Piripiri – Cada amigo um irmão

 

Por Evonaldo Andrade

 

Postado pela primeira vez num domingo, 02 de dezembro de 2012, 20h35min.

            Para o escritor Paulo Machado e outros historiadores, o norte piauiense era habitado por duas nações indígenas: os tremembés, que habitavam desde a região de Castelo do Piauí ao litoral e os tabajaras, presentes na região de São João da Fronteira.

            A palavra “Piripiri” é indígena. Assim formada: Piri = capim ou junco. Os índios duplicavam as palavras quando queriam indicar intensidade. Ex.: Panapaná – muitas borboletas (bando); Piripiri – muito capim ou juncal. 

            Palavra eufônica e de fácil pronúncia, Piripiri foi e continuará sendo fonte de inúmeras canções de amor. Nossa cidade é conhecida por ser endeusada por seus filhos e admirada pelos viajantes.

            Piripiri é a cidade piauiense mais recitada em belos versos, carregados de emoção e saudade.

            Cléa Rezende de Mello conta, em seu livro “Velhos Conterrâneos Luminosos”, que o Coronel Estêvão Rabelo (1845/1926) parodiando o poeta Casimiro de Abreu, improvisou a quadra:

“Todos cantam sua terra

Também vou cantar a minha

As aves da Fonte dos Matos

Cantam mais do que galinha.”

            Considerando-se uma ordem implícita, nossos artistas produziram lindas músicas em homenagem a esta bela cidade.

            Jorge Mello, em “Emoções do Marajá”, assim diz em relação ao nosso clima:

“Eu amos as noites de Piripiri, de Piripiri, de Piripiri

As tardes quentes de Piripiri, de Piripiri, de Piripiri...”

            Wagner Santos e João Cláudio Moreno, em “Piripiri”, explicam que a música é fruto da emoção:

            “Cantar é um dom que nasceu do coração e amar é a palavra mais doce que pode existir. Pois o meu cantar alegra toda multidão e eu canto cheio de emoção: “eu venho de Piripiri!”

            Raidon Portela, cearense de Tianguá, também se encantou por nossa cidade:

“Ai que saudade de Piripiri, não posso mais estar longe dali, sinto daquela saudade daquela cidade, sinto saudade do meu Piauí.”

            Os irmãos Gessiê e José Maria Viana descrevem nosso município:

            “Do Caldeirão, muitas riquezas naturais; Do recreio, a água é pura e satisfaz; Do Morro da Saudade, se vê o mundo...”

            Dom Felipe Benito Conduru Pacheco (1892/1972), bispo da Diocese de Parnaíba-PI, rendeu homenagem à nossa padroeira, na canção que mais emociona os piripirienses. ¿Quem nunca se pegou cantando: "Senhora dos Remédios, tão boa! Para honrar-te hoje estamos aqui. Lá do céu com amor abençoa o teu povo de Piripiri"

A mais famosa, um hino à nossa terra é a música “Piripiri”, de Paulo Diniz:

“Cana de canavial
Dá licença de chegar
Eu vim de Piripiri
Eu vim de Piripiri

Vim pra ver como é que é
O amor que existe aqui
Será que é como é
O amor de Piripiri?

Lá, não há distinção de cor
Lá, cada amigo é um irmão
Lá, galo canta é madrugada
Caminhante faz parada
Se apaixona pelo ar

Lá, vaga-lume enfeita as noites de amor
Lá, violeiro faz cantiga ao luar
Lá, sussurrando pela estrada
Ficou minha namorada
Uma lágrima a rolar

Eu vim de Piripiri
Eu vim de Piripiri
Eu vim de Piripiri,
de Piripiri, de Piripiri!”

            Sobre essa música, Jorge Mello diz que Paulo Diniz trabalhou na “Ceará Rádio Clube” e, como locutor esportivo, em suas idas a Teresina, parava sempre em Piripiri, apaixonando-se pela cidade. Jorge Mello, na época, era diretor musical da TV Ceará, onde comandava o programa “Gente que a gente gosta!”.

            Maria Eugênia Rezende, filha do saudoso Omar Rezende, relata que, há muitos anos, encontrou Paulo Diniz no Shopping Recife e, que em meio a uma descontraída conversa, Diniz se referiu ao compositor Jorge Mello como o autor do refrão “Eu vim de Piripiri”.

 

Crédito: Livro “Velhos Conterrâneos Luminosos” – Cléa Rezende Neves de Mello; Livro “As Trilhas da Morte” – Paulo Machado. Créditos músicas: Piripiri (Gessiê / Zé Maria Viana) – Mega Mix Studios; Piripiri (Wagner Santos / João Cláudio Moreno) – Somarj; Piripiri (Paulo Diniz) – Polydisc; Saudade de Piripiri (Raydon Portela) – Fábrica de Discos Rozenblit ltda – Passarela; Emoções do Marajá (Jorge Mello) – Terramarear. Fotos – Arquivo pessoal. Informação sobre Dom Felipe Conduru – Site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Felipe_Benito_Condur%C3%BA_Pacheco