, na região amazônica, em acidente aéreo, a bordo do avião “Presidente" (Pan American), com destino aos Estados Unidos, onde Murilo Braga iria representar a nação brasileira em um Congresso Internacional de Educação. Bacharelou-se em Direito pela antiga Universidade do Brasil (hoje, Universidade Federal do Rio de Janeiro), mas nunca exerceu a profissão. Por sua competência e dinamismo, seu nome estava muito cogitado para ser o próximo Ministro da Educação do Governo Vargas. Seu nome foi usado para ser patrono em várias escolas do Brasil.

            ESCOLA MUNICIPAL DR. FRANCISCO FREIRE DE ANDRADE – A escola, que funcionou até 1973, ocupava uma casa na Rua Pedro II. A casa não mais existe, em seu local foi construída a Unidade Escolar Auri Castelo Branco.

 

            Foram professoras da Escola Municipal Dr. Francisco Freire de Andrade: Justina de Sousa Medeiros Oliveira (professora e diretora), Rita Sampaio, Maria das Graças, Edna, Maria do Socorro Barroso, Maria de Fátima e Luzimar (além de outras).

 

            Justina de Sousa Medeiros Oliveira nasceu no lugar Mulungu, deste município de Piripiri-PI, no dia 24 de setembro de 1931. Filha de Joaquim de Sousa Leão e de Dona Cirina Rodrigues de Medeiros. Começou a lecionar na Escola Municipal Dr. Francisco Freire de Andrade em 1966, permanecendo até o fim das atividades da citada escola, em 1973.

 

            Quem foi Francisco Freire de Andrade?

 

            A seu respeito pouco sabemos. Apenas que foi um médico que trabalhou na campanha da vacinação contra a varíola (informação prestada por Dr. Antenor à Professora Justina de Sousa Medeiros Oliveira).

 

            ESCOLA PARTICULAR SÃO JOSÉ - Escolinha de reforço situada na Praça Estévão Rabelo. A Praça Estévão Rabelo nunca existiu, a não ser em uma placa afixada na “Farmácia Lux”, esquina da Rua Felinto Rezende com a Rua 18 de Setembro. A praça era um terreno baldio, onde foi construído o prédio dos Correios.

            A escola funcionou em uma casa que não mais existe. Parte da casa foi demolida, ficando a parte intacta para ser a sede da Escola São José e a parte demolida (onde funcionou um comércio do Sr. Nestor Bezerra) foi reconstruída por Vicente Amâncio de Assunção para nela ser instalada a “Farmácia Lux”, de Joaquim Amâncio de Assunção. O prédio da farmácia e a casa em que funcionou a escola foram demolidos. Em seu lugar, foi construído um prédio, usado por uma loja de eletromóveis.

 

            A escola, criada possivelmente na década de 50, era de responsabilidade da Srª Luíza Assunção, a única professora. Foram alunos da escolinha: Luiz Cavalcante Menezes, Audir Assunção e muitos outros piripirienses que tiveram o privilégio de serem ensinados por uma das maiores educadoras de Piripiri.

            1957 – A Paróquia cria o “Jardim de Infância Jesus Menino”. A Irmã Maria José Barbosa foi uma das professoras. A escolinha teve papel importante na sociedade piripiriense, pois preparava os alunos para as séries iniciais do primário, uma inovação na época. Sua localização: Avenida Tomaz Rebelo, no prédio da “Fm Família”, antiga sede do JAC (Jovens Amigos de Cristo).

            Obs.: Observa-se, na foto acima, a Irmã Mazé em seu traje habitual. Pelo Concílio Vaticano II (1962/1965), foi determinado que o uso do hábito não seria mais uma exigência.

            Começava a década de 60. Piripiri estava alheio ao que acontecia no mundo (corrida espacial, Guerra Fria, crise dos mísseis de Cuba etc.), mas sabia que a vizinha Cidade de Piracuruca possuía um ginásio desde 1957.

 

       

           1961, 04 de março – Resultado dos esforços de dois grandes piripirienses, Aderson Alves Ferreira e Omar de Andrade Resende, surge o GINÁSIO JOSÉ NARCISO DA ROCHA FILHO. Omar Resende e Aderson Ferreira, empreendedores natos, realizam o sonho da população jovem de Piripiri. Com o esforço de amigos, da Professora Raimunda Pinheiro de Rezende (Dona Yá) e uma ajuda no valor de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros), cheque ofertado pelo Governador Chagas Rodrigues, Piripiri ganhava o tão sonhado ginásio, o “Ginásio José Narciso da Rocha Filho”. O ginásio funcionou de forma particular até 1965, ano em que foi estadualizado. O Prefeito Aderson Ferreira muito ajudou, cedendo, inclusive, o prédio da prefeitura, que serviu, nos primeiros anos, como endereço do Ginásio. Em 1967, o ginásio ganharia prédio próprio.

            A Prefeitura de Piripiri, no período em que seu prédio serviu de sede para o Ginásio José Narciso da Rocha Filho, funcionou na casa de seu Bidoca Freitas, na esquina das ruas “Padre Domingos” e “Coronel Antônio Coelho”, de onde foi transferida para uma casa entre a Igreja Batista e a casa do Sr. Jerônimo Bezerra. A casa, antiga e simples, não possuía banheiro.

 

            Na inauguração do ginásio, Álvaro Alves Ferreira proferiu a belíssima “Oração da Sapiência” (oratio sapientiae). Do belo e longo texto, vale a pena recordar o seguinte excerto: “Sr. Diretor. Em nada contribui para a criação deste Ginásio. Um pedido, porém, eu tomo a liberdade de fazê-lo. A V. Excia. Entrego o original desta arenga, rogando que seja arquivado nesta Casa para, quando um dia se fizer a história deste educandário sob sua competente direção, meu nome não seja de todo olvidado, e fiquem as gerações que hão de vir certas de que um piripiriense, que reside na capital do Estado, tomou parte na abertura do primeiro ano letivo do Ginásio José Narciso da Rocha Filho. Em 4/3/1961.” (O grifo é nosso).

            Em 13 de dezembro de 1964, a primeira turma faz merecida homenagem ao primeiro diretor do ginásio. Colava grau a “Turma Professor Omar Resende”.

            No ano seguinte (09 de abril de 1965), o Ginásio foi estadualizado. A solenidade contou com a presença do Governador Petrônio Portela, que presenteia a escola com um belo prédio, que foi concluído em 1967. 

            A construção do prédio veio em boa hora, pois o Tenente-Coronel Antonio de Andrade Poti (interventor municipal no período de 18 a 31 de janeiro de 1967), “exigiu” de volta o prédio da Prefeitura.

            Na gestão da superintendente Maria Zuíla Augusto de Rezende, o ginásio muda o nome para Unidade Escolar José Narciso da Rocha Filho, mas a população continuaria a chamar, carinhosamente, de “Ginásio José Narciso”, a grande escola de Piripiri.

            Dois grandes professores ficaram na memória dos estudantes do Ginásio José Narciso: Erandi Cavalcante Menezes e Antônio Giovani Alves de Sousa.

 

            Professora Erandi e Professor Giovani são considerados, por muitos professores e outros intelectuais piripirienses, os melhores mestres de Língua Portuguesa em nossa cidade.

            Obs.: Os alunos do Ginásio José Narciso da Rocha Filho criaram a UPES (União Piripiriense de Estudantes Secundaristas), entidade filiada a UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas). Foram responsáveis pela criação da UPES: Antonio Ferreira Filho, Ariosvaldo Assunção, Antônio Neto, Tarcísio e Outros.

 

            O desempenho da escola:

→ 26/07/10 - Entre as 10 melhores escolas da rede estadual, duas são de Teresina. Merecendo destaque a Unidade Escolar José Narciso da Rocha, que obteve 583,14. A escola localizada em Piripiri com 180 alunos matriculados no ensino médio.

→ IDEB Ensino Fundamental Regular – Séries Finais (5ª a 8ª séries) Média Nacional 4,0

→ Melhores escolas públicas do Piauí segundo o IDEB 2011

MELHORES ESCOLAS PÚBLICAS DE 6º A 9º ANOS DO PIAUÍ

            Vencedora do Prêmio “Gestão Escolar 2003”, a Unidade Escolar José Narciso recebeu oito mil reais (R$ 8.000,00) e os diplomas de “Escola Referência Estadual em Gestão” e “Liderança Estadual em Gestão Escolar”. O diretor da escola ganhou ainda, pela conquista do prêmio, uma viagem, com mais vinte e seis diretores (representantes de cada estado brasileiro) para os Estados Unidos, onde conheceram a metodologia do ensino e modelo de gestão escolar usados naquele país.

 

            Quem foi José Narciso da Rocha Filho?

 

            Brilhante empresário, comerciante de visão, começou sua vida profissional em Piracuruca-PI (onde nasceu em 25 de abril de 1879). Comprava gado de várias localidades piauienses (inclusive de Piripiri). Embarcava as boiadas em Amarração (hoje Luís Correia), com destino a Belém, Estado do Pará. Em 1907 já estava em Parnaíba-PI, onde instalou a “Loja Iracema” (razão social “J. Narciso & Cia”), que, em 1924, já era a “Narciso, Machado & Trindade”. Foi Intendente Municipal de Parnaíba por duas vezes, de 1921 a 1928. Foi um bom administrador, trazendo máquinas importadas da Alemanha para a nova Usina Elétrica, ampliando sua área de atuação; construiu o armazém de inflamáveis; aumentou o cais; reconstruiu o mercado de carne; instalou a Delegacia de Higiene; construiu várias estradas vicinais, facilitando a vida dos parnaibanos. Foi um administrador voltado para a educação, construindo o Grupo Escolar Miranda Osório, instalando os grupos escolares “José Narciso” e “Luiz Galhanoni”, além de patrocinar a fundação do Ginásio Parnaibano e a Escola Normal de Parnaíba. Foi Deputado Estadual em 1935. Construiu, com seu próprio recurso, um Hospital, anexo à Santa Casa de Misericórdia, mas faleceu antes de sua inauguração. A nova casa de saúde recebeu seu nome (Hospital José Narciso), homenageando-lhe também com uma placa de bronze, onde se lê: “Este Hospital foi doado à Parnaíba pelo benemérito piauiense José Narciso da Rocha Filho”. Casou-se em 14 de julho de 1906, com Dona Cassiana Pires Rebelo (bela jovem de 24 anos, filha do Coronel Thomaz Rebello de Oliveira Castro e Dona Lina Cassiana de Sampaio Rebello).

             Viúvo, casa-se novamente com outra piripiriense, a Srª. Antonieta Andrade de Rezende (que passou a se chamar Antonieta de Rezende Rocha), filha do Coronel Sesóstris Coelho de Rezende. José Narciso não deixou filhos. Faleceu em Parnaíba, no dia 13 de abril de 1951.

            1963 – Em março é criada a Escolinha Paroquial Frei Jordão. A escola foi mais um dos empreendimentos dos padres franciscanos em Piripiri.

            Antes de falarmos da história da escolinha Frei Jordão, é necessário que se conte uma lição de vida muito bonita. Dona Gonçala Rodrigues de Moraes Sousa (Yayá Moraes), falecida em 19 de agosto de 1952, costumava dizer que quando morresse, sua casa seria doada para “Nossa Senhora dos Remédios”. Sua vontade foi atendida por seus filhos, que também exigiram que, na casa, deveria funcionar uma escola doméstica para moças pobres, uns dos desejos de Dona Gonçala.

 

            Em primeiro de março de 1953, na casa que fora de Yayá Morais, situada na Rua 24 de Janeiro (hoje, Rua Vicente Amâncio de Assunção) começa a funcionar a “Escola Doméstica Yayá Moraes”, num bonito gesto de desapego a bens materiais dos filhos da homenageada, que doaram a propriedade à Paróquia de Piripiri. A escola foi reconhecida pelo município, através do Decreto nº 13, do dia 17 de agosto do mesmo ano (1953).

 

            Em 1963, o prédio é ampliado e adaptado para acomodar uma escola para crianças, do antigo curso primário, outrora denominado 1º grau menor. Nascia aí, a “Escolinha Frei Jordão”.

            A direção do colégio foi entregue à Irmã Marta, que o dirigiu por vários anos. Quando Irmã Marta deixou Piripiri, passou a direção para Irmã Natalina, que contou com o apoio da Professora Remédios Cruz. Conceição de Sales Cruz era diretora da escola, quando a Paróquia requisita o prédio, em 1989, ano em que a Escolinha Frei Jordão deixou de existir.

 Quem foi Yayá Moraes e quem foi Frei Jordão?

 

            Yayá Moraes era a forma carinhosa como era tratada a Srª. Gonçala Rodrigues de Moraes Sousa, nascida em Piripiri, em 17 de agosto de 1881 e falecida em Recife-PE, em 30 de junho de 1946. Era filha de Alexandre Rodrigues de Moraes Sousa e Maria Francisca de Meneses. De seu casamento com Benjamin Alves da Costa (Guarda-fios dos Correios), nasceram os filhos Otávio, João Batista, José, Ester, Madá, Conceição, Edith, Gracy e Inês

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            Seis anos após sua morte (1952), seus filhos doaram a casa da família para a Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios.

 

            Frei Jordão Henrique Mai nasceu em Buer Vestfália, Alemanha, em primeiro de setembro de 1866. Pobre e com muitos irmãos, aprendeu cedo as profissões do pai, que era artesão, seleiro, curtidor, marchante e agricultor. Frei Jordão faleceu em 20 de fevereiro de 1922.

            Obs.: A verba para construção da Escola veio da Fundação Frei Jordão, sediada na Alemanha.

 

            Frei Rodrigo Busenhagen foi o primeiro diretor. A Paróquia esteve à frente da escolinha até 1984. Criou-se então um Conselho, de responsabilidade dos pais dos alunos, ocorrendo mudanças na direção.

            1965 – Escolinha Álvaro de Melo Castro.

 

            Em atividade de 1965 a 1973. Oferecia Maternal até 3ª série.

 

            Funcionou na Rua Pires Rebelo, em salas de aula adaptadas de galpões existentes no quintal da casa do casal Antônio Bezerra e Zélia. Além de aulas de alfabetização, eram ensinadas noções de higiene, respeito, amor ao próximo, companheirismo e outras virtudes que preparavam os alunos para a vida. Os alunos eram tidos como filhos, ou melhor, sobrinhos das tias Zélia, Mazé Silva, Emília e Maria de Fátima.

            A Escolinha da Tia Zélia, como ficou também conhecida, era um requisito a mais para a vida escolar dos pequeninos de Piripiri, que, bem alfabetizados e disciplinados, estavam aptos a  ingressarem em qualquer colégio.

 

            Quem foi Álvaro de Melo Castro?

            Álvaro de Melo Castro nasceu no dia 19 de dezembro de 1904. Casou-se com Gerviz de Castro Cruz Melo. Foi pai de cinco filhos: Gilka, Maria Gilda, Edson, Zélia e Álvaro Francisco.

            Álvaro de Melo Castro notabilizou-se por sua retidão e pelo amor aos seus familiares, consideração aos amigos e respeito às pessoas com quem conviveu. Faleceu aos 53 anos de idade, quando ainda tinha muito a oferecer.

 

Para execução deste trabalho, foi de fundamental importância a pesquisa em livros (incluindo-se livros de Cartório), informações prestadas por estudiosos da nossa história, fotografias escaneadas de álbuns de família, salvas em facebook, fotografadas de quadros e feitas originalmente para este artigo.

Pesquisa feita nos seguintes livros: "Piripiri" e "O Padre Freitas de Piripiri", de Judith Santana; "Memórias de Piripiri", "Velhos Conterrâneos Luminosos" e "Nos Tempos do Coronel Thomaz Rebello", de Cléa Rezende Neves de Mello; "Ruas, Avenidas e Praças de Piripiri" e "Ponta-de-Rama", de Fabiano Melo; "Cronologia Histórica do Estado do Piauí", vol. 02, de F. A. Pereira da Costa;  "Pesquisas para a História do Piauí", vol. o4, de Odilon Nunes; "Professor Felismino Freitas - Educação como Missão e Vocação", de Maria Leonília de Freitas, Francisco Antonio Freitas de Sousa e Francisco Newton de Freitas; "Piripiri", publicação do Banco do Nordeste S/A; "PIRIPIRI - Piauí", monografia nº 625, publicada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; "Parabéns, Piripiri! 75 anos", publicação da Prefeitura Municipal de Piripiri; "Cada Rua, Sua História - Parnaíba", de Caio Passos; "100 Fatos do Piauí no Século XX", de Zózimo Tavares; “Antologia da Academia Piauiense de Letras”, de Wilson Carvalho Gonçalves; “Almanaque da Parnaíba” (1961), de Ranulpho Torres Raposo. “Revista Cidade Verde”, edição 042, de 09/10/2012; “Como o Sândalo – Virtudes e Méritos de Maria do Carmo Melo”, de Ana Maria Cunha; “Respingos na Caminha”, de Maria do Carmo Melo, “Sertões de Bacharéis – O Poder no Piauí entre 1759 e1889”, de Jesualdo Cavalcanti Barros.

Fotos, imagens, comentários em fotos de facebook, sugestão e informações prestadas pelos intelectuais: Armilo de Sousa Cavalcante, Auciomara Teixeira, João Cláudio Moreno, Adelaide Macedo, Maria da Conceição Oliveira de Almeida, Vicença Assunção Oliveira e Assunção, Joaquim Amâncio de Assunção, Fabiano Melo, Luiz Mário de Morais Getirana, Emília Maria Cruz, Zélia de Cruz Castro Bezerra de Melo, Edivar Gomes de Araújo, Raimunda Rocha e Silva, Francisco Newton de Freitas, Maria Daysée Assunção Lacerda, Lúcia Cruz Holanda, Zélia Marques, Antonio Ferreira Filho, Cléa Rezende, Leonor Melo, Emília Maria Cruz, Maria José Melo, Ana Assunção Oliveira Cunha, Maria da Anunciação Araújo Sousa, Luísa Sousa Lustosa Araújo, Leonor de Melo Rodrigues, Justina de Sousa Medeiros Oliveira, Maria dos Remédios Paiva Marques, Eugênio Leite Monteiro Alves.

Sites pesquisados: http://www.ufpi.edu.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/eventos/2006.gt10/GT10_2006_03.PDF → Marcelo de Sousa Neto (UESPI) Doutorando em História – UFPE; http://www.gterra.com.br/geral/governo-de-wellington-dias-fechou-40-escolas-no-piaui-29942.html; 

http://www.portalaz.com.br/noticia/geral/248445_professores_denunciam_manobra_para_fechar_escola_seduc_nega_acusacao.html;

http://www.180graus.com/blog-literario/o-s-f-u-n-d-a-d-o-r-e-s-baurelio-mangabeira-por-reginaldo-miranda-472410.html; http://www.camara.gov.br/internet/InfDoc/novoconteudo/legislacao/republica/Leisocerizadas/Leis1972v2.pdf

http://www.diariooficial.pi.gov.br/diario/200506/18813f2617262c2.pdf; http://www.jusbrasil.com.br/diarios/2665800/dou-secao-1-17-04-1957-pg-1/pdfView; http://www.famososquepartiram.com/2011/07/petronio-portela.html; http://csi.ati.pi.gov.br; 

www.colegiomariajosepi.com.br; http://www.educandariochristus.com.br; www.chrisfapi.com.br

http://www.tre-df.jus.br/institucional/conheca-o-tre-df/galeria-de-ex-presidentes/desembargador-joaquim-de-souza-neto

http://professorfranciscomello.blogspot.com.br/2010/06/mulheres-que-contribuiram-para-nossa_21.html

http://historiadopsc.blogspot.com.br/2010/09/todas-as-diretoras-do-patronato-sousa.htm

http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_19970822_ozanam_po.html

http://www.piracuruca.com/capitulotexto.asp?codigo=49&codigo1=Revista%20Ateneu%20-%20N%B0%201

http://www.noticiasdeurucui.com.br/noticias/saiba-quais-as-melhores-escolas-publicas-do-piaui-segundo-o-ideb-2011-10560.html

http://www.cidadeverde.com/seduc-premia-75-escolas-que-tiveram-acima-da-media-no-ideb-e-enem-62109

http://www.piaui2008.pi.gov.br/impressao.php?id=14316

 

 



A História da Educação em Piripiri - Parte I



Leia mais:A História da Educação em Piripiri - Parte I

A História das Escolas de Datilografia em Piripiri

 

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa quarta-feira, 19 de dezembro de 2012, 23h59min.

            Com o objetivo inicial de criar um instrumento capaz de escrever cartas, o inglês Henry Mill cria, em 1714, uma máquina semelhante às de datilografia. Em 1808, o italiano Pellegrino Turri adapta, ao modelo de Henry, um teclado, nascendo assim, um dos maiores inventos do começo do Século XX.

            Aqui no Brasil, coube ao Padre Francisco João de Azevedo a invenção de uma máquina de escrever bastante simples, apresentada ao público em 1861.

            Bonitas, artigos de última tecnologia, essas máquinas reinaram com soberania quase todo o Século XX, desaparecendo aos poucos, com o advento do computador.

            Mas nem todos se renderam à praticidade dos computadores. Há, ainda, em empresas, cartórios, pequenos escritórios, profissionais competentes que não abandonaram a charmosa máquina de escrever.

            Para se manusear essas máquinas, as empresas exigiam profissionais formados em escolas de datilografia. Um certificado de datilografia, naquela época, era um requisito a mais no currículo, tornando o portador do diploma bastante valorizado no mercado de trabalho.

            A primeira escola de datilografia (que se tem notícia em Piripiri) foi a Escola de Dona Maria Hilda de Carvalho Melo, esposa do Sr. Raimundo Borges de Melo e mãe do cantor e escritor Jorge Mello. A escola começou em 1963, com os alunos Fernandez e Tarcísio (este último, filho do Sr. Valentim, ex-vereador e comerciante). O objetivo inicial era prepará-los para o concurso do Banco do Brasil. Com a aprovação desses alunos, novos pupilos apareceram, formando numerosas turmas. Dona Hilda também exercia a função de telegrafista na Agência dos Correios.

            Quase no mesmo período, começou a funcionar a “Escola de Datilografia Pratt”, cujas aulas eram ministradas pela Professora Edmer Rocha de Carvalho (esposa do Sr. Nélson Ribeiro), que ainda na década de 60, ao deixar a cidade, entregou suas turmas aos cuidados de sua cunhada Cristina Ribeiro (irmã do Sr. Gerson Ribeiro). A Escola Pratt funcionou na Rua São Francisco, atrás do FSESP e na AV. Aderson Ferreira, em frente à casa da Dona Patrocina (esposa do Sr. Domingos Freitas).

            Por volta de 1968, Expedito Ribeiro de Sousa procura o Sr. Adhemar Getirana, presidente da União dos Agricultores de Piripiri, que cede o prédio dessa entidade para funcionar a “Escola Particular Santo Expedito” – Curso Remington.

            Janeiro de 1971, Dona Jandira, esposa do Prefeito Jônatas Melo, cria a Escola de Datilografia do Serviço Social do Município de Piripiri, tendo como primeira professora Francisca das Chagas Getirana de Alencar.

            Em abril de 1972, José Josué Martins Andrade funda a “Escola de Datilografia São José”, que habilitou muitos piripirienses na arte da datilografia.

            Na década de 50, Acelino Marques de Oliveira cria a União Operária Pires Rebelo, instituição voltada exclusivamente para o público feminino, com cursos de corte, costura e bordado. Só no final de 1972 é que foi criada a Escola de Datilografia Pires Rebelo, com aulas ministradas por William Oliveira Sousa, neto de Acelino Marques. A primeira sede da "Escola de Datilografia Pires Rebelo" situava-se na esquina da Rua Avelino Resende com a Rua Padre Domingos, onde hoje funciona uma farmácia de manipulação, já em novo prédio. A segunda e última sede foi na esquina da Avenida Aderson Ferreira com a Rua Francisco Emerson, conhecida popularmente como “escolinha”, onde também funcionou uma danceteria.

            Em fevereiro de 1974, a Paróquia Nossa Senhora dos Remédios funda a Escola de Datilografia São Francisco e Francisca das Chagas Getirana de Alencar é sua primeira professora.

            A foto acima registra a formatura de uma das turmas, no Centro Paroquial, em 28/12/1975. Na foto estão presentes: a professora Chaguinha Getirana, Frei Francisco, Orlando Lustosa, Remédios Carvalho, José Maria Viana, Rosário Cruz, Jorge (irmão do Horácio), Jacinta (irmã do “Pecador”), Francisco Inácio e Outros.

Acima, o aluno José Maria Viana recebe o diploma das mãos de Helenita Assunção.

            Diploma conferido à Professora Rita Cerqueira de Andrade. Os diplomas eram preenchidos a mão pelo aluno e colaborador Assis Bastos.

            As escolas de datilografia ainda alcançaram a década de 90, mas foram esquecidas e gradativamente abandonadas com a popularização do computador.

 

→ Crédito: Informações prestadas por Francisca das Chagas Getirana de Alencar, José Josué Martins Andrade, William Oliveira Sousa, Luiz Mário de Morais Getirana e Jorge Mello. Fotos – José Maria Viana, José Josué Martins Viana, Luiz Mário Morais Getirana, foto de internet e arquivo pessoal, Informação sobre a origem da máquina de escrever: http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1quina_de_escrever



O telefone toca pela primeira vez em Piripiri (Telefônica e Telepisa)

 

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa terça-feira, 26 de fevereiro de 2013, 20h09min.

            Em que ano foi inventado o telefone? Em 1860 pelo italiano Antonio Meuci? Ou em 1876 com o aparelho patenteado pelo escocês Alexander Graham Bell?

            Em 1876, D. Pedro II, Imperador do Brasil, em visita à Exposição Internacional Comemorativa ao Centenário da Independência Americana, examina um esquisito aparelho e aceita o convite feito por Graham Bell. O inventor escocês faz uma ligação do aparelho transmissor a outro aparelho, que tinha D. Pedro II com o receptor próximo ao ouvido. O silêncio foi quebrado com a exclamação incrédula do Imperador do Brasil: “Meu Deus, isto fala!”.

            Três anos depois, A Cidade do Rio de Janeiro ganhava seu primeiro telefone, feito especialmente para D. Pedro II.

            O telefone só chegou ao Piauí no início do século XX, em 13 de junho de 1907, no governo Álvaro Mendes. Foram apenas 18 linhas, mas, em pouco tempo, inúmeras residências teresinenses possuiriam o aparelho falante.

            Com o crescente interesse e aquisição de novos aparelhos, um jornal de Teresina publicou: “Para se falar regularmente ao telefone, é preciso não falar alto e sim em voz natural e afastado do aparelho um palmo, aproximadamente. Acabada a conversa, as pessoas deverão colocar o receptor na forqueta do aparelho e dar, após, meia rotação na manivela, para fazer ciente a estação de que já terminaram a comunicação.”

            Em 1937, Teresina passa a usufruir do sistema de telefonia automática. O novo sistema foi inaugurado pelo Governador Leônidas Melo.

            Com o telefone automático, a tranquilidade dos lares teresinenses estava ameaçada com a ocorrência cada vez mais frequente dos desagradáveis trotes. A situação tornou-se insustentável a ponto de o Diário Oficial do Estado publicar, na edição de 20 de maio de 1937, o aviso oriundo da Diretoria das Obras Públicas: “O Serviço Telefônico avisa que em virtude de abusos verificados por muitas pessoas que se utilizam dos aparelhos, resolveu controlar o serviço de ligações. Por esse controle verificará de quais aparelhos partem tais abusos. Os mesmos serão desligados e o assinante perderá a caução e terá o nome publicado no jornal".

            Em 07 de dezembro de 1960, no Governo Chagas Rodrigues, é criada a Telepisa (Telecomunicações do Piauí S/A).

            Enquanto o mundo desfrutava dos benefícios do telefone, Piripiri aguardava ansiosa a chegada do maravilhoso invento.

            Atendendo aos anseios da população, um grupo de ilustres piripirienses funda a “Telefônica de Piripiri”.

            Nonato Melo, um dos fundadores, vendeu os primeiros trinta aparelhos para a população. Algumas pessoas tinham medo de comprar os aparelhos, pois foram vítimas de um vendedor de Tianguá-CE, que vendera cerca de dez aparelhos telefônicos, prometendo a instalação de uma central. O caixeiro cearense nunca mais apareceu.

            A primeira sede da “Telefônica de Piripiri” foi instalada numa modesta casa, vizinha ao “Clube da Raposa”. Hoje, no local das duas casas, há um só prédio, ocupado pela loja “Arrudão”. 

O sistema funcionava assim: inicialmente foram instaladas três caixas, cada uma com saída para dez aparelhos telefônicos. A central se comunicava com os aparelhos através de fios de chumbo, esticados em postes de madeira. Em Piripiri não havia postes de concreto. A Cepisa só chegaria a Piripiri alguns anos mais tarde.

            Raimundo Nonato de Brito, homem de memória privilegiada, lembra que, no dia primeiro de abril de 1966, os senhores Otílio Resende (1º presidente), João Evangelista de Melo, Aristóteles Portela, Cícero Medeiros, Valdecy José de Sousa, Antônio Bezerra de Melo, Nonato Melo e Outros notáveis piripirienses inauguraram a “Telefônica de Piripiri”.

            A primeira ligação, feita pela central, teve como emissor o vice-prefeito Antônio Bezerra de Melo. Do outro lado da linha, na Rua Pires Rebelo, na casa de nº 386, próximo à Igreja Matriz, Zélia de Cruz Castro Bezerra Melo observava, ansiosa, o aparelho telefônico.

Repentinamente:

Triiim... triiim... triiim...

Dona Zélia lembra, como se hoje fosse, as primeiras palavras “cantadas” ao telefone por seu marido Antônio Bezerra de Melo.

- Alô!

- Alô, Zélia, sou eu, o Antônio! Estou ligando aqui da inauguração da Telefônica! Piripiri está de parabéns com esse fabuloso meio de comunicação!

            Um fato curioso, ocorrido nos primeiros anos da “Telefônica de Piripiri”, foi a queda de um raio próximo à Praça da Bandeira. Na hora da descarga elétrica, Dona Salete Portela, falava ao telefone, na residência de seu irmão, Aristóteles Portela. Por causa da precariedade do sistema, houve um incidente inusitado: o transmissor do aparelho telefônico ficara por alguns instantes “grudado” à sua orelha. Episódio semelhante acontecera com a telefonista Albaniza Alves, no prédio da Telepisa, no Morro da Saudade.

            Os primeiros funcionários da “Telefônica de Piripiri” foram: Flaubert Portela (1º gerente) Vânia Portela, Raimundo Nonato de Brito (Nonato da Telepisa), Elisa Guimarães, Edson Canuto. O Sr. Edson Canuto trabalhava à noite e entregava as contas de telefone ao dia. O sistema só funcionava até a meia-noite. Para se usar o telefone, ligava-se primeiro ao posto (nº 102) e informava-se o número pretendido.

            Em 1968, a sede da “Telefônica de Piripiri” é transferida para o prédio onde hoje está instalada a Agespisa, no Morro da Saudade.

            Os piripirienses estavam orgulhosos com o civilizado meio de comunicação. Mas havia um inconveniente: as ligações só podiam ser feitas dentro da própria cidade; e a cidade ainda era pequena. O telefone era um bem de luxo, usado por poucas pessoas. Não era uma necessidade.

            Para instalação de sua sede, em definitivo, a “Telefônica de Piripiri” construiu um prédio, no encontro das ruas Santos Dumont com a Coronel Antônio Coelho, mas não chegou a ocupá-lo, pois, meses antes de sua mudança, a Telepisa encampou a empresa “Telefônica de Piripiri”. O prédio, hoje, é ocupado pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

              A Telepisa - Telefones do Piauí S/A (primeiro significado da sigla), uma empresa de economia mista, com 51% das ações de propriedade do Estado, começou a funcionar em 23 de agosto de 1969, com cerca de cem aparelhos telefônicos. Temporariamente, ocupou o prédio em que funcionou a extinta “Telefônica de Piripiri”, no Morro da Saudade, enquanto seu prédio próprio estava sendo construído no terreno onde, provavelmente existiu o Hotel de Dona Santilha ou a casa do poeta Lolô Freitas, na Praça da Bandeira. A mudança, no entanto, aconteceu antes do previsto, devido a um incêndio nos fundos do prédio (no Morro da Saudade), ocasionando a perda dos cabos.

            Ainda no prédio da Agespisa (Morro da Saudade) a Telepisa instalou uma mesa semiautomática, da Siemens, com capacidade para 300 telefones. Os telefonistas tinham de saber, de cor, os números de todos os assinantes, pois o sistema funcionava assim: alguém ligava, acendia-se uma luz na mesa, acusando a ligação à central; o telefonista entrava em contato com o usuário, que manifestava seu desejo de falar com outro assinante, sendo prontamente atendido pelo telefonista que conhecia os nomes e os números de todos os assinantes. 

            Os assinantes, pela primeira vez, receberam os catálogos telefônicos. As ligações agora poderiam ser feitas para todo o Brasil. Piripiri não estava mais isolada do mundo.

            Foram tempos difíceis, os primeiros anos da Telepisa, Francisco Alves de Oliveira (o “Chico Pitombão”) recorda que o único meio de transporte, oferecido pela empresa, eram duas bicicletas. Eles tinham de pedalar e sustentar a escada no ombro.

            Caprichoso, Francisco Alves usava seu próprio transporte, uma monareta comprada por Cr$ 120,00, no dia 15 de janeiro de 1967, antes de ele ser contratado pela Telepisa. Só anos mais tarde, veio o primeiro automóvel, um fusca.

            De acordo com a última monografia publicada pelo IBGE, Piripiri possuía, em 1982, 582 aparelhos telefônicos.

            Em 1982, os telefones de Piripiri possuíam apenas três números.

            Em 1985, foi acrescido um “3” aos números já existentes:

            Em 1989, mais uma mudança, criou-se o prefixo “261”, conservando a numeração anterior.

            Em 1993, o prefixo “261” é substituído por “276”, mudando-se também todos os números.

 

            A Telepisa foi privatizada em 29 de julho de 1998, passando a se chamar “Telemar Norte Leste S/A”. Muitos postos foram “abandonados”.

            Em 06 de novembro de 2005, a mudança final, acrescentou-se novamente um “3” ao prefixo “276”.

            Em 2007, o grupo OI (telecomunicações) assume o comando da empresa.

→ Crédito: Informações prestadas por Zélia de Cruz Castro Bezerra Melo; Luiz Mário de Morais Getirana; Raimundo Nonato de Brito, Lúcia Cruz Holanda, Gerardo Furtado de carvalho e Francisco Alves de Oliveira. Fotos de Zélia de Cruz Castro Castro Bezerra, Kenard Kruel, foto do site http://arlsalvaromendes.wordpress.com, fotos escaneadas de catálogos telefônicos e da monografia Piripiri-PI IBGE, foto do site http://vejapiripiri.com e acervo próprio. Livro: Memórias de Piripiri – Cléa Rezende Neves de Mello; 100 Fatos do Piauí no Século 20 – Zózimo Tavares; Monografia Piripiri-PI - IGBE. Acesso aos sites: http://www.tjpi.jus.brhttp://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-telefone/historia-do-telefone.phphttp://acervoatitofilho8.blogspot.com.br/2012/02/o-automatico.html ehttp://arlsalvaromendes.wordpress.com/

 

 



Raimundo Gomes das Neves, o piripiriense herói da Guerra do Paraguai

 

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa quinta-feira, 07 de fevereiro de 2013, 00h42min.

            A Guerra do Paraguai foi um embate sangrento ocorrido no vizinho território paraguaio, onde a valente nação paraguaia pelejou com destemor contra a Tríplice Aliança (Brasil, Uruguai e Argentina). Essa guerra é considerada o maior conflito da América do Sul. A guerra começou em dezembro de 1864, terminando em março de 1870.

            O Império brasileiro, para arrebanhar o maior número de voluntários, usou de diversos artifícios, como convocar escravos (com a promessa de liberdade, se porventura sobrevivessem) e anúncios patrióticos, em que se valorizava a participação de cada brasileiro com coragem e capacidade de guerrear contra os paraguaios.

            Os jornais, em todo o Brasil, apelavam para o sentimento nativista brasileiro. Um exemplo disso foi publicado na edição de nº 02767 do “Correio Paulistano”. 

→  Veja o conteúdo do anúncio acima: “Com effeito, é preciso vencer o Paraguay, e vencer já para que a victoria por tardia não seja tão desastrosa como a derrota, para que a victoria por tardia não seja atribuída ao tempo e aos recursos do Império, em vez de ser devida ao patriotismo e ao gênio da nação brasileira.”

            Na época da Guerra do Paraguai, Franklin Américo de Menezes Dória era o Presidente da Província do Piauí.

            O Presidente Dória recebeu um comunicado do Ministro dos Negócios da Justiça, em que se requisitava a convocação da Guarda Nacional da Província do Piauí, que deveria seguir para o Paraguai (1.160 guardas), acompanhada de tantos voluntários quantos pudesse conseguir. Para ajudá-lo nessa missão, contou com a ajuda de recrutadores.

            Lívio Lopes Castelo Branco e Silva  foi recrutador-geral em algumas vilas do norte piauiense.

            O Padre Freitas em carta, dirigida ao Presidente da Província do Piauí (endossada pelo Capitão da Guarda Nacional da região a que Piripiri estava subordinada), indica, entre outros piripirienses, o nome de Raimundo Gomes das Neves.

            Alguns trechos da carta (“desvendados”):

            Raimundo Gomes das Neves, valente piripiriense, ofereceu-se voluntariamente para defender o Brasil na temida Guerra do Paraguai. Raimundo não estava só, embarcou para a guerra acompanhado de quatro de seus irmãos.

            Segundo Dona Maria de Lourdes Sousa e Silva, seu avô, Raimundo Gomes das Neves, ao partir para a guerra, prometera à jovem Anna Joaquina Raimunda da Silva que, se vivo voltasse, casar-se-iam tão logo colocasse os pés em sua amada Piripiry.

            Raimundo Gomes das Neves e seus irmãos embarcaram no 1º Distrito Militar que compreendia os municípios de Parnaíba, Pedro II, Piracuruca, Barras, Campo Maior e União.

            Há algumas curiosidades a respeito da atuação de Raimundo Gomes das Neves em território paraguaio. Dizem que Raimundo levara um tiro no pé, e mediante um boato espalhado de que os soldados feridos seriam sacrificados (para não serem torturados pelos soldados paraguaios), o piripiriense acompanhava a tropa, pulando em um só pé. Fez isso até ser socorrido.

            Já sua neta, Dona Maria de Lourdes, desconhece esse episódio e diz que ouvira várias vezes de sua mãe Anna Jovita (Dona Donana) a história de que seu avô sabia orações fortes e que, por isso, não se feriu. Uma das histórias que ouviu de sua mãe era a de que seu avô sabia uma oração, que ao rezá-la, tornava-se invisível aos olhos paraguaios. Diz Dona Maria de Lourdes que ele se escondia atrás do fuzil e os soldados inimigos passavam dos dois lados, não o enxergando.

            Dona Tó, outra Filha de Raimundo Gomes das Neves, informara à sua filha Francisca das Chagas Gomes (neta de Raimundo) que seu pai fora ferido na guerra (no pé) e que sabia uma forte oração, que depois de feita, transformava-se em um toco, sendo ignorado pelos soldados inimigos.

            Raimundo Gomes das Neves retornou são e salvo da guerra e casou-se, em Piracuruca, com Anna Joaquina Raimunda da Silva. A mesma sorte não tiveram seus quatro irmãos, que faleceram na guerra. 

            Raimundo trouxe da guerra uma “bola de ouro” e um penico de porcelana (que se encontra com sua neta Maria de Lourdes). Segundo Francisca das Chagas Gomes, Dona Tó gostava de contar que seu pai Raimundo ganhara muito ouro na guerra. 

            O 2º Sargento do Exército Raimundo Gomes das Neves casou-se, como prometera, com Anna Joaquina Raimunda da Silva. Tiveram treze filhos (relação em ordem alfabética): Anna Jovita da Silva (Dona Donana), Antônio Gomes da Silva, Benvindo Gomes das Neves, Claudianor Gomes da Silva ("Coló de Anor", o mais velho), Estolina Raimunda da Silva (Dona Tó), Isabel Gomes da Silva, Joaquim Gomes das Neves, Jovelina Gomes da Silva,  Maria Joana da Silva (Dona Mariquinha), Sergismunda Gomes da Silva (Dona “Xis”), Senhorinha Gomes da Silva e Venina Gomes da Silva (a mais nova). A última filha nasceu morta.

            Antes de partir para a Guerra do Paraguai, Raimundo e seus irmãos moravam na localidade Serrinha, próximo ao Recurso (Posto da Polícia Rodoviária Federal). Ao retornar, só, da guerra, Raimundo Gomes das Neves construiu uma casa na Rua Padre Domingos, atrás do Grupo Escolar Padre Freitas. Essa casa seria comprada muitos anos mais tarde por Raimundo Horácio (Raimundo Babão). Nessa casa (que hoje se encontra dividida em três) morreu Raimundo Gomes das Neves, no dia 28 de janeiro de 1911. Sua esposa Anna Joaquina faleceria vinte e seis anos depois, em julho de 1937.

            Raimundo Gomes das Neves, sua esposa Anna Joaquina e seus filhos Benvindo e Joaquim foram sepultados no Cemitério “Nossa Senhora dos Remédios”. Hoje, não mais existe o cemitério. A Paróquia doou o terreno do cemitério à Prefeitura Municipal de Piripiri, que construiu no lugar a Capela Ecumênica Mortuária (inaugurada em 1º de julho de 2010). Seus corpos não mais existem, apenas placas com a indicação de seus nomes.

            Diz Dona Maria de Lourdes que seu avô era um homem endurecido pela guerra. Muito bravo com os filhos. Certa vez, dera uma violenta surra no filho Claudianor, que, revoltado, fugiu de casa, nunca mais retornando.

            O Prefeito Nélson Rezende, representando alguns filhos de Raimundo Gomes das Neves, procurou o Sr. Alarico José da Cunha (Poeta, jornalista e maçom, residente na Cidade de Parnaíba) que conseguiu localizar o prontuário de Raimundo Gomes das Neves, no arquivo central do exército, possibilitando assim que as filhas (dele Raimundo) recebessem uma pensão (vitalícia).

            Anna Jovita da Silva, filha de Raimundo Gomes das Neves, recebeu a pensão até 2007, ano em que faleceu.

            Pelo santinho do sétimo dia de falecimento, Anna Jovita da Silva (Dona Donana) teria vivido 108 anos. No entanto, o ano oficial de seu nascimento é 1897, como se vê na certidão de casamento civil abaixo, o que aumenta sua idade para 110 anos.

            Dona Donana pode ter sido, pela idade, a última pensionista dos combatentes da Guerra do Paraguai e uma das piripirienses mais longevas.

            Dona Estolina Raimunda da Silva (Dona Tó), outra filha de Raimundo Gomes das Neves, faleceu em 14 de fevereiro de 1993 (meses antes de completar 97 anos). Era casada com Gonçalo do Carmo Santiago. Hoje, os filhos de Dona Tó (Francisca e Gonçalinho) residem ao lado do prédio do INSS, nesta cidade, na esquina das ruas Major Antônio Albino e Dr. Antenor de Araújo Freitas.

            Decerto, outros piripirienses, além de Raimundo Gomes das Neves e seus irmãos, combateram em solo paraguaio. Outros nomes de piripirienses foram apontados, mas as famílias, ao serem procuradas, esclareciam não se tratar da Guerra do Paraguai, mas da 2ª Grande Guerra. 

            Há alguns anos, Dona Maria de Lourdes jogou fora os contracheques da pensão que sua mãe recebia. Não há fotos de Raimundo Gomes das Neves, pelo menos em poder de Dona Maria de Lourdes e Francisca das Chagas Gomes.

            Piripiri, terra de artistas, políticos famosos, intelectuais... também é a terra do esquecimento. Raimundo Gomes das Neves foi um autêntico herói; foi recebido com honras pelo Imperador do Brasil, D. Pedro II, que, pessoalmente, agradeceu ao seu brioso desempenho na guerra.

            A escritora Judith Santana, em seu livro “Piripiri”, faz a seguinte menção a Raimundo Gomes das Neves: 

            E Hoje?  Em sua cidade natal, não há sequer uma rua em sua homenagem!

            Não deixemos que o nome de Raimundo Gomes das Neves caia no esquecimento. Cabe às atuais autoridades municipais reparar esse descuido. 

 

→ Crédito: Informações prestadas por Maria de Lourdes Sousa e Silva, Francisca das Chagas Gomes, Edivar Gomes de Araújo. Livros: Piripiri e O Padre Freitas de Piripiri – Judith Santana; Mons. Chaves Obra Completa – Monsenhor Chaves; Fotos: Arquivo de Maria de Lourdes Sousa e Silva, páginas escaneadas dos livros Piripiri e O Padre Freitas de Piripiri, de Judith Santana e arquivo pessoal; Acesso aos sites:  http://www.brasilescola.com/historiab/guerra-paraguai.htmhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Paraguai; Informações colhidas na Tese apresentada  ao curso de pós-graduação em História Social da Universidade Federal Fluminense: “Bravos do Piauí! Orgulhai-vos. Sois dos mais bravos batalhões do império: A propaganda nos jornais piauienses e a mobilização para a guerra do Paraguai 1865-1866” – Johny Santana de Araújo.



A Botija do João Ciriaca (não é lenda)

 

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez num sábado, 19 de janeiro de 2013, 01h27min.

Um segredo nunca descoberto

 Ciriaca, um pacato cidadão piripiriense, levava uma vida tranquila e sem maiores ambições. Trabalhava no bar do Sr. Gonçalo Pinto Magalhães (Gonçalinho), fabricava vasos e outras peças de cimento, criava porcos, tratando-os carinhosamente e chamando cada animal pelo nome. news.

            A monotonia de sua vida só foi quebrada quando começou a sonhar com um tesouro que estaria enterrado no quintal do bar do Sr. Gonçalinho, que além de proprietário de bar, era sacristão.

            João Ciriaca sonhara três noites com a botija, mas teria que guardar segredo, ir sozinho, usar um cavador de pau, velas e rosário.

            João Ciriaca, apesar de advertido pela alma, contara a “notícia” para muitas pessoas. Houve quem não acreditasse na história, achando que Ciriaca desconfiara de alguma coisa enterrada no quintal do bar e, por isso, inventara os sonhos.

            O bar do Sr. Gonçalinho funcionava dia e noite, na Rua Major Antônio Albino, numa casa (já demolida) em que morou, anos depois, o próprio João Ciriaca. O imóvel ficava de frente para a casa de seu Hamilton (hoje, o Educandário Christus).

            Além de João Ciriaca, havia outro funcionário, o Alfredo. Os dois, movidos pela ambição, na calada da noite, aproveitando que o bar estava fechado e os vizinhos dormiam, começaram a cavar no lugar indicado por João. A surpresa foi decepcionante, em vez de um baú cheio de moedas de ouro, encontraram a imagem de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos.

            Se a decepção de João Ciriaca foi grande, o medo de Alfredo foi muito maior. O pobre Alfredo, supersticioso, saiu correndo pelas ruas da cidade, parando, sem fôlego, no bar do Sr. Domingos Freitas, ainda aberto, apesar da hora avançada.

            O bar do Sr. Domingos Freitas, situado na casa do Padre Freitas, era o “point” da juventude. Além de ser um bar de esquina para a praça, fora o primeiro a adquirir um balcão para a venda de sorvetes e picolés. 

            O Apavorado Alfredo, bastante exausto, conta a misteriosa aventura a Domingos e Capitão Freitas, que se dirigem ao local, encontrando João Ciriaca, assustado e aturdido, contemplando a imagem de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos.

            A imagem, em tamanho natural, além de bastante desgastada, estava com as pernas e braços quebrados.

            Mas... afinal, que imagem é essa? De onde veio e o que estava fazendo ali? No quintal do bar do sacristão Gonçalinho. 

NOSSO SENHOR BOM JESUS DOS PASSOS

            A imagem de NOSSO SENHOR BOM JESUS DOS PASSOS foi doada pelo fundador da cidade e estava em nossa paróquia desde, pelo menos, 1857.

            Entre 1918 e 1928, esteve à frente da paróquia o Padre Joaquim Nonato Gomes. O padre e o sacristão Gonçalinho, não se sabe por qual motivo, foram os responsáveis pelo “enterro” do santo.

            A imagem foi recuperada e as chuvas retornaram acabando com uma longa estiagem.

            Depois de restaurada, a imagem de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos foi colocada na Capela de Nossa Senhora do Rosário.

            A notícia de uma imagem bonita e antiga, exposta em Piripiri, chamou a atenção do colecionador Josias Clarence Carneiro da Silva, que pagou (ao Frei Ivo) a insignificante quantia de cem cruzeiros. Vale lembrar que, no ano em que Frei Ivo deixou nossa paróquia  (1967), o salário mínimo  custava NCr$ 105,00 (cento e cinco cruzeiros novos).

            A imagem de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos foi levada para o “Museu Carneiro da Silva” e hoje se encontra exposta na Casa de Cultura, em Teresina-PI.

            Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos não foi o primeiro santo “enterrado” em nossa cidade.

O SANTO ANTÔNIO DE DONA RITINHA

            Piripiri, começo do Século XX, trabalhadores, a serviço de Domingos Coelho de Melo Rezende (Sr. Bugy),  retiravam pedras num terreno localizado na Praça da Bandeira, entre os nºs  167 e 191 (provavelmente onde está edificado o prédio da extinta Telepisa). As pedras seriam utilizadas na construção de algumas casas, entre elas, a do Sr. Bugy.

            Entre as pedras quebradas, uma chamou a atenção dos cavouqueiros. Preso ao fragmento, uma cabeça de santo. Muito se especulou sobre a cabeça encontrada, sendo, por fim, identificada e creditada a Santo Antônio.

            Mas o que fazia ali enterrada a cabeça de Santo Antônio. Teria sido vingança de alguma noiva desiludida?

            Passado o espanto, trataram logo de “aproveitar o achado”. A cabeça foi entregue a Dona Ritinha (Rita Rosa  de Araújo Rezende), esposa do Sr. Bugy, que mandou confeccionar um corpo para a cabeça do santo. 

            Dona Ritinha, admirada com o belo trabalho do artesão, expôs a imagem em casa, atraindo uma inesperada multidão de devotos. A cada milagre alcançado, os fiéis retribuíam a graça, ofertando dinheiro ou algum animal.

            Por sugestão de Dona Ritinha, o dinheiro ofertado e arrecadado com a venda dos animais foi  utilizado uma parte na restauração da igreja (construída em 1884, precisando ser reformada urgentemente) e outra na aquisição de uma nova imagem de Nossa Senhora dos Remédios, em substituição à primeira, que ficaria exposta na Capela de Nossa Senhora do Rosário.

            Em 1909, a nova imagem de Nossa Senhora dos Remédios (1,70 m) desembarca em Parnaíba e é conduzida em procissão contínua até Piripiri. O cortejo não parou em nenhum momento, nem durante a noite! Havia sempre um grupo  de fiéis esperando a sua vez de transportar a santa.

            A chegada de Nossa Senhora dos Remédios em Piripiri foi bastante comemorada. O povo estava feliz, o povo sabia que Nossa Senhora, a mãe de Nosso Senhor, também é a mãe do povo de Piripiri.

 

 Crédito textos, informações e imagens: Livros “Piripiri” e “O Padre Freitas de Piripiri” – Judith Santana; Memórias de Piripiri – Cléa Rezende Neves de Mello. Fotos: acervo próprio; acervo de Francisco Randolpho; facebook de Fernando Rezende Neves de Melo; Imagens escaneadas de páginas do Livro "O Padre Freitas de Piripiri", de Judith Santana. 



Festa das Cabacinhas

 

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa segunda-feira, 14 de janeiro de 2013, 01h40min.

A Festa das Cabacinhas (Festa da Capelinha)

            Em Lendas de Piripiri III, o leitor deste almanaque conheceu a incrível história de “O Galo da Apertada Hora”, que aterrorizava os fiéis de Nossa Senhora do Rosário. A procissão, em adoração a Nossa Senhora do Rosário, tinha como destino a Capela de Nossa Senhora dos Remédios. 

            A primeira Capela de Nossa Senhora dos Remédios (construída entre os anos de 1840 a 1844) situava-se no “meio” da Rua João de Freitas. Foi nessa capela que foi sepultado o corpo do Padre Freitas, em 1868. Essa capela foi demolida, construindo-se outra, em 1876, ao lado da casa do fundador de nossa cidade, na Rua João de Freitas. No local da primeira capela, foi erguido um monumento em homenagem ao Padre Domingos de Freitas e Silva. O monumento, com o tempo, tornou-se um empecilho para o trânsito e, por essa razão, foi demolido. 

            A segunda capela foi também demolida e, em seu lugar, ergueu-se uma nova capela em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, em 1940. 

            Foi, esse pequeno pedaço de rua chamado de “rua meia-sola”, o palco para as alegres e emocionantes “Festas das Cabacinhas”, um empolgante  festejo em honra a Nossa Senhora do Rosário e  que remonta à época da primeira Capela de Nossa Senhora dos Remédios, na Rua João de Freitas. 

            Nossa Senhora do Rosário era representada por bonita imagem (pertencente a Domingos Preto, proprietário, à época, da localidade Salgado). Domingos herdara a imagem de sua mãe, que também patrocinava a festa.

            Em certa ocasião, Dona Carola Freitas pedira a Domingos Preto para guardar a imagem da santa em sua casa. Domingos consentiu, mas “deixou bem claro” que se a mesma falecesse primeiro que ele (Domingos) a imagem retornaria ao seu poder. Há quem diga que houve uma transação entre Domingos Preto e um membro da família Freitas. Ao que se sabe, a imagem  ficou em poder da família de  Dona Carola Freitas e os herdeiros de Domingos Preto nunca questionaram sua posse.

            Nessas festividades (realizadas nos primeiros anos de Peripery), escolhia-se um rei e uma rainha (entre os negros). O escravo Salomão foi um dos primeiros reis. 

            Pulquéria (negra muito bonita) foi uma das últimas rainhas. A bela Pulquéria vivia na casa do Coronel Antonio Alves Ferreira (pai de Aderson Ferreira). Pulquéria era ama de Odilon (nascido em 1899).

            A Festa das Cabacinhas iniciava-se em setembro. A imagem de Nossa Senhora do Rosário saia peregrinando pelo interior de Peripery, nas fazendas e povoados vizinhos. Os negros entoavam benditos (orações).

            A peregrinação chegava ao Sítio Anajás no dia 27 de dezembro, onde a imagem era calorosamente recebida (ver lenda “O Galo da Apertada Hora”). Os fiéis seguiam em procissão à capela de Nossa Senhora dos Remédios. Os encarregados traziam cestas com ofertas: verduras, frutas, além de dinheiro e animais. Na tarde do dia 28, os devotos visitavam as principais casas da vila, cantando:

            À noite (do mesmo dia 28 de dezembro) começavam os festejos, terminando no dia 06 de janeiro (Dia de Reis). As nove noites de novena atraiam centenas de moradores da vila e região vizinha. Os leilões eram bastante concorridos. Os sacristãos da paróquia encarregavam-se de “gritar” o leilão. Bidoca Pinheiro era conhecido leiloeiro. Famoso por sua simpatia e pelo costume nada comum de quebrar um ovo cru e engolir a gema, para ter forças para anunciar as joias.

            O ponto forte da festa era a brincadeira das cabacinhas. Os jovens atiravam as cabacinhas nas pessoas. As cabacinhas eram preparadas pelas moças da cidade. Para confeccioná-las, usavam cera branca  e anilina azul. As cabacinhas, quando prontas, adquiriam a cor azul-esverdeada e eram “recheadas de água perfumada”.

            Alguns estudantes aprenderam a fabricar as cabacinhas, mas enchiam-nas de tinta sardinha (uma marca de tinta preta usada em canetas-tinteiro). Essa brincadeira dos estudantes causava aborrecimentos nas pessoas, que tinham as roupas manchadas de tinta preta. Acredita-se que esse tenha sido o motivo para o fim da brincadeira.

            E hoje, a Capelinha de Nossa Senhora dos Remédios não existe mais, não há mais a Festa das Cabacinhas... E a imagem de Nossa Senhora do Rosário? Segundo João Carlos Souza, até 1984, a imagem de Nossa Senhora do Rosário esteve aos cuidados de Dona Maria, esposa do Dr. Bandeira.

O que se sabe mesmo é que Piripiri perdeu a mais original de suas festas, a “Festa das Cabacinhas”.

Obs.: Segundo Monsenhor Chaves, em 1882, havia, em todo o Piauí, 21.691 escravos, sendo 203 em Piripiri.

Obs2.: A Festa das Cabacinhas (que em Piripiri terminava no Dia de Reis) ainda é comemorada em poucas cidades brasileiras, algumas com início no Dia de Reis.

 

Crédito textos, informações e imagens: Livros “Piripiri” e “O Padre Freitas de Piripiri” – Judith Santana; Memórias de Piripiri – Cléa Rezende Neves de Mello; Mons., Chaves – Obra Completa. Fotos colhidas em “blogdocatete.blogspot.com.br”; Piripiri – Banco do Nordeste do Brasil S.A.; Mercado Livre e Facebook de Fabiano Melo.



Lendas de Piripiri III

 

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa sexta-feira, 28 de dezembro de 2012, 20h52min.

            O Sítio Anajás foi, provisoriamente, a primeira morada do Padre Freitas. O lugar chamou a atenção do sacerdote que, aproveitando o potencial hídrico do local, instalou engenho de cana e aviamentos para a produção de farinha.

            O aprazível sítio, além de se tornar famoso pelo fabrico de aguardente, foi palco de duas curiosas lendas: "O Galo da Apertada Hora" e "O Crucifixo de Ouro".

O GALO DA APERTADA HORA

            Em tempos remotos, os negros (cativos e libertos) festejavam Nossa Senhora do Rosário, em alegre procissão, realizada todos os anos no dia 27 de dezembro. A imagem da santa saía do Sítio Anajás e o cortejo seguia em direção a Peripery.

            Em determinado ponto da antiga estrada, à margem de um pequeno morro, o caminho estreitava-se, tornando o percurso ainda mais difícil.

            Aquele pequeno trajeto era temido pelos moradores da região, que se programavam com antecedência para que a procissão passasse por aquela vereda ainda em dia claro. O medo era ainda maior se o dia 27 de dezembro coincidisse em uma sexta-feira.

            A razão para tanto medo era a crença em uma história fantástica. Acreditava-se que, no pedaço mais estreito da extinta estrada, conhecido como “Apertada Hora”, aparecia um galo encantado. O galo encapetado surgia nas noites dessas sextas-feiras.  A terrível ave poderia aparecer só ou acompanhada por sua companheira, uma valente galinha.

            Poucas pessoas escaparam dos ataques das macabras aves, que se atiravam com fúria sobre os desvalidos romeiros, usando seus enormes e pontiagudos esporões. O galo era o mais perverso, pois só parava os ataques quando a desamparada vítima falecia.

            Hoje, o caminho que passava pela “Apertada Hora” foi abandonado e está coberto pela vegetação. Não se fala mais no terrível galo e seus esporões fatais.

O CRUCIFIXO DE OURO DO PADRE FREITAS

            Daniel Rezende, bisneto de Júlio Rezende, conta que antigos moradores do Sítio Anajás acreditavam em aparições fantasmagóricas de um ser, que, supostamente, seria o espírito do Padre Freitas.

            Paralelamente a essas aparições, acreditava-se também que, em algum lugar do sítio, estaria enterrado um crucifixo de ouro, que pertencera ao Padre Freitas.

            Estariam essas supostas aparições do Padre Freitas relacionadas ao crucifixo enterrado. Seria uma botija? Isso, nunca saberemos.

            É sabido, no entanto, que o sacerdote possuíra um crucifixo de ouro, pois a joia está descrita em seu testamento, feito em cinco de novembro de 1862, seis anos antes de sua morte, em 26 de dezembro de 1868.

            Estará o tal crucifixo enterrado no sítio ou em poder de alguém da família? Esta é uma pergunta que dificilmente terá resposta.

 

→ Crédito: Informações extraídas dos livros: “Piripiri” e “O Padre Freitas de Piripiri”, ambos de Judith Santana e “Memórias de Piripiri”, de Cléa Rezende Neves de Mello; informações prestadas por Daniel Rezende. Fotos e Imagens: Arquivo pessoal. Obs.: A foto de Domingos de Freitas e Silva Júnior foi escaneada (e melhorada) do livro “O Padre Freitas de Piripiri”, de Judith Santana.



Lendas de Piripiri II

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa quarta-feira,  26 de dezembro de 2012, 12h13min.

            Entende-se por lenda qualquer narração que trate de histórias fantásticas, criadas a partir da imaginação popular e que não se pode comprovar sua autenticidade. Partindo deste princípio, a nossa sexta postagem, “Nossa Senhora de Furnas”, será considerada a primeira lenda publicada neste almanaque.

LENDA DE SANTO ANTÔNIO DA TOCAIA

            1932, o sertão nordestino padecia, vitimado por inclemente seca. Os mais velhos contam que, para os sertanejos não morrerem de fome, ralavam a raiz da mucunã, produzindo uma farinha “intragável” que teria de ser lavada em pelo menos “sete águas”, por causa de sua toxicidade. A vegetação morria, os rios secavam, o gado desaparecia, as pessoas faleciam, o sertão corria o risco de se acabar.

            Em meio há tanto sofrimento, um pequeno lugarejo, no interior do Piauí, resistia às intempéries da estiagem, graças à sua fé e perseverança. Os moradores da comunidade Tocaia conviviam estoicamente com o fraco inverno de 1932 e sabiam aproveitar o pouco que a natureza lhes oferecia.

            Foi, nesse cenário de penúria, que, no mês de junho de 1932, moradores desse povoado piripiriense, ouviram um som estranho e alto. O barulho era incompreensível naquela época, mas hoje, dizem se parecer com o de um avião voando baixo. Curiosas com o tal barulho, algumas pessoas se dirigiram ao local onde o ruído se fazia mais alto, agrupando-se no olho d’água que generosamente abastecia a comunidade. Para espanto geral, algumas pessoas avistaram a imagem de Santo Antonio no meio de um funil produzido pelas águas da fonte. Em razão de a aparição ter sido vista no mês de junho e a sua aparência lembrar Santo Antônio, os moradores passaram a creditar a imagem vista ao santo casamenteiro. 

            Dona Luiza, esposa de seu Moraes Barros, afirma que a primeira pessoa a avistar o santo foi Dona Nazaré (a Dona Naza).

            Antônio Silva, conhecido por Antonino, diz ter visto, por duas vezes, um vulto perfeito, parecido com Santo Antônio. Essa imagem do Santo teria aproximadamente vinte e cinco centímetros e estava dentro de um funil de diâmetro igual ou superior a trinta centímetros.

            Por ser o santo casamenteiro, o fundo do olho d’água (local das aparições) está repleto de alianças, cordões de ouros e outros objetos de valor, atirados à fonte como pagamento de promessas e graças alcançadas.

            Há cerca de cinco anos, um grupo de meninos, numa atitude desrespeitosa, entupiram o olho d’água, desdenhando dos “poderes” do Santo. Coincidentemente, a partir deste ato de vandalismo, mesmo após a limpeza do local, o Santo não mais apareceu. 

            O povoado Tocaia está situado entre as localidades Vertentes e Palmeiras dos Urquizas. Além da prática de agricultura e pecuária, a comunidade é conhecida por suas moagens, além de abrigar um povo alegre, hospitaleiro e religioso. 

→ Crédito: Informações prestadas por Dona Luiza (esposa de seu Moraes Barros); por seu Antônio Silva (Antonino) e outros moradores . Imagens: Arquivo pessoal e do Livro: "Tocaia - A espreita de um futuro - Mobral. Projeto 28, volume 07".

 

Obs.: A informação sobre o ano da 1ª  aparição (1932) foi colhida no livro: "Piripiri - PI. Zona Rural, Pauta Maior da Adm. Luiz Menezes".



Nossa Senhora de Furnas

 

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa quarta-feira, 05 de dezembro de 2012 , 23h52min.

            Acredita-se que a primeira aparição de Nossa Senhora tenha sido na França, em 1830, a uma jovem de 24 anos, que seria santificada com o nome de Santa Catarina Labouré. Foram diversas aparições de Nossa Senhora em todo o mundo, sendo a mais famosa a aparição de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, em 1917, presenciada por Lúcia, Jacinta e Francisco Marto.

            Essas aparições mexem com o imaginário popular, pois poucas pessoas são privilegiadas com essas visões.

 No município de Piripiri, há um povoado chamado Furnas. Seu nome se deve a um conjunto de três furnas existentes na região.

 Foi nas proximidades de uma dessas furnas, a da caverna dos morcegos, perto do “olho d’água do buracão”, situada a cerca de três quilômetros do povoado, que as crianças Francisca e Zilda viram, pela primeira vez, Nossa Senhora, sobre um toco seco.

            Segundo a catequista Cecília Costa, mais de quinze pessoas da localidade afirmaram ter visto a santa. A notícia espalhou-se rapidamente, tendo sido o fenômeno presenciado por diversos turistas, oriundos de diversas cidades piauienses e de outros estados, que diziam ver a imagem de Nossa Senhora.

            Rejane Maria Silva Oliveira, à época criança, em visita ao local, conta que ficara assustada com o clamor das pessoas que choravam emocionadas ao avistarem a santa.

            Espedito Nogueira relata que seu cunhado Belizário (já falecido), pessoa idônea e respeitada por todos no povoado, tinha o privilégio de ver a santa, todas as vezes que se dirigia ao local.

            Curiosamente, anos depois, o toco sumiu misteriosamente do lugar.

            Cerca de cinco anos depois, possivelmente em 1991, algumas romeiras, entre elas, a catequista Cecília Costa, reconheceram o toco, que, na ocasião, estava exposto na Igreja Matriz de Canindé. O grupo foi atrás de outros romeiros para anunciar a descoberta, mas quando retornaram, perceberam que o toco, mais uma vez, havia sumido. Uma senhora, que a tudo assistira, informou que uma pessoa, provavelmente da igreja, “carregara” o toco.

            Outro acontecimento infeliz foi um incêndio ocorrido no local, que destruiu objetos de madeira (pernas, cabeças, braços etc.) deixados como pagamentos de promessas a milagres atribuídos à Santa de Furnas.

            As aparições de Nossa Senhora em Furnas renderam dois romances (literatura de cordel), um feito pelo cearense Walfrido Gabriel Sousa (já falecido) que publicou “Aparição de Nossa Senhora em Furnas – Piripiri e o Toco Misterioso” e o romance publicado pelo piripiriense João de Sousa Sobrinho: “A Santa que apareceu em Furnas”.

            Infelizmente não tivemos acesso a nenhum desses romances.

            Há alguns anos, a casa do cordelista João de Sousa Sobrinho caiu, destruindo o último exemplar sobre a história da santa; desaparecendo, com o romance, informações mais precisas sobre o fenômeno, pois o poeta já não lembra de mais nada.

 

→ Crédito: Informações prestadas por Cecília Costa, Espedito Nogueira e Rejane Maria Silva Oliveira. Fotos – Arquivo pessoal. Informação sobre as aparições de Nossa Senhora das Graças e Nossa Senhora de Fátima: http://www.derradeirasgracas.com/2.%20Segunda%20P%C3%A1gina/Apari%C3%A7%C3%B5es%20de%20Nossa%20Senhora%20.htm



Piripiri – Cada amigo um irmão

 

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez num domingo, 02 de dezembro de 2012, 20h35min.

            Para o escritor Paulo Machado e outros historiadores, o norte piauiense era habitado por duas nações indígenas: os tremembés, que habitavam desde a região de Castelo do Piauí ao litoral e os tabajaras, presentes na região de São João da Fronteira.

            A palavra “Piripiri” é indígena. Assim formada: Piri = capim ou junco. Os índios duplicavam as palavras quando queriam indicar intensidade. Ex.: Panapaná – muitas borboletas (bando); Piripiri – muito capim ou juncal. 

            Palavra eufônica e de fácil pronúncia, Piripiri foi e continuará sendo fonte de inúmeras canções de amor. Nossa cidade é conhecida por ser endeusada por seus filhos e admirada pelos viajantes.

            Piripiri é a cidade piauiense mais recitada em belos versos, carregados de emoção e saudade.

            Cléa Rezende de Mello conta, em seu livro “Velhos Conterrâneos Luminosos”, que o Coronel Estêvão Rabelo (1845/1926) parodiando o poeta Casimiro de Abreu, improvisou a quadra:

“Todos cantam sua terra

Também vou cantar a minha

As aves da Fonte dos Matos

Cantam mais do que galinha.”

            Considerando-se uma ordem implícita, nossos artistas produziram lindas músicas em homenagem a esta bela cidade.

            Jorge Mello, em “Emoções do Marajá”, assim diz em relação ao nosso clima:

“Eu amos as noites de Piripiri, de Piripiri, de Piripiri

As tardes quentes de Piripiri, de Piripiri, de Piripiri...”

            Wagner Santos e João Cláudio Moreno, em “Piripiri”, explicam que a música é fruto da emoção:

            “Cantar é um dom que nasceu do coração e amar é a palavra mais doce que pode existir. Pois o meu cantar alegra toda multidão e eu canto cheio de emoção: “eu venho de Piripiri!”

            Raidon Portela, cearense de Tianguá, também se encantou por nossa cidade:

“Ai que saudade de Piripiri, não posso mais estar longe dali, sinto daquela saudade daquela cidade, sinto saudade do meu Piauí.”

            Os irmãos Gessiê e José Maria Viana descrevem nosso município:

            “Do Caldeirão, muitas riquezas naturais; Do recreio, a água é pura e satisfaz; Do Morro da Saudade, se vê o mundo...”

            Dom Felipe Benito Conduru Pacheco (1892/1972), bispo da Diocese de Parnaíba-PI, rendeu homenagem à nossa padroeira, na canção que mais emociona os piripirienses. ¿Quem nunca se pegou cantando: "Senhora dos Remédios, tão boa! Para honrar-te hoje estamos aqui. Lá do céu com amor abençoa o teu povo de Piripiri"

A mais famosa, um hino à nossa terra é a música “Piripiri”, de Paulo Diniz:

“Cana de canavial
Dá licença de chegar
Eu vim de Piripiri
Eu vim de Piripiri

Vim pra ver como é que é
O amor que existe aqui
Será que é como é
O amor de Piripiri?

Lá, não há distinção de cor
Lá, cada amigo é um irmão
Lá, galo canta é madrugada
Caminhante faz parada
Se apaixona pelo ar

Lá, vaga-lume enfeita as noites de amor
Lá, violeiro faz cantiga ao luar
Lá, sussurrando pela estrada
Ficou minha namorada
Uma lágrima a rolar

Eu vim de Piripiri
Eu vim de Piripiri
Eu vim de Piripiri,
de Piripiri, de Piripiri!”

            Sobre essa música, Jorge Mello diz que Paulo Diniz trabalhou na “Ceará Rádio Clube” e, como locutor esportivo, em suas idas a Teresina, parava sempre em Piripiri, apaixonando-se pela cidade. Jorge Mello, na época, era diretor musical da TV Ceará, onde comandava o programa “Gente que a gente gosta!”.

            Maria Eugênia Rezende, filha do saudoso Omar Rezende, relata que, há muitos anos, encontrou Paulo Diniz no Shopping Recife e, que em meio a uma descontraída conversa, Diniz se referiu ao compositor Jorge Mello como o autor do refrão “Eu vim de Piripiri”.

 

Crédito: Livro “Velhos Conterrâneos Luminosos” – Cléa Rezende Neves de Mello; Livro “As Trilhas da Morte” – Paulo Machado. Créditos músicas: Piripiri (Gessiê / Zé Maria Viana) – Mega Mix Studios; Piripiri (Wagner Santos / João Cláudio Moreno) – Somarj; Piripiri (Paulo Diniz) – Polydisc; Saudade de Piripiri (Raydon Portela) – Fábrica de Discos Rozenblit ltda – Passarela; Emoções do Marajá (Jorge Mello) – Terramarear. Fotos – Arquivo pessoal. Informação sobre Dom Felipe Conduru – Site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Felipe_Benito_Condur%C3%BA_Pacheco



Maria das Graças, a Santa de Piripiri

 

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez numa terça-feira,  27 de novembro de 2012, 19h44min. (Dia de Nossa Senhora das Graças, uma coincidência).

 

            Sempre que passava pela BR 343, nas proximidades da Polícia Rodoviária Federal, observava, com curiosidade, uma casinha que “exibia” em uma de suas paredes, a imagem de Nossa Senhora das Graças.

            O interesse pela história daquela casinha levou-me a perguntar a várias pessoas sobre o acidente ocorrido naquele local, há cerca de cinquenta anos.

            A total falta de informações das pessoas entrevistadas entristeceu-me, levando-me a “apelar” para a troca de informações prestadas pelos usuários do facebook. Fiz então, a foto da “capelinha” no dia 21, postando-a no dia 25 de setembro de 2012. Os comentários foram muitos e as informações desencontradas.  

            Anita Moraes relata que Maria das Graças e sua irmã vinham num ônibus da Marimbá, que capotou no local onde fica a casinha. Todos os passageiros foram levados para o Posto de Saúde em que o Dr. Bandeira era médico e o Sr. Onias (pai da Anita) o enfermeiro. O Sr. Onias e sua esposa, a parteira Odília fizeram a limpeza dos corpos. Algumas pessoas sobreviveram. Entre elas, a irmã de Maria das Graças, que foi levada para a casa de Dona Maria Cornélio (já falecida), mãe da Professora Nilsa Araújo.

            Os parentes da falecida levaram sua irmã, mas o corpo de Maria das Graças foi sepultado no Cemitério São Francisco.

            Uma pessoa, dentre muitas que alcançaram milagres, mandou fazer o túmulo em sua homenagem. Recentemente, o túmulo foi restaurado e, na troca dos azulejos, a placa com as datas de nascimento e falecimento foi quebrada em minúsculos pedaços, perdendo-se assim, importantes informações.

            Várias pessoas foram agraciadas com os milagres da jovem Maria das Graças, a Santa de Piripiri.

                                                               

 

Sobre a imagem acima: Reforma da "capelinha", em 09 de maio de 2015.

Foto de 25 de outubro de 2016.

→ Crédito: Informações prestadas por Anita Moraes; Imagens: Arquivo pessoal e no site da Cepimar: http://bancodedados.cepimar.org.br/bdpiaui/fotografias/fotografia_onarte.asp