A História da Família Silva

Por Evonaldo Andrade

A HISTÓRIA DA FAMÍLIA SILVA

   Era comum, no século passado, famílias inteiras se deslocarem de uma região para outra, à procura de melhores condições de sobrevivência.

   Piripiri, por ser bem localizada, era passagem “quase que obrigatória” dessa migração humana. O destino era o Estado do Maranhão, porém muitos retirantes ficaram por definitivo em nossa cidade.

   Um desses sertanejos foi o cearense Pedro Nonato da Silva que, na década de 40, sentiu-se atraído por nossa cidade.

   Pedro Nonato  conheceu Francisca Pereira da Silva, uma devota de São Francisco, por quem se enamorou e com quem se casou.

   Homem trabalhador, não escolhia serviço, onde se exigia um braço forte, ali estava Pedro: na construção do Açude Caldeirão, na ampliação e abertura de estradas carroçáveis...

   Pedro e Francisca tiveram cinco filhos: Francisco da Silva (o Laborão, falecido), Raimunda Nonata Silva, Maria da Luz Silva (a Maria Pereira, falecida), Francisca das Chagas Silva Santiago, Francisca da Silva Santos (falecida) e a caçula Francisca Maria Pereira da Silva (a Nana). Quase todos com o nome de “Francisco”, o santo de devoção de Dona Francisca.

   O último emprego de Pedro Nonato da Silva foi no DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem).

   No final do ano de 1957, começo do ano de 1958, Pedro estava em frente à sede do DNER, sentado na grade traseira de um caminhão, para mais uma jornada de trabalho. O motorista do caminhão, ao dar a partida, provocou um solavanco no veículo, ocasionando a queda parcial de Pedro, que ficou com uma perna enganchada na grade traseira do caminhão, sendo arrastado até o final da hoje “Avenida Raimundo Holanda”, a despeito dos gritos das pessoas que tentavam avisar o motorista.

   Por causa do terrível acidente, Pedro Nonato da Silva ficou com deformidades nas pernas e partes do corpo. Para se locomover, precisava colocar os dois braços para trás, jogar uma perna para a frente, arrastando a outra até emparelhá-las. Por causa desse andar diferente, um “amigo” (Antônio Severo) deu-lhe o apelido de “Laborão”, em alusão ao fardo que Pedro Nonato da Silva teve de suportar. Era um apelido cruel, por causa da situação de Pedro.

   Sua triste sina apenas começava. Por causa do acidente, Pedro perdeu o emprego. Sua esposa Francisca estava grávida de Francisca Maria (Nana). Para sobreviverem, tiveram de mendigar. Pedro para andar, amparava-se na esposa grávida.

   Apesar de entrar com o pedido de aposentadoria, o processo durou cerca de seis meses, por causa da burocracia de documentos constantemente enviados a  Fortaleza-CE. Pedro Nonato da Silva não teve o prazer de se aposentar, faleceu em dezembro de 1958. Sua caçula tinha então seis meses de vida. À viúva foi concedida a pensão por seu falecimento.

O único filho homem do casal: FRANCISCO DA SILVA (Laborão).

   Francisco da Silva herdou o apelido do pai: Laborão. Mas ao contrário do pai, Francisco não se incomodava com o apelido. Aos poucos, o apelido tornou-se mais conhecido que seu próprio nome.

   Francisco da Silva “Laborão” nasceu no dia em 09 de janeiro de 1947, nesta cidade de Piripiri-PI.

   Francisco foi uma criança igual a tantas de sua vizinhança, mas, por ser órfão de pai, teve de trabalhar cedo, para ajudar no sustento de sua família.

   O primeiro ofício de Laborão foi o de “carregador” de bagagens de viajantes. Francisco colocava pesadas malas de madeira sobre a cabeça, carregando-as até seu destino final (hotel ou a casa do viajante). Francisco ganhava alguns  trocados com o serviço, mas o seu sonho era ser engraxate, por isso, juntava o pouco dinheiro que ganhava  para comprar o material.

   Em 1957, aos dez anos, Laborão caçava passarinhos (pintassilgos, curiós, sabiás etc.) para vendê-los na estação ferroviária.

   Em 1966, aos dezenove anos, Francisco Laborão, depois de engraxar alguns anos no mercado público, começa sua função de engraxate na calçada do Bar do Restaurante de Dona Tereza, mãe do colunista Antônio Neto e que logo depois, no mesmo local, funcionaria o Bar do Sr. Dé (hoje, Pizzaria Julius); 

 

   Final da década de 60, começo da de 70, Laborão encontra um “dinheiro perdido” e resolve investir no ramo de vendas (candeeiros, cachimbos, colheres, bacias etc.) mercadorias que seriam vendidas no Estado do Maranhão. Com o sucesso do negócio, Francisco da Silva torna-se amigo de um dono de caminhão, comprando uma maior quantidade de objetos. Em Altos, só de uma vez, Laborão comprara 680 cestas. Foram tempos bons, mas Francisco gastara tudo em farras e em jogos.

   Sem estoque e sem dinheiro, Francisco da Silva volta a trabalhar de engraxate na calçada do Bar de seu Dé. O movimento maior era por conta da chegada do “Expresso de Luxo” e do “Marimbá” (o ônibus da Marimbá não tinha licença para estacionar na calçada do bar e, por isso, parava poucos metros à frente, ao lado dos degraus da Igreja Matriz). 

 

   Francisco da Silva recorda com nostalgia os engraxates anteriores e contemporâneos a ele: Otávio, Aparício, Adalberto, Danoca, Elias, Chagas Piau, Francisco Pebexu.

   Depois de mais de cinquenta anos trabalhando no ofício de engraxate, Francisco da Silva falece em 18 de janeiro de 2017. A certidão de óbito aponta as seguintes causas de sua morte: infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial sistêmica e obesidade mórbida.

 

Sobre a foto acima: Francisco da Silva e o Poeta Bené Martins.

 

 

Sobre as fotos acima: Os amigos Gerardo Carvalho e Francisco da Silva.

   Raimunda Nonata Silva, irmã de Francisco da Silva, conta que ele, Laborão, dizia ter tido um caso com uma mulher conhecida por “Tatá”, amiga de Raimunda Nonata Silva; que desse relacionamento nasceu uma filha, hoje com cerca de quarenta anos. A família não sabe o nome nem paradeiro dessa mulher.

 

Sobre a foto acima: Filha de Francisco da Silva, o Laborão.

Sobre a foto acima, Francisco da Silva (Laborão) torcedor ardoroso do futebol piripiriense e do 04 de Julho.

 

FRANCISCA MARIA PEREIRA DA SILVA – NANA

   Francisca Maria Pereira da Silva, mais conhecida por Nana, é a caçula do casal Pedro Nonato da Silva e Francisca Pereira da Silva. Nasceu em Piripiri-PI, no dia 17 de junho de 1958.

   Nana é uma pessoa simples, humilde e muito simpática. Casada com Francisco das Chagas Vitalino, Nana é lavradeira e dona de casa como tantas outras mulheres em nossa cidade. Porém, Nana nasceu com um bonito talento, é cantora e compõe suas próprias músicas.

   Nana conta que compôs inúmeras músicas, muitas delas por “encomenda”.

   Nana participou do 2º “Canta Piripiri”, conquistando o terceiro lugar com a música: “Meu bem, porque você foi embora”.

   Nana também participou de evento no dia mulher (Fórum de Mulheres Piripirienses), onde apresentou a música “Mulher Brasileira”, classificada em primeiro lugar.

   O hino da Paróquia “Sagrado Coração de Jesus”, do Bairro Prado, nesta cidade, é de sua autoria.

   Dona de uma voz limpa e agradável, Nana ganhou alguns prêmios em eventos em que se apresentou.

Sobre a foto acima: As irmãs Raimunda Nonata da Silva e Francisca Mari Pereira da Silva, a Nana

Conheça o talento de Nana em:

https://www.youtube.com/watch?v=Ambqviy7Gsw

Fonte de Pesquisa:

Informações prestadas: Francisca Maria Pereira da Silva (Nana); Raimunda Nonata da Silva e pelo próprio Francisco da Silva (Laborão) em conversa com Gerado furtado de Carvalho e Evonaldo Andrade, no dia 21 de agosto de 2015.

 Informações colhidas na Certidão de óbito expedida pelo Cartório do 1º Ofício do Registro Civil de Piripiri-PI, à fl. 238, termo nº 1438, do livro C-5.